Janio de Freitas
Cobrança de devedores
Cobrança de devedores
As ameaças dos "ativistas" aos fotógrafos, cinegrafistas e repórteres
--"Lutar não é crime / Vocês vão nos pagar"--, berradas em coro dentro
do próprio Sindicato dos Jornalistas do Rio, são um equívoco duplo e
denunciador de inequívoca obtusidade política. Mas não só.
Lutar pode ser crime, sim, a depender da luta. Lançar um rojão contra um
cinegrafista de costas, levando-o à morte, não é lutar. É covardia
mortal. Como também é só covardia criminosa, embora, por sorte, não
letal, derrubar e ferir um cinegrafista que apenas procurava captar a
liberação dos presos por violências apelidadas de "manifestações".
É quase engraçado que os adeptos da violência inútil estejam tomados de
ódio aos jornalistas. Tivessem um mínimo de percepção, deveriam
exibir-lhes muita gratidão. Na obtusidade da sua ira, ainda não
perceberam que devem a jornalistas a sua integridade física, se é que
muitos não devem a vida.
Não fossem os cinegrafistas, os fotógrafos e os repórteres que se expõem
no testemunho das arruaças, não haveria o clamor das reportagens e
artigos que pressionam e convencem os responsáveis pela atividade
polícia a conter, desarmar e até sacrificar os métodos e, é preciso
dizê-lo, as obrigações repressoras requeridas pela segurança pública.
No Rio e em São Paulo, é muito evidente o esforço das Secretarias de
Segurança por uma nova conduta policial, por educar o agente de
segurança para os confrontos sem exorbitâncias. Os beneficiários desse
avanço não são os jornalistas que os cobraram, inclusive pela exibição
de arbitrariedades policiais. São os manifestantes arruaceiros, os
grevistas agressivos e os direitos humanos.
Até mamãe Sininho acusa os jornalistas de tornarem "um inferno a vida"
da filhota Sininho. Mas não foram os jornalistas que frustraram o plano
de incendiar a Câmara Municipal do Rio. Têm dado tratamento até muito
camarada às pessoas e investigações das violências passadas e
pretendidas. Para percebê-lo, é suficiente imaginar o tratamento aos
mesmos fatos e gravações com personagens de outra classe social.
Por falar em gravações: ainda que a polícia tenha "plantado as bombas
encontradas", como dizem as defesas, as vozes e diálogos gravados não
foram plantados. E também não foram gravados por jornalistas.
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