Material cita o pagamento de taxa de
10% do valor arrecadado para a Unesco; Globo garante que todo dinheiro
vai direto para as contas da instituição
Um suposto documento publicado pelo site WikiLeaks,
famoso por divulgar materiais e informações confidenciais de governos e
empresas, registra uma investigação sobre o recebimento de verbas da
campanha Criança Esperança da Rede Globo pela Unesco (Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
O documento, de 15 de setembro de 2006, revela um telegrama que teria
sido enviado do escritório da Unesco em Paris, na França, para
Washington, capital dos EUA. O material relata uma solicitação de
reunião do então embaixador brasileiro na capital francesa, Luiz Filipe
de Macedo Soares, com lideranças da entidade da ONU para discutir
irregularidades ocorridas no escritório da Unesco em Brasília.
Um dos problemas a serem discutidos, mencionados no documento, seria a
manipulação do dinheiro movimentado pela campanha Criança Esperança, que
já teria levantado US$ 40 milhões (cerca de R$ 94,8 milhões) desde
1986. Segundo o texto, teriam sido repassados à Unesco 10% desse total,
por conta de uma “taxa de serviço”. O documento não faz referência
sobre o destino dos 90% do montante arrecadado, mas informa que um
terço do orçamento dos fundos extraorçamentais da Unesco (cerca de US$
124 milhões, ou R$ 291,4 milhões) tem origem do escritório de campo do
Brasil . No site oficial da campanha, a Rede Globo informa que “todo o
dinheiro arrecadado pela campanha é depositado diretamente na conta da
Unesco”.
Em uma nota divulgada no dia 8 de junho de 2011 para esclarecer rumores
sobre possíveis benefícios fiscais que a emissora teria com a campanha,
a Rede Globo informou que nenhuma doação do Criança Esperança passa
pela emissora. De acordo com dados da própria emissora, já foram
arrecadados mais de R$ 270 milhões até a última campanha.
Procurada pelo R7, a emissora carioca respondeu, em nota, que
“desconhece os documentos citados [do WikiLeaks]”, e informa que a
parceria com a Unesco, que não traz nenhuma cláusula referente a
pagamento de “taxa de serviço”, teve início apenas em 2004.
Leia a nota da Rede Globo na íntegra:
"A Globo desconhece os documentos citados. Mas esclarece que não
mantém parceria com a Unesco desde 1986, ano do lançamento do projeto
Criança Esperança. A parceira com a Unesco começou apenas em 2004. Neste
acordo, não existe qualquer cláusula prevendo pagamento de taxa de
administração. Todos os custos referentes à gestão e administração do
fundo Criança Esperança, a cargo da Unesco, são integralmente pagos pela
TV Globo com recursos próprios. Há 28 anos o Criança Esperança
contribui para a mobilização da sociedade brasileira para a garantia dos
direitos de crianças e jovens e já beneficiou mais de 4 milhões de
brasileiros."
No Justiceira de Esquerda
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