José
Luiz Alquéres, que foi presidente da multinacional francesa no Brasil, é citado
em documentos enviados por procuradores da Suíça ao Brasil; num deles,
recomenda que a empresa use os serviços do lobista Arthur Gomes Teixeira,
apontado como pagador de propinas pelo MP; numa mensagem interna, transmite aos
chefes na França a informação que a Alstom cresceria no Brasil. "Temos um
longo histórico de cooperação com as autoridades do Estado de São Paulo, onde
fica localizada nossa planta", escreveu. "O novo prefeito
recém-eleito participa das negociações que vão nos permitir a reabertura da
Mafersa como Alstom Lapa. O atual governador também participa", disse ele,
referindo-se a José Serra e Geraldo Alckmin; com Alquéres e os contratos em São
Paulo, Alstom cresceu como um foguete
O escândalo da Alstom, empresa investigada pelo pagamento de propinas em projetos ligados aos trens e ao metrô de São Paulo, continua se aproximando perigosamente da cúpula do PSDB de São Paulo. Nesta quinta, reportagem dos jornalistas Fausto Macedo e Ricardo Chapola, do Estado de S. Paulo (leia aqui), coloca o caso na antesala do Palácio dos Bandeirantes.
Desta
vez, o personagem central é José Luiz Alquéres, que foi presidente da filial da
Alstom no Brasil e também ex-presidente da Eletrobrás, no governo FHC.
Documentos enviados por promotores da Suíça ao Brasil indicam que ele pode ser
peça chave no pagamento de propinas a dirigentes tucanos. Em 18 de novembro de
2004, ele "recomenda enfaticamente" a diretores da empresa na França
que contratem o consultor Arthur Gomes Teixeira, personagem apontado pelo
Ministério Público como lobista e pagador de propinas entre 1998 e 2003 a
personagens ligados ao PSDB.
No
período em que comandou a Alstom, Alquéres sempre fez questão de destacar seu
bom relacionamento com a cúpula tucana. "Temos um longo histórico de
cooperação com as autoridades do Estado de São Paulo, onde fica localizada
nossa planta", escreveu. "O novo prefeito recém-eleito participa das
negociações que vão nos permitir a reabertura da Mafersa como Alstom Lapa. O
atual governador também participa." O prefeito recém-eleito era José Serra
e o governador, Geraldo Alckmin.
De
acordo com a reportagem do Estado de S. Paulo, em 2004, a Alstom Lapa
"claudicava". "Com uma carteira minguada de contratos públicos e
reduzidos investimentos, aquele setor da empresa, na zona oeste da capital,
esteve na iminência de cerrar as portas", diz o texto.
A
reversão veio com contratos assinados com a Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos e com o Metrô. "Tais projetos representam um total de cerca
de 250 milhões de euros", dizia Alquéres na sua comunicação com a França.
"Nesse período de mudanças sofremos duas grandes derrotas em leilões
públicos, coisa que não ocorria há anos. Mas ainda podemos ter sucesso nos 4
projetos que o Estado de São Paulo vai negociar ou leiloar nas próximas
semanas."
Ele
então cita os "amigos" que tinha nos governos tucanos. "O
processo está avançando, começo a receber mensagens de parceiros em potencial,
e, principalmente, dos amigos políticos do governo que apoiei pessoalmente. A
Alstom deve estar presente, como no passado."
Esses
emails fazem parte do processo que envolve João Roberto Zaniboni, ex-diretor da
CPTM, acusado de receber propinas de US$ 836 mil. As mensagens indicam
claramente que o apoio de Alquéres, no entanto, não se restringia aos escalões
inferiores do governo paulista. Muitas delas foram enviadas para Philippe
Mellier, presidente mundial da Alstom, e assim foram classificados pelos
promotores suíçios: "E-mail Alquéres para Mellier de 18 de novembro de
2004, com possíveis indícios de atos de corrupção no contexto de projetos de
transporte no Brasil".
Segundo
o governador Alckmin, os contatos com Alquéres foram institucionais e visavam
atrair empregos para o estado de S. Paulo.
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