sexta-feira, 24 de maio de 2013

O espectro do tautismo ronda a TV Globo


Neymar perseguido por "maria chuteira" na
nova novela da TV Globo: auto-referência e
circularidade

Wilson Ferreira, Do Cinegnose / Luis Nassiff Online
 
“A linguagem da TV Globo sempre abusou das metalinguagens como exercício de demonstração do seu poder tecnológico e financeiro: passar a maior parte do tempo transmitindo a sua própria transmissão. Porém, nessa semana percebemos a recorrência de um fenômeno novo, desde a notícia da morte de turistas brasileiros na Turquia. Um fenômeno que o pesquisador francês Lucien Sfez chama de “tautismo”: um processo de comunicação sem personagens que só leva em conta a si mesmo, resultando em uma situação simultânea de autismo e tautologia. Isso seria o resultado final de todo sistema complexo que começa a fechar-se em si mesmo, tornando-se cego ao ambiente externo. Sem conseguir estabelecer a diferença entre “dentro” e “fora”,“ficção” e “realidade”, o sistema torna-se autofágico. O tautismo poderia ser o sinal decisivo do fim da hegemonia da TV Globo?

Um fantasma ronda os corredores da TV Globo. É o espectro do tautismo. Esse neologismo criado pelo pesquisador francês Lucien Sfez através da combinação das palavras “tautologia” (do grego tauto, o mesmo) e “autismo” (autos, si mesmo) talvez nomeie uma estranha recorrência nesses últimos dias na programação da emissora.

Em um espaço de menos de uma semana em uma amostragem bem aleatória, encontrei uma repetição de eventos, sejam eles conteúdos de ficção ou não-ficção, onde sempre há um princípio de auto-referência.

O primeiro, a notícia de um acidente que resultou na queda de um balão com sete brasileiros feridos e três mortos na Capadócia, Turquia. Segundo depoimento de um casal, eles decidiram viajar depois que viram as imagens da Turquia na novela “Salve Jorge”. Embora a TV Globo tenha omitido essa informação dada por diversos portais de notícias, para os espectadores ficou nítida a coincidência entre o último capítulo da novela e o acidente 48 horas depois.”
 

Nenhum comentário: