Marina Silva, diante da comoção causada pela morte de Eduardo Campos, virou protagonista das eleições |
Mauricio Dias, CartaCapital
Durante cinco dias, entre a manhã da quarta-feira 13 e o domingo 17, uma parte da população brasileira acompanhou, impactada, a cobertura do acidente que vitimou Eduardo Campos. O fim trágico do ex-governador de Pernambuco e, então, candidato a presidente da República foi narrado com emoção pelos apresentadores e repórteres de rádio e televisão.
Eduardo tinha acabado de cumprir a
jornada de entrevistas noturnas no Sistema Globo e, portanto, ampliado a
divulgação maior do nome dele País afora. Ainda não era muito conhecido
e, por isso, precisava projetar a candidatura.
Não era um líder político cuja morte
pudesse, naturalmente, provocar comoção no País. Compare-se com os
desaparecimentos trágicos de dois gigantes da política brasileira,
Getúlio Vargas (1954) e Juscelino Kubitschek (1976).
Eduardo, de vida ceifada aos 49 anos, estava apenas começando. Nesse sentido, a
dimensão do acontecimento foi ampliada por interesses políticos.
Era
preciso evitar a vitória do PT no primeiro turno. Com Aécio Neves
empacado em 20% das intenções de voto, foi multiplicada a tristeza
natural que a tragédia provocou. Assim, a emoção virou comoção.
Imediatamente, o nome de Marina Silva, vice de Eduardo Campos, virou
protagonista do episódio. Ela seria a substituta.
O faro da mídia, conservadora e
oportunista, deixou Aécio Neves em banho-maria. Para vencer Dilma, a
oposição, mais uma vez, propagou o que a imprensa queria. Na pior das
hipóteses, garantia o segundo turno. Qual a causa disso?
Tudo, menos o PT. Tudo, menos Dilma. Esse é o alvo do
vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman, capaz de transformar
adversários políticos em inimigos.
“Nossos inimigos são Dilma, Lula e o PT. Nossa campanha é contra o PT.”
A emoção, entretanto, não elege ninguém, salvo se houver uma sustentação política considerável. Eis dois exemplos.
Aqui o jogo começa a embolar para Marina Silva. Emoção
construída pelo acaso não se sustenta na política, se o objetivo for o
de chegar ao poder. E dizem que é.
Embora filiada
temporariamente ao PSB, um partido de representação média na Câmara, 35
deputados, Marina tem compromisso com militantes, os chamados
“marineiros” espalhados pelo Brasil. Tem o dever de criar uma nova
agremiação, a Rede Sustentabilidade, portadora de uma “nova política”,
com novos métodos, contra os vícios da “velha política”.
Para isso será preciso mudar o discurso, o
comportamento e, mais ainda, passar a engolir sapos e, na caminhada,
interpretar pragmaticamente a instigante cena de jabutis nas forquilhas.
Ao dar o sim ao PSB, Marina impôs algumas condições e
controlou o núcleo da campanha. Baixou também alguns vetos sobre
alianças que Eduardo havia construído, como os casos de Geraldo Alckmin
(SP), cujo vice é do PSB, Paulo Bornhausen (SC), Heráclito Fortes (PI), e
Vanderlan Cardoso (GO), onde ele tem aliança de sangue com Heloisa
Helena (PSOL). No Rio de Janeiro, ela não aprovou os compromissos
assumidos por Eduardo com o deputado Romário, candidato a senador, e com
o senador Lindbergh Farias (PT) candidato a governador. Entre outros
atritos.
Marina não vive a política. Vive um sonho. Quando acordar, pode estar sem ninguém."
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