“Como juiz, o presidente do Supremo
Tribunal Federal perdeu quase toda a credibilidade. Como político, também
começou mal, ao agir mais como carrasco do que como magistrado
Se morresse na prisão, Genoino garantiria uma imagem heroica nos livros de história: seria convertido num dos grandes mártires da esquerda brasileira. Aliás, o que ainda pode vir a ocorrer. Adepto de um padrão de vida espartano, é um dos poucos políticos brasileiros sobre quem se pode dizer, sem medo de errar, que não enriqueceu na política. Mas que foi condenado a mais de dez anos de prisão como corruptor!
Na hipótese de uma tragédia, Barbosa
estaria hoje sendo chamado de assassino nas ruas. Não poderia se candidatar nem
a síndico de prédio. Mas o fato de Genoino ter sobrevivido ao cárcere não
alivia a situação do presidente do Supremo Tribunal Federal. Ele ainda tem
muito a explicar. Entre outras coisas, por que transferiu os presos a Brasília,
se eles têm o direito de permanecer perto de seus familiares? Além disso, por
que impôs durante alguns dias o regime fechado aos condenados, se o pleno do
STF determinou o semiaberto? Mais: por que prendeu uns e não outros, deixando
de fora nomes como o de Roberto Jefferson, que confessou ter recebido R$ 4
milhões? Preferência política?
Como juiz, Joaquim Barbosa perdeu quase
toda a credibilidade. Um manifesto de intelectuais, assinado por juristas como
Dalmo Dallari
e Celso Bandeira de Mello, questionou seu preparo e sua boa-fé. Como político, ele poderia surfar num bom momento gerado pelo fim da Ação Penal 470. Mas o bom político é aquele que sabe ser magnânimo na vitória – e não vingativo.
e Celso Bandeira de Mello, questionou seu preparo e sua boa-fé. Como político, ele poderia surfar num bom momento gerado pelo fim da Ação Penal 470. Mas o bom político é aquele que sabe ser magnânimo na vitória – e não vingativo.
Convidado pelo deputado Romário (PSB-RJ) a
entrar no time socialista, Barbosa colocará em xeque a credibilidade do
“julgamento do século” se vier a aceitá-lo. Deixará no ar a suspeita de que
nunca foi juiz, mas sempre o político que fez do populismo judicial seu
trampolim. No entanto, essa possibilidade de carreira política ficou seriamente
abalada depois da violência da última semana.”
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