Vitima de derrame, a dama
de ferro, como era conhecida Margareth Tatcher, faleceu neste dia 08 em Londres.
Seu legado político é bastante controverso. Amada e odiada,
era uma liderança incontestável da direita européia e foi defensora ferrenha do
neoliberalismo.
Foi premiê do
Reino Unido de 1979 a 1990 e sua obra
deixou males que se espalharam pelo mundo com rapidez: privação social, opressão
de sindicatos, confronto com opositores de forma dura e implacável, como no episódio da Guerra das Malvinas. Em resumo,
governou de modo tão conservador que seu próprio partido, o Partido Conservador!,
voltou-se contra ela e a retirou do poder.
Sua forma de ver a economia era voltada exclusivamente ao
protecionismo do capital. Gerou desemprego e queda da produção industrial na
Inglaterra mas nunca desamparou os banqueiros. Seu processo político de
privatizações e culto ao livre mercado
foi determinante para que alguns países, o Brasil inclusive, adotassem medidas conservadoras
drásticas e danosas.
Sobretudo no período de governo do PSDB, na figura de FHC, o
Brasil experimentou o remédio mais amargo que Tatcher criou: a economia foi
atirada no colo do mercado, empresas públicas tradicionais foram privatizadas
depois de saneadas com dinheiro público, o desemprego aumentou na proporção do
crescimento da dívida interna e externa, apesar da entrada de recursos da venda
de Estatais, a taxa básica de juros crescente era mantida para atender os
banqueiros e a população, ora, permanecia estagnada, pobre e sem perspectivas.
Passadas duas décadas desde a queda de Tatcher, depois que
parte do mundo ocidental abusou de venerar o livre mercado, vimos Nações de
joelhos implorando recursos ao FMI e tendo que, em troca, adotar medidas ainda
mais drásticas na área econômica, com corte de programas sociais e elevação da
taxa de juros. Os resultados foram desastrosos principalmente para os países menos desenvolvidos da América Latina.
Hoje, ao abandonar as teorias malucas do neoliberalismo, o
Brasil e parte importante do mundo capitalista descobriu nova fórmula de
crescimento: participação direta do Estado na economia com intervenções
pontuais e injeção de capitais. É hilário ler, por exemplo, como certos veículos
de comunicação resmungam sobre o déficit em conta corrente do governo, sobre
aumento das despesas de custeio e de pessoal. Reclamam que o governo gasta
muito ...
Mas não vemos xororô da midia fundamentalista quando o
governo dos EUA coloca, mensalmente, quase 90 bilhões de dólares na economia
com o objetivo de incentivar o consumo e a geração de emprego; não vemos os “analistas”
dizendo que é errado o Japão expandir sua base monetária em quase 1,5 trilhão
de dólares para fazer frente ao baixo crescimento.
Seria um escândalo a intervenção do governo do Brasil na economia
na época FHC, ditado pelas regras de austeridade da Dama de Ferro. Ou foi um escândalo manter a pobreza e a miséria
do jeito que estavam?
Felizmente, isso mudou.
E, por certo, as novas gerações de Primeiros Ministros do
Reino Unido aprenderam que tudo o que Margareth Tatcher produziu foi aumentar
ainda mais a diferença entre ricos e pobres. Lá e no resto do mundo neoliberal.
Ela morreu, e tomara que morra com ela a teoria da concentração de renda.
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