A agonia do Estadão
Paulo Nogueira
O Estadão está virtualmente morto.
Está cumprindo todas as excruciantes etapas da agonia dos jornais (e das revistas) na era da internet: demissões, demissões, demissões. Menos páginas, borderôs menores.
E futuro nenhum.
Pode ser que, em breve, o Estadão circule duas ou três vezes por semana, como está acontecendo com tantos jornais no mundo.
A Folha, em outras circunstâncias, vibraria. Na gestão Frias, um dos dogmas na Barão de Limeira era que apenas um jornal sobreviveria em São Paulo.
Semimorto o Estado, ficaria a Folha, portanto.
Mas os problemas da Folha são exatamente os do Estado. Pela extrema má gestão dos Mesquitas, eles apenas estão levando mais cedo o Estadão ao cemitério.
Lamento, evidentemente, cada emprego perdido por jornalistas que tiveram o azar de estar na hora errada na redação errada sob a administração errada derivada da família proprietária errada. (Os demitidos, importante que eles se lembrem disso, terão a oportunidade de respirar ares mais enriquecedores, sobretudo na mídia digital.)
Mas o jornal, em si, não deixará saudade.
Qual a contribuição do Estadão ao país?
O golpe de 1964, por exemplo. O Estadão, como o Globo, tem um currículo impecável quando se trata de abraçar causas ruins e misturar genuínos interesses privados com interesses públicos fajutos.
Ainda hoje, moribundo, gasta suas últimas reservas na defesa de um país em que o Estado (governo) deve servir de babá para uma minoria que, no poder, fez do Brasil um dos campeões mundiais em desigualdade.
Que colunista se salva? Quem oferece uma visão alternativa? Quem quer um país melhor, menos injusto?
Dora Kramer? Pausa para risada.
Os editorialistas mentalmente decrépitos que davam conselhos à Casa Branca mas jamais conseguiram cuidar do próprio quintal? Nova pausa.
Articulistas como Jabor? Pausa mais longa, porque é gargalhada.
O Estadão pertence a um mundo em decomposição, e cujo passamento não deixa ninguém triste.
Combateu o mau combate. Perdeu, e se vai. Poderia ter ido antes. Muitas árvores teriam sido poupadas.
Paulo Nogueira
O Estadão está virtualmente morto.
Está cumprindo todas as excruciantes etapas da agonia dos jornais (e das revistas) na era da internet: demissões, demissões, demissões. Menos páginas, borderôs menores.
E futuro nenhum.
Pode ser que, em breve, o Estadão circule duas ou três vezes por semana, como está acontecendo com tantos jornais no mundo.
A Folha, em outras circunstâncias, vibraria. Na gestão Frias, um dos dogmas na Barão de Limeira era que apenas um jornal sobreviveria em São Paulo.
Semimorto o Estado, ficaria a Folha, portanto.
Mas os problemas da Folha são exatamente os do Estado. Pela extrema má gestão dos Mesquitas, eles apenas estão levando mais cedo o Estadão ao cemitério.
Lamento, evidentemente, cada emprego perdido por jornalistas que tiveram o azar de estar na hora errada na redação errada sob a administração errada derivada da família proprietária errada. (Os demitidos, importante que eles se lembrem disso, terão a oportunidade de respirar ares mais enriquecedores, sobretudo na mídia digital.)
Mas o jornal, em si, não deixará saudade.
Qual a contribuição do Estadão ao país?
O golpe de 1964, por exemplo. O Estadão, como o Globo, tem um currículo impecável quando se trata de abraçar causas ruins e misturar genuínos interesses privados com interesses públicos fajutos.
Ainda hoje, moribundo, gasta suas últimas reservas na defesa de um país em que o Estado (governo) deve servir de babá para uma minoria que, no poder, fez do Brasil um dos campeões mundiais em desigualdade.
Que colunista se salva? Quem oferece uma visão alternativa? Quem quer um país melhor, menos injusto?
Dora Kramer? Pausa para risada.
Os editorialistas mentalmente decrépitos que davam conselhos à Casa Branca mas jamais conseguiram cuidar do próprio quintal? Nova pausa.
Articulistas como Jabor? Pausa mais longa, porque é gargalhada.
O Estadão pertence a um mundo em decomposição, e cujo passamento não deixa ninguém triste.
Combateu o mau combate. Perdeu, e se vai. Poderia ter ido antes. Muitas árvores teriam sido poupadas.
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