Volta do blogueiro de Veja à Folha de S.Paulo, onde já atuou como
editor-adjunto de política, "suscitou reações fortes" e mostrou que, da
parte dos leitores, "poucos se manifestaram a favor de Reinaldo",
segundo Suzana Singer; com o anúncio de novos colunistas pelo jornal,
espera-se, diz ela, "garantir um bom nível de 'conversa'" na internet e,
no impresso, "mais substância, menos espuma"; Reinaldo Azevedo já
respondeu, comparando a ombudsman aos nazistas - "Suzana decidiu, como
os nazistas, meter um triângulo amarelo em mim" - e de "heroína da Al
Qaeda eletrônica"; "Esperava, sim, uma reação agressiva, mas não achei
que Suzana chegasse a tanto", lamenta; crise na Folha
247 - Ao comentar a chegada de novos colunistas na Folha de S.Paulo, a
ombudsman Suzana Singer chama o blogueiro de Veja Reinaldo Azevedo de
"rottweiler" e relata, em sua coluna
deste domingo, que, da parte dos leitores, "poucos se manifestaram a
favor de Reinaldo". Suzana Singer defende agora, com o novo time de
debatedores, "um bom nível de 'conversa'" no jornal, e não apenas a
importação da "selvageria que impera no ambiente conflagrado da
internet".
Reinaldo Azevedo já respondeu
Suzana em seu blog. No texto, a compara aos nazistas e diz que ela
"será a heroína da Al Qaeda eletrônica". "A tática é antiga: desumanize
aquela que considera adversário; trate-o como coisa ou bicho feroz, e aí
fica mais fácil atacá-lo ou defender a sua eliminação", escreve.
Reinaldo lamenta ainda as críticas da omdusman: "Esperava, sim, uma
reação agressiva, mas não achei que Suzana chegasse a tanto".
Leia abaixo as duas colunas:
Arena de debates - Suzana Singer
Na semana em que o assunto foram os simpáticos beagles, a Folha anunciou
a contratação de um rottweiler. O feroz Reinaldo Azevedo estreou
disparando contra os que protestam nas ruas, contra PT/PSDB/PSOL, o
Facebook, o ministro Luiz Fux e sobrou ainda para os defensores dos
animais.
A coluna publicada anteontem não destoa do que Reinaldo vem defendendo
em seu blog no site da "Veja" nos últimos sete anos. "Eu sou mesmo um
reacionário à moda antiga", escreveu o jornalista na quarta-feira,
emendando que é "humanista e cristão", contra o aborto e contra a pena
de morte. Dá para deduzir o que ele pensa dos governos Lula e Dilma pelo
título do seu livro "O País dos Petralhas", uma corruptela de petistas e
irmãos Metralha.
Sua volta à Folha, onde já havia trabalhado como editor-adjunto de
política, suscitou reações fortes. O leitorado mais progressista viu a
chegada do colunista como o coroamento de uma "guinada conservadora" do
jornal. "Trata-se de uma pessoa que dissemina o ódio e não contribui com
opiniões construtivas", escreveu a socióloga Mariana Souza, 35.
Poucos se manifestaram a favor de Reinaldo, mas isso não significa que
não exista uma parcela considerável que esteja comemorando a sua vinda,
já que ao ombudsman costumam recorrer os insatisfeitos. Ana Lúcia
Konarzewski, 61, funcionária aposentada do IBGE, afirma que vai voltar a
assinar o jornal por causa do novo colunista. "Não aguentava mais tanta
gente defendendo o governo", disse.
A contratação de Reinaldo é coerente com o "saco de gatos" da Folha, que
dá abrigo à ambientalista Marina Silva e à defensora do agronegócio
Kátia Abreu, a dois filósofos tão díspares quanto Luiz Felipe Pondé e
Vladimir Safatle, à contundente Barbara Gancia e ao delicado Antonio
Prata.
Os novos nomes -além de Reinaldo, escreverão, no caderno "Poder", o
geógrafo Demétrio Magnoli e o jornalista Ricardo Melo- vão engrossar o
já extenso plantel de colunistas do jornal. São hoje 102, provavelmente
um recorde mundial.
Não dá para fazer um censo ideológico de tanta gente. Do novo trio,
Demétrio é também crítico entusiasmado do PT. Em sua estreia ontem,
negou a tarja de direita e acusou os "lulo-petistas" de serem
"conservadores, corporativistas e racialistas". Ricardo Melo, que foi um
dirigente estudantil trotskista, deve fazer o contrapeso à esquerda.
A Secretaria de Redação diz que "o jornal não pensa em colunistas em
termos de esquerda e direita, mas no que eles têm de original para dizer
aos leitores e como podem reforçar o pluralismo da Folha".
No atual momento da mídia, em que boa parte do noticiário está de graça
na internet e no qual falta dinheiro para expandir as equipes de
reportagem, aumentar o espaço destinado à opinião tem sido uma forma de
tentar diferenciar-se.
Com o movimento da semana passada, a Folha almeja tornar-se a principal
arena de debate político em 2014, ano de campanha eleitoral. Para que o
leitor seja de fato beneficiado por isso, será preciso garantir um bom
nível de "conversa", à altura do que escrevem Janio de Freitas e Elio
Gaspari, colunistas do mesmo espaço.
No impresso, espera-se mais argumento e menos estridência. Mais
substância, menos espuma. Do contrário, a Folha estará apenas fazendo
barulho e importando a selvageria que impera no ambiente conflagrado da
internet.
Ombudsman da Folha me chama de cachorro. E defende que se assegure "um bom nível de conversa" no jornal. Entendo...
Suzana Singer, ombudsman da Folha, me chama de cachorro, de rottweiler,
em sua coluna deste domingo. Escreveu logo no primeiro parágrafo:
"Na semana em que o assunto foram os simpáticos beagles, a Folha
anunciou a contratação de um rottweiler. O feroz Reinaldo Azevedo
estreou disparando contra os que protestam nas ruas, contra
PT/PSDB/PSOL, o Facebook, o ministro Luiz Fux e sobrou ainda para os
defensores dos animais."
Ela se diz preocupada com o "nível da conversa" no jornal e dá um
exemplo de sua superioridade argumentativa e retórica. Quem quiser lhe
mandar uma mensagem parabenizando-a pelo requinte pode clicar aqui
(endereço eletrônico tornado público pela Folha)
Talvez eu lhe dispense algumas linhas na coluna de sexta, não sei — num
único texto por semana, talvez tenha de deixa-la pra lá. No blog, não
tenho limite de espaço e posso ser generoso com ela. Responder na mesma
moeda? Pra quê? Suzana decidiu, como os nazistas, meter um triângulo
amarelo em mim. Se bem que, fiel ao código de cores dos campos de
concentração, o triângulo deveria ser, então, vermelho, que era aquele
dispensado aos inimigos ideológicos — eventualmente, o púrpura serviria.
Como sabem todas as pessoas com as quais falei sobre a coluna de
estreia, antevi o texto da ombudsman, cantei a bola. Suzana é um caso de
esfinge sem segredos. Em tempos em que cachorros são tratados com mais
cerimônia do que pessoas, ser associado a um cão não deve ser tomado
como ofensa. É bem verdade que a ombudsman deixa claro: há uma diferença
entre Reinaldo Azevedo e os beagles — uma só. Estes são simpáticos; eu
sou "feroz". É... Eu, na condição de cachorro, não sou fofo.
Duvido que algum colunista, jornalista ou colaborador da Folha tenha
sido antes chamado de cachorro por um ombudsman ou por qualquer outro
profissional do jornal. Suzana será a heroína da Al Qaeda eletrônica. A
tática é antiga: desumanize aquela que considera adversário; trate-o
como coisa ou bicho feroz, e aí fica mais fácil atacá-lo ou defender a
sua eliminação.
Não sou bobo. Esperava, sim, uma reação agressiva, mas não achei que
Suzana chegasse a tanto. O vocabulário espanta, mas a qualidade
intelectual da crítica não me surpreende. Voltem lá. Segundo a
ombudsman, "o feroz Reinaldo Azevedo estreou disparando contra os que
protestam nas ruas, contra PT/PSDB/PSOL, o Facebook, o ministro Luiz Fux
e sobrou ainda para os defensores dos animais."
Meu texto, para quem não leu, está aqui. E quem leu sabe:
a: não disparei contra quem protesta, mas contra quem pratica atos
violentos; isso é ser feroz? Aliás, Suzana, tome mais cuidado com as
metáforas: cão não dispara. Se você tivesse escrito "latiu contra", seu
texto continuaria com o mesmo grau de elegância, mas haveria coerência
na cadeia alegórica. É uma dica de estilo de um rottweiler.
b: minha restrição ao PT foi precisa: critiquei o partido por atacar
sistematicamente as instituições, inclusive a imprensa livre; isso é ser
feroz?;
c: minha restrição ao PSDB foi precisa: critiquei o partido por não ter
construído valores alternativos aos do petismo; isso é ser feroz?;
d: minha restrição ao PSOL foi precisa; critiquei o partido por usar os
professores em favor de sua agenda supostamente revolucionária; isso é
ser feroz?;
e: minha restrição a Luiz Fux foi precisa: critiquei o ministro por ter
transformado o STF em alçada da Justiça Trabalhista e concedido uma
absurda liminar; isso é ser feroz?;
f: nem cheguei a criticar o Facebook; apenas neguei que a revolta egípcia tenha sido determinada por ele; isso é ser feroz?;
g: não ataquei os defensores dos animais, mas aqueles que invadiram um laboratório, numa ação obscurantista;
h: também critiquei, ela esqueceu de citar, o Congresso, que tende a
acabar com todas as votações secretas (não apenas a de cassação de
mantados, o que apoio) e os defensores do financiamento público de
campanha.
Digam-me: ainda que ela escrevesse a verdade, seria proibido, para
recorrer à metáfora belicosa de Suzana, "disparar" contra o PT, o PSDB, o
PSOL, o Fux, o Facebook, os defensores dos animais etc? Critiquei, sim,
Suzana, humanos e atos humanos, mas não precisei desumanizar ninguém
para facilitar a minha tarefa.
Suzana adere a correntes da Internet que são politicamente orientadas,
que obedecem a um comando, que têm a sua origem em sites e blogs
financiados com dinheiro público, para difamar desafetos. Na Folha, no
meu blog ou em qualquer lugar, escrevo o que penso. Não é o dinheiro dos
pobres, que teriam um fim mais nobre se aplicado em saúde e educação,
que financia a minha opinião.
Nada de espuma, Suzana! Faço um convite
Suzana escreve:
"No impresso, espera-se mais argumento e menos estridência. Mais
substância, menos espuma. Do contrário, a Folha estará apenas fazendo
barulho e importando a selvageria que impera no ambiente conflagrado da
internet."
Eu aceito um debate público com Suzana — fica aqui não um desafio, mas
um convite — sobre cada um dos temas acima. Até porque parece haver
opiniões minhas sobre outros assuntos que a angustiam. Eis o segundo
parágrafo de sua coluna (em vermelho):
"Eu sou mesmo um reacionário à moda antiga", escreveu o jornalista na
quarta-feira, emendando que é "humanista e cristão", contra o aborto e
contra a pena de morte. Dá para deduzir o que ele pensa dos governos
Lula e Dilma pelo título do seu livro "O País dos Petralhas", uma
corruptela de petistas e irmãos Metralha.
Suzana, Suzana...
Tentarei ser didático. Quando alguém escreve "sou um reacionário à moda
antiga", está fazendo uma ironia porque, dada a origem da palavra e dado
o conceito político, o "reacionário" já está voltado, de algum modo,
para o passado; sua postura é, necessariamente, restauracionista. Assim,
ele já é, por definição, alguém "à moda antiga". Se um autor se diz
"reacionário à moda antiga", pode estar querendo fazer um espécie de
gracejo; pode estar querendo, Suzana, apontar que os valores estão de
tal sorte de ponta-cabeça que a defesa da vida humana vira coisa de
"reacionários". Não dá para desenhar. De resto, pare de imaginar o
conteúdo dos livros. Havendo tempo, leia-os. Ou não comente. E
"petralha" não é um corruptela — corruptela é outra coisa.
O texto a que Suzana alude está aqui. Reproduzo o trecho de onde ela
extraiu umas poucas palavras. Constatem a minha "ferocidade".
(...)
Pois é, meus caros... Eu sou mesmo um reacionário à moda antiga. Eu
ainda considero o ser humano uma espécie superior a todas as outras. Se
eu fosse apenas um humanista, e acho que sou também, pensaria assim.
Como me considero humanista e cristão, ainda acredito que somos também a
morada do espírito de Deus. "Que nojo, Reinaldo! Eu prefiro os
beagles." Tudo bem.
Sou, assim, esse lixo que não aceita a pena de morte, mas também não
aceita o aborto. Sou, assim, esse lixo que recusa que embriões humanos
sejam tratados como coisa — porque se abre a vereda para a coisificação
do próprio homem. Repudio de maneira absoluta certa estupidez que anda
por aí, segundo a qual uma hierarquia entre espécies seria mera questão
de valor. No fim das contas, dizem, somos todos formados de aglomerados
muito semelhantes. Teses assim ecoam os piores totalitarismos.
(...)
Para quem sabe do que se trata, estou falando de outro Singer, o Peter.
Suzana não tem tempo para essas coisas. Espero que não tente meter em
mim, também, o triângulo púrpura, destinado aos cristãos. Escreve ela
(em vermelho):
Sua volta à Folha, onde já havia trabalhado como editor-adjunto de
política, suscitou reações fortes. O leitorado mais progressista viu a
chegada do colunista como o coroamento de uma "guinada conservadora" do
jornal. "Trata-se de uma pessoa que dissemina o ódio e não contribui com
opiniões construtivas", escreveu a socióloga Mariana Souza, 35.
Poucos se manifestaram a favor de Reinaldo, mas isso não significa que
não exista uma parcela considerável que esteja comemorando a sua vinda,
já que ao ombudsman costumam recorrer os insatisfeitos. Ana Lúcia
Konarzewski, 61, funcionária aposentada do IBGE, afirma que vai voltar a
assinar o jornal por causa do novo colunista. "Não aguentava mais tanta
gente defendendo o governo", disse.
Honestidade intelectual e profissional, Suzana!
Aguardo no blog um comentário de Mariana Souza para que ela aponte os
textos meus que disseminam o ódio. Reproduzir o que a Internet
financiada por estatais e pelo governo diz não vale. Segundo Suzana,
poucos se manifestaram a meu favor, mas admite que parcela considerável
também comemora, "já que ao ombudsman recorrem os insatisfeitos".
Epa! Não informar que sites e blogs petistas, financiados por estatais,
organizaram desde quarta-feira uma verdadeira corrente de linchamento é
não cumprir com o mandamento básico da honestidade intelectual e
profissional. O que queria Suzana? Que eu reagisse com uma
contracorrente? "Escrevam e telefonem para a ombudsman; digam que a
Folha acertou e que eu sou bacana." Ora...
Mantenho o meu convite a Suzana. Proponho o debate. Vamos falar sobre
argumentos e espuma. Ela adverte a Folha para que não "importe" o
"barulho e a selvageria que impera no ambiente conflagrado da internet" e
para que a conversa fique "à altura do que escrevem Janio de Freitas e
Elio Gaspari, colunistas do mesmo espaço."
No que me diz respeito, e estou certo que também aos outros novos, ela
pode ficar tranquila. Não chamarei ninguém de cachorro, como não chamo
aqui, e vocês sabem disso. Mas continuarei, se ela me der licença, a
criticar o PT, o PSDB, o PSOL, o Fux, o Facebook, os arruaceiros...
Continuarei, a exemplo do que fiz na minha coluna, que não dirige uma só
ofensa a ninguém, a apelar a alguns interlocutores, às vezes
encobertos: a Constituição dos EUA, Maquiavel, Locke, Nietzsche, Singer
(o Peter, não a Suzana). "Nossa, como esse Reinaldo quer ser sabido!..."
Não! Reinaldo procura quem já foi mais longe para tentar ganhar tempo.
Suzana diz que sou um "rottweiler", que sou "feroz" e que meu texto de
estreia revela isso. Ela deve a seus leitores, ela deve aos leitores da
Folha — de quem é procuradora — e ela deve a meus leitores a evidência.
A gente sempre duvida se começou ou não com o pé direito (só força de
expressão, viu, Suzana?!). Tinha escrito outro texto, sobre tema
diverso, e mudei na última hora (do prazo que me impus para enviar o
texto, bem entendido). Chamado de cachorro pela ombudsman, já não
duvido: acertei em cheio. "Acertou em quê?" No compromisso que mantenho
com os leitores.
Suzana só não pode esperar de mim a fofura de um beagle.
Exigência, recomendação e alerta
Encerro com um pedido e uma declaração: leitor deste blog que se preza,
eventuais admiradores do colunista e pessoas eventualmente chocadas com o
destempero de Suzana não lhe dirigirão uma só palavra desairosa — nem
no espaço de comentários (serão vetados) nem em eventuais mensagens à
própria ombudsman. Também não aceitarei comentários que tentem vincular
as opiniões da jornalista a esta pessoa ou àquela. Ela é capaz de pensar
essas coisas sozinha.
Os próceres da rede suja na Internet não hesitará em dirigir à ombudsman
as piores ofensas, disfarçados de "leitores do Reinaldo". O jogo é
pesado. Não caiam no truque de vigaristas.
Suzana não escreveu nem como beagle nem como rottweiler. Esse tipo de mordida é coisa de gente.
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/118951/Para-ombudsman-da-Folha-Reinaldo-%C3%A9-rottweiler.htm
http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/118951/Para-ombudsman-da-Folha-Reinaldo-%C3%A9-rottweiler.htm
Postado há 2 hours ago por FRAZÃO
Do Blog Justiceira de Esquerda.
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