Do Blog do Cadu - sábado, 11 de maio de 2013
O coronel
Carlos Alberto Brilhante Ustra dirigiu o Destacamento de Operações
de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna do 2º
Exército em São Paulo (DOI-Codi/SP) – órgão de repressão da
ditadura civil-militar de 1964, entre os anos de 1970 e 1974. Em
depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV) negou que tivesse
cometido ou ordenado torturas e assassinatos. E o fez diante de
advogados de presos políticos torturados por ele e de Gilberto
Natalini (PV-SP), vereador e presidente da Comissão da Verdade da
cidade de São Paulo.
O que
dizer diante de tamanha cara de pau?
Essa é a
versão da direita sobre o golpe de 1964. suas palavras à CNV são
quase as mesmas que foram escritas por Roberto Marinho em editorial
de O Globo em 1984. Ustra e Marinho afirmaram que o golpe foi dado em
nome da democracia e da defesa da moralidade.
Se fosse
vivo, não seria surpresa se Roberto Marinho publicasse um novo
editorial defendendo Ustra e sua versão fantasiosa sobre aquele
terrível momento. Talvez com um título que lembrasse a chamada de
capa de 02 de abril de 1964 de O Globo. Nessa a chamada era “Ressurge
a democracia”, hoje poderia ser “em defesa da democracia”. Quem
sabe o filho do Roberto chamado João, não tenha pensado nisso.
O pior
disso tudo é que como o coronel reformado existem um sem número de
pessoas, que não viveram aquele período, inclusive, defendendo o
golpe de 1964. É comum ouvir que “no tempo dos militares é que
era bom”. Uma lástima.
Ustra
também afirmou que se lutava contra “terroristas que queriam o
comunismo no Brasil. Queriam transformar o país em uma nova Cuba”.
A ignorância nem sempre é uma benção. O Brasil nunca poderia ser
tornar uma “nova Cuba”. Os países são diferentes em tamanho,
cultura, história e potencial econômico. Mas há coisa lá que
seria bom que tivesse por aqui como o analfabetismo zero,ou nenhuma
criança dormindo na rua. Mas o debate não é Cuba, é o Brasil.
O país
sempre se construiu para beneficiar as elites. De aristocratas às
financeiras. Quando começou a se discutir reformas como a agrária e
a questionar o papel estadunidense no Brasil, veio o golpe. Sobre as
duas balelas encruadas nas cabeças de muita gente: defesa da
democracia e combate ao comunismo.
A CNV tem
que ir a fundo nas suas investigações. Toda a podridão que está
embaixo do tapete tem que vir à tona. Inclusive a participação da
“grande imprensa” no golpe de 1964. Dos setores privados também.
Não se trata de revanchismo e sim de revelação dos fatos.
Revanchismo seria se estivesse sendo defendido que figuras como Ustra
fossem postos em um pau de arara e sofresse o mesmo sofrimento que
causou a – ainda – não se sabe quantos.
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