O acidente que vitimou Eduardo Campos ocorreu por volta de dez horas. Sua morte foi, infelizmente, confirmada por volta do meio-dia.
Pouco depois, a alta direção do Datafolha, numa atitude abjeta e
desprovida de qualquer valor moral e humano preparava, com esmero, as
perguntas para registrar uma pesquisa, às pressas, para ver com quem
ficaria o espólio eleitoral do morto, para ser colocada nas ruas amanhã.
Li sobre a pesquisa no blog da Maria Frô e fui conferir. O documento está lá, registrado no TSE, com suas perguntas cheias de morbidez.
Total abjeção moral e um estupidez científica, porque é óbvio que, no
dia seguinte a uma tragédia que repercutiu todo o dia nos meios de
comunicação, praticamente sem intervalos, nenhum resultado retrataria o
cenário real, que os dias se encarregarão de trazer à normalidade,
serenadas as compreensíveis e humanas comoções.
Humanas, claro, para quem é capaz de as ter, o que não parece ser o caso do board do Datafolha e da própria Folha, contratante da pesquisa por R$ 226 mil.
O objetivo deste gesto imundo, desqualificado do ponto de vista ético e
do ponto de vista estatístico, é um só: tirar “cascas” da tragédia
humana para mudar um processo eleitoral que as próprias pesquisas
indicam como estável e relativamente sólido.
Paro, como prometi antes, por aqui com as considerações políticas.
Fico no desrespeito aos sentimentos da família, dos amigos e da
sociedade brasileira, que se comoveu com a morte acidental de um homem
em plena campanha presidencial.
Não esperaram sequer ser recuperado e sepultado o corpo do candidato morto.
A atitude do Datafolha, como a dos colunistas que imploram por uma
candidatura Marina montada sobre a desgraça, é uma desonra para qualquer
pessoa.
Não que Marina não possa ser candidata. Mas porque em tudo na vida há ritos e processos dignos para algo acontecer.
Ou não, como nos mostra a pesquisa-abutre do Datafolha.
É gente com este caráter que não admite contestação às “verdades” que diz.
Fernando Brito
No Tijolaço
Do Blog CONTEXTO LIVRE.
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