Seguir os passos de JB vai levar o grupo todo à desmoralização.
No DCM
Sede do STF, em Brasília |
A única explicação para a ferocidade
com que Joaquim Barbosa vem lidando com qualquer coisa relativa aos
recursos do mensalão só pode repousar numa tentativa de apagar os
próprios rastros naquele que foi um dos piores momentos da história
judiciária nacional.
É como se ele acreditasse que mantendo as sentenças duríssimas os erros colossais como que desapareciam sob o tapete.
Mas não é bem assim. Ele não tem o poder de controlar as evidências que
foram se acumulando pós-veredito sobre o tortuoso trabalho do STF.
Poucos meses fizeram toda a diferença.
Desmontado o circo, desfeita a gritaria manipuladora e interessada, foi
ficando cada vez mais claro que o julgamento foi tragicômico.
O pior papel coube exatamente a Barbosa, que deu o tom vitriólico (e equivocado, como sabemos agora) do julgamento.
Ele teve seus minutos de glória como heroi da mídia. Chegou a ganhar
uma capa da Veja na qual era chamado – risos, por favor – de “menino que
mudou o Brasil”.
Ora, ele não mudou sequer o STF. Foi incapaz de impedir agressões
éticas elementares como as relações entre Fux e um escritório de
advocacia.
Foi incapaz ele próprio de estabelecer um padrão ético exemplar ao
fazer coisas como convidar – pagar — jornalistas para que dessem a sua
miserável visita à Costa Rica, da qual afinal nada restou de relevante,
um tom retumbante de excursão napoleônica.
Isso para não falar nos 90 000 gastos numa reforma de banheiros, por causa dos quais ele chamou um jornalista de “palhaço”.
Inepto para mudar o STF ele mudaria o Brasil?
Que ele já deixou de ser heroi para se converter no que é, uma figura lastimável pela mesquinharia e prepotência, está claro.
Para a posteridade ele aparecerá do jeito real, e não fantasiado de Batman ou Super-homem.
Mas o STF não precisa acompanhá-lo em sua louca cavalgada.
O plenário do Supremo, que examinará a pertinência dos recursos, está desde já na obrigação de deter Joaquim Barbosa.
Pelos erros, e pela severidade das penas físicas e morais, os réus têm que poder esgotar todas as formas de recursos.
Para a história, Joaquim Barbosa já é um caso perdido.
Mas os demais ministros não têm por que acompanhá-lo.
O Supremo tem que se erguer moralmente.
Meio século atrás, o Supremo era respeitado quase que nos limites da veneração.
O jornalista Carlos Castelo Branco, em seu livro sobre a renúncia de Jânio, lembra um episódio que mostra isso.
Corria o boato de que o ministro da Justiça de Jânio, Pedroso Horta, sairia do gabinete para se transferir para o Supremo.
Castelinho, que era assessor de imprensa de Jânio, perguntou a Horta sobre o boato.
“Não”, disse Horta. “Eu não tenho estatura moral para o Supremo.”
Uma frase dessas hoje pareceria, infelizmente, uma piada.
Paulo NogueiraNo DCM
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