A ombudsman da Folha de S. Paulo escreveu neste domingo (27) sobre a
contratação do colunista Reinaldo Azevedo da revista Veja pelo seu
jornal. A celebração de boas-vindas não foi tão carinhosa: “A Folha
anunciou a contratação de um rottweiler. O feroz Reinaldo Azevedo
estreou disparando contra os que protestam nas ruas, contra
PT/PSDB/PSOL, o Facebook, o ministro Luiz Fux e sobrou ainda para os
defensores dos animais”, diz Suzana.
Azevedo se tornou um representante da direita ranheta, aquela que late,
mas não morde. E por isso sua contratação pode ser um sinal de que o
periódico dos Frias vai tentar sobreviver mais uns anos às custas do
leitorado conservador. Nada muito mais do que isso, até porque a Folha
de hoje é apenas um espectro do que foi nos anos 80, 90 e início dos
anos 2000, quando de fato tinha alguma influência na opinião pública.
A questão é que como afirma a própria ombudsman, como manter o nível
dos debates e trazer argumentos e fatos, e não apenas latidos
esbravejadores ao debate político?
Contratar “opinadores” é mais barato do que investir em equipes de
reportagem, mas será que ter 102 colunistas, como registrou Singer, não
é um pouco demais da conta? Sendo que boa parte desses colunistas tem
repetido as mesmas ideias, com raras exceções, como a de Janio de
Freitas?
Num momento como o atual, de imensa transformação no cenário midiático,
este seria o debate relevante a ser feito pelos veículos de
comunicação. Mas pelo jeito o osso é outro. E a coisa descambou para
conversa de canil.
Reinaldo Azevedo ficou furioso de ser “chamado de cachorro” e foi para o
ataque dizendo que ao fazer isso Suzana Singer adere a “correntes da
Internet politicamente orientadas que obedecem a um comando, que têm a
sua origem em sites e blogs financiados com dinheiro público, para
difamar desafetos”.
Dessa vez eu tô com o Reinaldão. Ele está longe de ser um canino, mas
se fosse, nunca poderia ser comparado a um rottweiler. Acho-o muito
mais parecido com um pequinês, aquele cachorrinho mala que todas as
mães chatas dos meus amigos tinham nos anos 80. O cachorro além de ter
um odor terrível, latia sem parar. Latia, latia, latia, mas bastava
bater o pé, que ele latia e saia correndo.
Como muita gente já nem sabe mais o que é um pequinês, porque a raça
praticamente foi extinta, talvez seja melhor comparar aquele que a
nossa ombudsman praticamente chama de cãolunista ao simpático poodle.
Seus latidos (claro que estou usando a palavra no sentido figurado) não
são para valer.
Renato Rovai
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