quarta-feira, 30 de julho de 2014

Lula: autora de texto do Santander não entende nada de Brasil e de Dilma

“Essa moça que falou (isso) não entende nada de Brasil e de governo Dilma. Pode mandar ela embora e dar o bônus dela para mim”. A avaliação é do ex-presidente Lula sobre o relatório enviado pelo Santander aos seus 40 mil clientes mais ricos (com renda superior a R$ 10 mil por mês) apontando riscos à economia com a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Ele falou em Guarulhos (SP), ao participar da abertura da 14ª Plenária Nacional da CUT.
Na mensagem aos seus correntistas, o banco associa a possível reeleição da presidenta à piora do quadro econômico nacional.“Este país não vai jogar fora a confiança que conquistou”, completou o ex-presidente. O ex-chefe do governo lembrou um dos lances mais comentados da Copa do Mundo, a mordida do uruguaio Luis Suárez no jogador italiano, Chiellini, para dar ideia da voracidade dos mercados, inclusive com objetivos eleitorais e principalmente contra governos populares.

“Sabe aquela mordida que o Suárez deu no italiano? Aquilo não é nada. Tem que ver no mercado financeiro. No mercado financeiro o cara não dá mordida. Ele engole o adversário”, disse o ex-presidente. “É todo santo dia pessoas inventando mentira contra pessoas, pessoas tentando fazer cair as ações de uma empresa para levantar as dele, falando mal do governo para levantar o dele, falando mal do país para levantar o dele.”

“Não tem lugar que o Santander ganhe tanto quanto no Brasil”

O ex-presidente Lula lembrou, ainda, encontro que manteve em 2002, antes de tomar posse, com o presidente mundial do Santander, Emilio Botín. “Ele havia recém ingressado no país quando foi visitar o meu comitê. E fez um discurso dizendo que o mercado não tinha preocupação, que ia continuar investindo no Brasil, porque sabia da responsabilidade do nosso governo”, recordou para observar, em seguida: “Não tem nenhum lugar do mundo que o Santander esteja ganhando mais dinheiro do que aqui. Aqui ele ganha mais do que em Nova York, mais do que em Londres, do que em Pequim, Paris, Madri, Barcelona…”.

O ex-presidente comparou a advertência do banco aos clientes às críticas da mídia à organização da Copa do Mundo no Brasil. No período anterior ao evento, observou, apenas a seleção recebia elogios. “Foi a única coisa que não deu certo. A Copa do Mundo não ia existir. Mas toda desgraça que previram não aconteceu. Agora estão dizendo que deu certo porque foi o povo. Se desse errado, era o governo, era Dilma. Mas isso não é novidade. O que é grave é alguém nosso ter dúvida.”

Para o ex-presidente brasileiro, com o comunicado o banco “criou um problema sério” e lembrou de situação semelhante, quando, em 2002, quando ele era candidato ao Planalto, o mercado financeiro também previu cenários assombrosos para a economia caso vencesse a disputa eleitoral. Naquela época, lembrou, o presidente do Santander o procurou.

Em visita anterior a Lula, Botin fez outro discurso

“As pessoas – contou o ex-chefe do governo – diziam que os banqueiros não iam fazer investimento, que o mercado iria correr. O Botín foi no meu comitê e disse para mim: ‘presidente Lula, se você quiser, posso falar com a imprensa’. Eu disse: ‘pode falar’. E ele fez um discurso naquela época dizendo que o mercado não tinha nenhuma preocupação, que ia continuar acreditando no Brasil, investindo, porque ele sabia da responsabilidade do nosso governo”.

O ex-presidente, ao defender a reeleição de Dilma, falou sobre as conquistas das gestões petistas no governo e disse que o PT tem a obrigação de ser mais honesto do que os demais partidos. “Não temos medo. A única denúncia que a direita pode fazer sobre a esquerda é sobre a corrupção, que é histórica”, disse. O ex-presidente criticou ainda o destaque dado pela imprensa aos desvios de gestões petistas, em detrimento à corrupção de administrações do PSDB.
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