Do Brasil 247 - 8 de Abril de 2013 às 11:19
Disposto a lutar até o fim para provar sua
inocência, deputado José Genoino (PT/SP) afirma que irá apresentar todos
os recursos possíveis e não descarta recorrer à Corte Interamericana de
Direitos Humanos; "julgamento foi uma pré-campanha pela condenação",
disse, em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar; parlamentar comentou
ainda a polêmica com o CQC: "Objetivo desse tipo de jornalismo não é a
informação, mas a execração"
247 – Determinado a "lutar até o fim" contra uma condenação que considera "injusta", o deputado federal José Genoino (PT-SP) fez uma série de críticas à Ação Penal 470, o julgamento do 'mensalão', durante entrevista concedida ao jornalista Kennedy Alencar, que foi ao ar na noite deste domingo no programa É Notícia, da RedeTV!. Na avaliação do petista, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a seis anos e 11 meses de prisão, o julgamento "foi um grande espetáculo impulsionado por setores da grande mídia sem dar espaço ao contraditório".
"Respeito e vou cumprir as decisões do Supremo, mas vou discutir até o fim. E a vida me mostra que a verdade, mais cedo ou mais tarde, prevalecerá", disse o deputado. Genoino acrescentou que é uma "sensação dura estar condenado e ser inocente", mas afirma que lutará contra essa injustiça, que "fez parte de uma construção que tem parte de fantasia, de fatos de campanha eleitoral e de outras pessoas que botam tudo na onda para criar o efeito manada", num julgamento "profundamente influenciado por uma campanha".
Questionado sobre o fato de ter presidido um PT que manteve relações próximas com Marcos Valério, apontado como operador do 'mensalão', o deputado garantiu que apenas "fazia política" e insistiu que não teve reuniões nem fez visitas ao publicitário mineiro. "Como presidente do PT, eu cuidava das alianças políticas, das alianças eleitorais. Eu não aceito ser condenado como criminoso por uma prática que eu não pratiquei", afirmou.
O parlamentar lembrou que não "teve uma prova" de que um deputado recebeu dinheiro em troca de voto e mostrou uma tabela da Receita Federal referente à Visanet, apresentada pelo consagrado jornalista Raimundo Pereira na edição de novembro da Revista Retrato do Brasil, que mostra "que todo aquele dinheiro da Visanet foi pago por eventos que ocorreram, promoções que aconteceram, veiculação de propaganda que não têm nada a ver com o PT", numa comprovação, segundo ele, de que não houve envolvimento de dinheiro público.
José Genoino não acredita que o PT tenha se corrompido no poder, como sugeriu o entrevistador, mas admitiu que deveria ter priorizado uma reforma política já em 2003 para garantir o financiamento público, proibindo a ação de empresas privadas e fidelidade partidária. Ele reafirmou que "não é verdade" que tenha havido corrupção por parte do PT no poder: "Ninguém comprou voto, não tem nenhuma prova e não houve uso de dinheiro público, está aqui o documento da Receita Federal".
Afirmando ao jornalista que tem um "compromisso radical com a democracia", o deputado do PT lembrou de episódios como sua prisão e a passagem pelo "pau-de-arara", durante o período da ditadura militar, e o fato de não ter "título de doutor", tudo em luta pela democracia. Apesar de se recusar a conversar sobre as formas de recurso que acionaria contra sua condenação, o parlamentar não disse que descarta recorrer à Corte Interamericana de Direitos Humanos. "Pretendo lutar em qualquer situação para defender que não pratiquei crimes", disse.
Polêmica com o CQC
Genoino disse ter "uma posição muito crítica em relação a esses programas de humor", numa referência ao CQC, da TV Bandeirantes, que recentemente entrevistou o deputado por meio de um garoto, que se passou por um admirador. "Eu faço questão de nem citar esse programa porque o humor que ataca a pessoa, que faz execração pública e até usa uma pessoa para criar uma situação de constrangimento é um fenômeno de intransigência".
Ele disse que se recusa a dar entrevistas para não legitimar esse tipo de programa e agradeceu à blogosfera pelo apoio concedido a ele no episódio. Um conselheiro do Ministério Público chegou a entrar com duas ações contra a atitude do humorístico (leia aqui).
Ele lembrou que quando se concede entrevista a um programa como o CQC, ela é "enfeitada", "colorida", recebe "adereços", e que por isso "não compensa". O petista disse que dá qualquer tipo de entrevista, seja dura ou não, mas desde que seja uma entrevista. "Eles têm o direito de estar lá, mas eu tenho o direito de não dar entrevista. Porque as perguntas são provocativas, as perguntas são de ataque, não têm o nível respeitoso de transmitir a informação". Segundo ele, "esse tipo de jornalismo não é para levar a informação, é para levar a execração".
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