quarta-feira, 30 de julho de 2014

Lutar pode ser crime, sim


Janio de Freitas 
Cobrança de devedores

As ameaças dos "ativistas" aos fotógrafos, cinegrafistas e repórteres --"Lutar não é crime / Vocês vão nos pagar"--, berradas em coro dentro do próprio Sindicato dos Jornalistas do Rio, são um equívoco duplo e denunciador de inequívoca obtusidade política. Mas não só.
Lutar pode ser crime, sim, a depender da luta. Lançar um rojão contra um cinegrafista de costas, levando-o à morte, não é lutar. É covardia mortal. Como também é só covardia criminosa, embora, por sorte, não letal, derrubar e ferir um cinegrafista que apenas procurava captar a liberação dos presos por violências apelidadas de "manifestações".
É quase engraçado que os adeptos da violência inútil estejam tomados de ódio aos jornalistas. Tivessem um mínimo de percepção, deveriam exibir-lhes muita gratidão. Na obtusidade da sua ira, ainda não perceberam que devem a jornalistas a sua integridade física, se é que muitos não devem a vida.
Não fossem os cinegrafistas, os fotógrafos e os repórteres que se expõem no testemunho das arruaças, não haveria o clamor das reportagens e artigos que pressionam e convencem os responsáveis pela atividade polícia a conter, desarmar e até sacrificar os métodos e, é preciso dizê-lo, as obrigações repressoras requeridas pela segurança pública.
No Rio e em São Paulo, é muito evidente o esforço das Secretarias de Segurança por uma nova conduta policial, por educar o agente de segurança para os confrontos sem exorbitâncias. Os beneficiários desse avanço não são os jornalistas que os cobraram, inclusive pela exibição de arbitrariedades policiais. São os manifestantes arruaceiros, os grevistas agressivos e os direitos humanos.
Até mamãe Sininho acusa os jornalistas de tornarem "um inferno a vida" da filhota Sininho. Mas não foram os jornalistas que frustraram o plano de incendiar a Câmara Municipal do Rio. Têm dado tratamento até muito camarada às pessoas e investigações das violências passadas e pretendidas. Para percebê-lo, é suficiente imaginar o tratamento aos mesmos fatos e gravações com personagens de outra classe social.
Por falar em gravações: ainda que a polícia tenha "plantado as bombas encontradas", como dizem as defesas, as vozes e diálogos gravados não foram plantados. E também não foram gravados por jornalistas.

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