- Publicado em Domingo, 01 Setembro 2013 12:34
- Escrito por Daniel Pearl
Por Altamiro Borges - Blog: Uma notinha bem curiosa foi publicada hoje (31) na coluna de Felipe Patury, da revista Época:
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“Foi uma cena pouco usual para um endereço tão chique como o da Rua Uruguai, 227, no Jardim América, em São Paulo. No último dia 26, um caminhão estacionou e recolheu bens arrestados da socialite Ana Paula Junqueira. A ordem judicial foi expedida a pedido do advogado Maurício Amato Filho, que representa a gráfica Flims. Essa empresa diz ter imprimido santinhos para Ana Paula, candidata a deputada pelo PV em 2010. A conta de R$ 58 mil não foi paga. Amato Filho recorreu à Justiça para arrestar a conta bancária de Ana Paula. Só encontrou R$ 298,15 em depósitos. Pediu, então, o arresto de bens. Levou obras de Daniel Senise, Nelson Leiner e Antonio Dias, dez cinzeiros, um gato de porcelana com a cabeça colada e até uma vela em formato de caveira. Procurada, ela não se manifestou”.
******
O jornalista das Organizações Globo só deixou escapar alguns detalhes sobre a caloteira – talvez por puro esquecimento. Em novembro de 2011, “o senador Aécio Neves e a socialite Ana Paula Junqueira foram fotografados saindo juntos de uma balada na noite de São Paulo. Os dois foram fotografados no banco de trás de um carro e tentaram fugir dos flashes dos paparazzi”, revelou a coluna de “celebridades” do UOL. Pouco antes, a socialite já havia sido uma das estrelas de um vídeo hilário da TV Folha. Reproduzo abaixo um artigo irônico que postei na ocasião:
*****
Quem são as “socialites” do vídeo?
O vídeo acima, produzido curiosamente pela TV Folha, causou impacto na internet. Os ativistas digitais se divertiram com as ideias “brilhantes” das socialites – com suas teses conspirativas, seu apoio à repressão na USP e sua visão colonizada sobre os EUA, entre outras babaquices. O vídeo despertou minha curiosidade para conhecer as senhoras que participaram desta reunião tão chique.
No encontro, que parecia tão espontâneo, nenhuma delas é inocente. Todas elas têm longa trajetória. A psicanalista Maria Cecília Parasmo, que coordenou a reunião do grupo de mulheres batizado de “Ação em Cidadania”, tem forte ligação com os tucanos de São Paulo. Já em 2002, ela organizou uma badalada recepção à Mônica Serra, esposa do candidato derrotado José Serra.
A jornalista Gisele Vitória, do portal Terra, fez um relato divertido daquele encontro:
*
A casa da psicanalista Maria Cecília Parasmo no Morumbi, em São Paulo, foi transformada num auditório. A bancada do bar de estilo tradicional na sala ganhou ares de palanque para uma platéia de 80 senhoras elegantes e cuidadosamente penteadas. Tudo preparado para a chegada da psicoterapeuta Monica Serra, mulher do candidato do governo à Presidência da República.
O objetivo: multiplicar votos para o tucano. Servidas com taças de prosecco e canapés de shitake, entre outros do Buffett Márcia Faccio, todas se apresentaram entre si. Eram socialites, médicas, psicanalistas, donas de escola, advogadas, decoradoras e esposas de empresários. A elas foi distribuída a letra do Hino Nacional, que não chegou a ser cantada.
*
Já Ana Paula Junqueira, uma das mais falantes na reunião da “Ação em Cidadania”, é bem conhecida nas colunas sociais, que vive bajulando a distinta senhora. Ela também é veterana na política. Dirigente da Liga das Mulheres Eleitoras do Brasil (Libra), ela já disputou três eleições para deputada federal, mas nunca conseguiu transformar a sua fortuna em votos e só colheu derrotas.
Segundo reportagem da Veja de abril de 2008, a socialite é uma expressão quase perfeita da elite nativa:
Não que Ana Paula seja perfeita, ao contrário. Dois defeitinhos ela assume: sonha em fazer carreira política (já se candidatou, em vão, duas vezes a deputada e pretende tentar de novo) e tem uma relação maleável com os fatos quando se trata da data do nascimento. "Às vezes a gente mente a idade, sim", diz, com seus 37 anos declarados. As intervenções estéticas também são tratadas em termos vagos. "Fiz uma lipozinha há muito tempo. E é claro que já coloquei Botox e já fiz preenchimento", resume.
"A rainha das amazonas"
Ana Paula já foi chamada pela revista Veja de “A rainha das amazonas”. Seu marido, o empresário sueco Johan Eliasch, dono do grupo Head, de materiais esportivos, e que tem uma fortuna calculada em 700 milhões de dólares, comprou 160 mil hectares de terra no Amazonas, um latifúndio “maior do que Londres”. O projeto, segundo a aduladora Veja, teria fins ecológicos.
Depois se descobriu a existência de uma madeireira no local. A compra foi, inclusive, motivo de investigação por crime ambiental. O empresário foi acusado pelo governo de explorar e transportar madeira nobre da floresta. Mesmo assim, Ana Paula Junqueira se apresenta como ecologista. No ano passado, ela se engajou de corpo e alma – e grana – na campanha de Marina Silva.
Numa entrevista à jornalista Cláudia Jordão, da revista IstoÉ, ela tentou explicar essa contradição:
*
Você acredita que, com tantos contatos no Brasil e no Exterior, pode agregar algo à candidatura de Marina Silva à Presidência?
Tenho certa humildade em relação a isso. Acho que ela é a grande estrela. Mas no que eu puder agregar e realmente acho que posso, no sentido de levá-la a pessoas que não sabem a mulher que ela é, vou fazer. Acho que posso fazer isso por ela. Para você governar um país, isso é muito importante. Não dá para ficar concentrada em uma só classe.
Você e Marina Silva fazem parte do mesmo partido, mas são de mundos completamente distintos. O que têm em comum?
Eu admiro muito a Marina Silva, pela própria história de vida que ela tem. Ela é uma mulher lutadora, honesta, que se preocupa com o outro. Apesar de a gente vir de mundos diferentes, temos algo em comum. Nosso ponto de encontro é a preocupação com o próximo, é o nosso ideal que é muito parecido. Além disso, a honestidade, o fato de querer ter um País sustentável, de querer ter um mundo sustentável. Nos preocupamos com o mundo, com o próximo.
A experiência de seu marido, de comprar uma madeireira e terras na Amazônia, não foi das melhores. Qual era o objetivo dele?
Ele comprou a área para proteger. Era e continua sendo o intuito dele. Apesar de ser algo muito complicado, o desejo dele é mostrar para a população local que isso é possível.
Se a intenção era preservar, por que seu marido comprou uma madeireira na região?
Não, a madeireira ficava dentro da terra. A madeireira veio com a compra das terras, entende? Inclusive, essa madeireira foi comprada de um fundo americano, não de um brasileiro. Ele comprou porque tinha um projeto ambiental. Ele é dono de uma empresa chamada Head, uma multinacional de produtos esportivos, e um dos principais segmentos dela é o de produtos voltados para a prática de esqui.
*
Outra madame que aparece no vídeo também é conhecida nos meios políticos. A advogada Raquel Alessandri integra a Liga das Mulheres Eleitoras e costuma promover jantares anuais no Jockey. Em 2005, por exemplo, ela comandou uma festa para 150 convidados, que homenageou a ex-senadora Heloísa Helena e Mônica Serra, segundo relato e fotos no sítio do Jockey. Já Márcia Kitz dirige a Associação Mulheres de Negócios e atua a quatro décadas no mercado financeiro.
Divulgue o Blog da Dilma: http://blogdadilma.com/
Blog da Dilma no Facebook: https://www.facebook.com/BlogDilmaRousseff
“Foi uma cena pouco usual para um endereço tão chique como o da Rua Uruguai, 227, no Jardim América, em São Paulo. No último dia 26, um caminhão estacionou e recolheu bens arrestados da socialite Ana Paula Junqueira. A ordem judicial foi expedida a pedido do advogado Maurício Amato Filho, que representa a gráfica Flims. Essa empresa diz ter imprimido santinhos para Ana Paula, candidata a deputada pelo PV em 2010. A conta de R$ 58 mil não foi paga. Amato Filho recorreu à Justiça para arrestar a conta bancária de Ana Paula. Só encontrou R$ 298,15 em depósitos. Pediu, então, o arresto de bens. Levou obras de Daniel Senise, Nelson Leiner e Antonio Dias, dez cinzeiros, um gato de porcelana com a cabeça colada e até uma vela em formato de caveira. Procurada, ela não se manifestou”.
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O jornalista das Organizações Globo só deixou escapar alguns detalhes sobre a caloteira – talvez por puro esquecimento. Em novembro de 2011, “o senador Aécio Neves e a socialite Ana Paula Junqueira foram fotografados saindo juntos de uma balada na noite de São Paulo. Os dois foram fotografados no banco de trás de um carro e tentaram fugir dos flashes dos paparazzi”, revelou a coluna de “celebridades” do UOL. Pouco antes, a socialite já havia sido uma das estrelas de um vídeo hilário da TV Folha. Reproduzo abaixo um artigo irônico que postei na ocasião:
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Quem são as “socialites” do vídeo?
O vídeo acima, produzido curiosamente pela TV Folha, causou impacto na internet. Os ativistas digitais se divertiram com as ideias “brilhantes” das socialites – com suas teses conspirativas, seu apoio à repressão na USP e sua visão colonizada sobre os EUA, entre outras babaquices. O vídeo despertou minha curiosidade para conhecer as senhoras que participaram desta reunião tão chique.
No encontro, que parecia tão espontâneo, nenhuma delas é inocente. Todas elas têm longa trajetória. A psicanalista Maria Cecília Parasmo, que coordenou a reunião do grupo de mulheres batizado de “Ação em Cidadania”, tem forte ligação com os tucanos de São Paulo. Já em 2002, ela organizou uma badalada recepção à Mônica Serra, esposa do candidato derrotado José Serra.
A jornalista Gisele Vitória, do portal Terra, fez um relato divertido daquele encontro:
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A casa da psicanalista Maria Cecília Parasmo no Morumbi, em São Paulo, foi transformada num auditório. A bancada do bar de estilo tradicional na sala ganhou ares de palanque para uma platéia de 80 senhoras elegantes e cuidadosamente penteadas. Tudo preparado para a chegada da psicoterapeuta Monica Serra, mulher do candidato do governo à Presidência da República.
O objetivo: multiplicar votos para o tucano. Servidas com taças de prosecco e canapés de shitake, entre outros do Buffett Márcia Faccio, todas se apresentaram entre si. Eram socialites, médicas, psicanalistas, donas de escola, advogadas, decoradoras e esposas de empresários. A elas foi distribuída a letra do Hino Nacional, que não chegou a ser cantada.
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Já Ana Paula Junqueira, uma das mais falantes na reunião da “Ação em Cidadania”, é bem conhecida nas colunas sociais, que vive bajulando a distinta senhora. Ela também é veterana na política. Dirigente da Liga das Mulheres Eleitoras do Brasil (Libra), ela já disputou três eleições para deputada federal, mas nunca conseguiu transformar a sua fortuna em votos e só colheu derrotas.
Segundo reportagem da Veja de abril de 2008, a socialite é uma expressão quase perfeita da elite nativa:
Não que Ana Paula seja perfeita, ao contrário. Dois defeitinhos ela assume: sonha em fazer carreira política (já se candidatou, em vão, duas vezes a deputada e pretende tentar de novo) e tem uma relação maleável com os fatos quando se trata da data do nascimento. "Às vezes a gente mente a idade, sim", diz, com seus 37 anos declarados. As intervenções estéticas também são tratadas em termos vagos. "Fiz uma lipozinha há muito tempo. E é claro que já coloquei Botox e já fiz preenchimento", resume.
"A rainha das amazonas"
Ana Paula já foi chamada pela revista Veja de “A rainha das amazonas”. Seu marido, o empresário sueco Johan Eliasch, dono do grupo Head, de materiais esportivos, e que tem uma fortuna calculada em 700 milhões de dólares, comprou 160 mil hectares de terra no Amazonas, um latifúndio “maior do que Londres”. O projeto, segundo a aduladora Veja, teria fins ecológicos.
Depois se descobriu a existência de uma madeireira no local. A compra foi, inclusive, motivo de investigação por crime ambiental. O empresário foi acusado pelo governo de explorar e transportar madeira nobre da floresta. Mesmo assim, Ana Paula Junqueira se apresenta como ecologista. No ano passado, ela se engajou de corpo e alma – e grana – na campanha de Marina Silva.
Numa entrevista à jornalista Cláudia Jordão, da revista IstoÉ, ela tentou explicar essa contradição:
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Você acredita que, com tantos contatos no Brasil e no Exterior, pode agregar algo à candidatura de Marina Silva à Presidência?
Tenho certa humildade em relação a isso. Acho que ela é a grande estrela. Mas no que eu puder agregar e realmente acho que posso, no sentido de levá-la a pessoas que não sabem a mulher que ela é, vou fazer. Acho que posso fazer isso por ela. Para você governar um país, isso é muito importante. Não dá para ficar concentrada em uma só classe.
Você e Marina Silva fazem parte do mesmo partido, mas são de mundos completamente distintos. O que têm em comum?
Eu admiro muito a Marina Silva, pela própria história de vida que ela tem. Ela é uma mulher lutadora, honesta, que se preocupa com o outro. Apesar de a gente vir de mundos diferentes, temos algo em comum. Nosso ponto de encontro é a preocupação com o próximo, é o nosso ideal que é muito parecido. Além disso, a honestidade, o fato de querer ter um País sustentável, de querer ter um mundo sustentável. Nos preocupamos com o mundo, com o próximo.
A experiência de seu marido, de comprar uma madeireira e terras na Amazônia, não foi das melhores. Qual era o objetivo dele?
Ele comprou a área para proteger. Era e continua sendo o intuito dele. Apesar de ser algo muito complicado, o desejo dele é mostrar para a população local que isso é possível.
Se a intenção era preservar, por que seu marido comprou uma madeireira na região?
Não, a madeireira ficava dentro da terra. A madeireira veio com a compra das terras, entende? Inclusive, essa madeireira foi comprada de um fundo americano, não de um brasileiro. Ele comprou porque tinha um projeto ambiental. Ele é dono de uma empresa chamada Head, uma multinacional de produtos esportivos, e um dos principais segmentos dela é o de produtos voltados para a prática de esqui.
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Outra madame que aparece no vídeo também é conhecida nos meios políticos. A advogada Raquel Alessandri integra a Liga das Mulheres Eleitoras e costuma promover jantares anuais no Jockey. Em 2005, por exemplo, ela comandou uma festa para 150 convidados, que homenageou a ex-senadora Heloísa Helena e Mônica Serra, segundo relato e fotos no sítio do Jockey. Já Márcia Kitz dirige a Associação Mulheres de Negócios e atua a quatro décadas no mercado financeiro.
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