Marina Silva entrou na campanha batendo em Dilma Roussef. Em sua
primeira entrevista depois que o PSB oficializou a candidatura, ela foi
para cima da presidente:
“É lamentável que tenhamos desde 2002 a ameaça de apagão. Eu digo
lamentável porque nós temos há 12 anos a mesma pessoa à frente da
política energética do nosso país, inicialmente como ministra (de Minas e
Energia), depois como chefe da Casa Civil e agora como presidente da
República”.
Compreensivelmente em busca de espaço na campanha, Marina mostrou-se
desatualizada em matéria de fantasmas criados pela oposição para tentar
colocar o governo na defensiva.
O “apagão” foi uma miragem que veio depois do fantasma da hiper-inflação
e antes da Copa que não ia acontecer. Era simples factóide, destinado a
criar uma ambiente de pessimismo artificial, num país que está longe,
muito longe, de ser uma nação sem problemas — mas onde se vive o mais
baixo desemprego da história, onde os mais pobres realizaram conquistas
inegáveis, inclusive na instalação de luz elétrica, que hoje só não
atinge absolutamente 100% de todas as residências porque sempre haverão
aqueles lugares perdidos e distantes num país imenso.
O que se procurava, com o fantasma número 2, era nivelar a gestão
Lula-Dilma com o governo FHC no qual ocorreram, evetivamente, o governo
foi obrigado a organizar um racionamento de energia, produto de uma
visão política que não compreendia a necessidade do Brasil crescer e não
tomou, é claro, as providências que tornariam isso possível.
O desagradável, no caso, é que a crítica de Marina ajuda a encobrir seu
próprio papel nessa história. Como ministra do Meio ambiente, ela fez o
possível para atrapalhar o esforço legítimo do governo Lula para
garantir o suprimento de energia que permite a uma pessoa assistir TV,
tomar banho quente, ligar o computador e até ler um livro à noite — ter
acesso a civilização, enfim.
Se é possível apontar falha de projeto aqui, uma decisão errada ali na
atuação de qualquer autoridade, em qualquer época, a atuação de Marina
leva a outro balanço no campo de energia. Consistiu em impedir
investimentos que iriam ajudar os brasileiros pobres, desamparados, a
vencer atrasos históricos.
Apoiada numa visão excludente do meio ambiente, pela qual o progresso
social pode ser sacrificado em nome da preservação ambiental, sua
passagem de cinco anos pelo ministério do Meio Ambiente foi orientada em
grande medida para combater a construção de hidrelétricas importantes,
responsáveis pela energia mais limpa que se conhece. Se as obras não
foram impedidas, foi porque ela não tinha força para isso. Não era
apoiada pela maioria dos ministros nem por Lula. Mas Marina fez o
possível para atrasar projetos, adiar licitações. Derrotada nas questões
de mérito, dava espaço para entreves burocráticos. Jogou duro contra
Santo Antônio que, ao lado de Jirau, elevou em 10% o potencial
energético do país.
Terceira maior usina do mundo, construída após demoradas negociações e
inúmeras concessões ambientais, que reduziram em larga medida seu
potencial energético original, Belo Monte, terceira maior usina do
mundo, só pode seguir em bom ritmo depois que ela deixou do governo.
Nunca deixou de fazer uma campanha permanente contra a construção de
Angra 3 e de outras usinas nucleares, principal fonte de energia em
países cujo padrão de vida são exemplo para o mundo, como França e
Alemanha.
Sete anos depois de deixar o governo Lula, Marina quer mais energia. Em
vez de cobrar, seria mais honesto fazer uma autocrítica, certo?
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