Dilma e Marina travam 1º embate
Por Miguel do Rosário - O Cafezinho
Algumas observações sobre o debate dos presidenciáveis na Band, ocorrido nesta segunda-feira 26 de agosto de 2014.
Dilma encaçapou algumas bolas. Conseguiu até mesmo se sair bem na
pergunta sobre regulamentação da mídia, falando contra o monopólio e
mencionando a ideia de fazer uma regulação econômica. Ótimo.
Mas se confundiu em outras. Poderia ter destruído facilmente Aécio
Neves, quando ele começou a repetir baboseiras da mídia sobre geração de
emprego segundo o Caged. Poderia ter respondido: não gera mais tanto
emprego porque todo mundo está empregado!
Ela foi bem na parte em que falou da Petrobrás, falando com paixão. Ao
rebater acusações de Aécio sobre o fato de haver um diretor preso, a
presidenta lembrou que a prisão fora realizada por uma instituição
federal, a Polícia Federal, aparelhada e incentivada durante os governos
Lula/Dilma. Antigamente, ninguém ia preso não porque não houvesse
desvios, mas porque não havia investigação.
A presidenta melhora sensivelmente o seu desempenho quando fica
contrariada. Quando está “fria”, engasga muito e tem dificuldade para
concatenar frases.
Ela também mandou bem ao afirmar, em resposta à Marina, que o programa
Mais Médicos não é paliativo. Tratar de pessoas doentes jamais é um
paliativo. E um programa que atende quase 50 milhões de pessoas já pode
ser chamado de “estrutural”.
Ao responder uma pergunta de Boris Casoy sobre o salário pago aos
médicos cubanos, porém, Dilma enrolou-se, por causa de sua dificuldade
crônica para sintetizar os assuntos.
Perguntada sobre a carga tributária, faltou-lhe dados. Poderia ter
respondido que é preciso avaliar o conceito de arrecadação tributária
per capita, que é muito baixa no Brasil. A pergunta, do Pastor Everaldo,
é uma falácia completa.
Ela podia ter mencionado também a alíquota máxima de imposto de renda,
que é muito maior em países avançados, como EUA, Europa, Japão, China,
etc.
Marina Silva mostrou-se, mais uma vez, uma mulher incrivelmente astuta,
de pensamento ágil. Faz acenos para a direita, através da defesa
veemente do tripé econômico, e para a esquerda, ao fazer elogios a Lula e
a programas sociais de governos petistas.
Mas não conseguiu responder a contento se acredita ou não no
criacionismo, e pareceu simplesmente cínica ao explicar a participação
da herdeira do Itaú na coordenação de sua campanha.
Com seu papo de “unir o Brasil”, Marina revela que o eixo central de seu
discurso é a “despolitização”. A dicotomia PT e PSDB, ao invés de ser
um exemplo saudável de divergência democrática, é pintada como o mal em
si.
Será interessante assistir aos embates entre Dilma e Marina num eventual
segundo turno, apesar do perigo de termos uma “Collor” de saias na
presidência.
Aécio Neves fala bem, com agilidade, mas seu discurso não tem
consistência. Ele age como um boneco da mídia. Na minha opinião, já era.
Ao final do discurso, faz uma coisa patética: nomeia Armínio Fraga para
ministro da Fazenda, como se Armínio fosse alguém bem visto pela maioria
dos espectadores. Ora, Armínio foi presidente do Banco Central cuja
primeira medida foi elevar os juros básicos para 45% ao ano, de longe os
maiores do planeta.
Luciana Genro, do PSOL, é extremamente blasé, quase uma caricatura de uma radical. Fala como um robô, usando argumentos clichês.
O Pastor Everaldo é um cão reaça furioso. Deveria ser o candidato da Veja.
Estava gostando muito de Eduardo Jorge, mas ele parece ter surtado perto do final. Virou um fanfarrão.
Triste, no entanto, é ver os jornalistas da Band, que deveriam guardar
suas opiniões para si – ao menos durante o debate, durante o qual os
telespectadores querem saber as opiniões deles, e não dos jornalistas.
As perguntas sobre a regulamentação da mídia e o decreto sobre
participação social vieram impregnadas de preconceito e ódio ideológico.
Um comentário:
Marina trás desgraça e morte.
Chico Mendes, Eduardo, quem será o próximo?
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