Que Marina Silva tem o direito de pretender ser a candidata do grupo que apoiava Eduardo Campos, não há nada a discutir.
Quanto ao direito do PSB de avaliar se alguém que entrou no partido
como “carona” possa representá-lo, também não há questionamento moral
possível.
A democracia se exerce, aliás, através dos partidos.
Mas a mídia brasileira, com seu já agora ostensivo apetite político,
tomou a frente do processo e, como um bando de urubus, se arroga dona do
corpo morto de Eduardo Campos e chama Marina Silva para ser não uma
candidata a Presidente, mas a amazona dos despojos do ex-governador de
Pernambuco.
O Globo “acusa” Lula e Dilma de terem telefonado ao presidente em exercício do PSB, Roberto Amaral.
Meu Deus, quem é o dirigente maior dos socialistas, na ausência de
Eduardo Campos, a quem, senão a ele, deveriam dirigir, além do pesar à
família Campos, as condolências e o diálogo político?
Como uma matilha de lobos, o time de colunistas políticos do jornal é
mobilizado para “exigir” Marina, como se fosse papel dos jornais
deliberar pelos partidos políticos que, repito, tem o direito e o poder
legal de escolherem ou não a ex-senadora como seus representantes
eleitorais.
Mas pior, muito pior, é o que faz, de forma indecente e mórbida, a colunista da Folha, Eliane Cantanhêde.
Dá a impressão de que saliva de prazer ao imaginar a mais mórbida exploração eleitoral do cadáver de Eduardo Campos.
“Dilma Rousseff e Aécio Neves, tremei. No rastro da comoção nacional
pela morte estúpida de Eduardo Campos, apoios da família dele à sua
vice serão avassaladores. O irmão, Antônio, já se manifestou
publicamente. E quando a mulher, Renata, ladeada pelos cinco filhos,
inclusive o bebê Miguel, lançar Marina? E quando a mãe, Ana Arraes,
apadrinhar a candidatura aos prantos?”
Não é um campanha eleitoral o que quer nossa refinada e cheirosa elite.
É um programa destes de “mundo cão” da pior espécie.
Falam tanto em programa, projetos, eficiência, capacidade.
Mas, se lhes servem politicamente, às favas os escrúpulos e viva a manipulação do sentimentalismo, da dor, dos mortos.
Não se disputa a herança política de Eduardo Campos, mas o direito de
poder explorar o seu fim trágico, o seu cadáver, numa campanha.
Está em jogo o destino de um país, a escolha de quem irá dirigi-lo nos próximos quatro anos.
Isso, para os cidadãos de bem.
Para outros, não é isso.
Não lhes importa quem vá para lá e que métodos se disponha a usar para isso.
Tudo o que querem é que se derrube um projeto progressista e popular,
ainda que à custa de colocar qualquer um lá, com o qual, depois, se
verá o que fazer.
E não vacilam, para isso, sequer, em propor a mais vil exploração da dor de uma família, inclusive de suas crianças.
A direita brasileira já teve o seu Corvo, Carlos Lacerda. Conseguiu baixar mais e agora tem abutres e hienas.
É nojento, o que mais dizer disso?
Fernando Brito
No Tijolaço
Do Blog CONTEXTO LIVRE.
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