Se você já percebeu que há alguma coisa errada no jornalismo brasileiro, recomendo entrar no primeiro cinema que aparecer à sua frente para assistir “Mercado de Notícias,” de Jorge Furtado.
Com
a segurança de quem entra num debate complicado, Jorge Furtado evita a
simplificação e o pedantismo. O roteiro pede ajuda a uma peça de 1625
de Ben Jonhson, para discutir a origem do jornalismo nas sociedades
modernas. E vai ao fundo da questão ao retratar a construção da notícia
como mercadoria – esse ente intercambiável, que se reproduz, se compra
e se vende.
Estamos
falando, basicamente, de dinheiro e propriedade. O protagonista da
peça é um herdeiro jovem e rico, que não sabe direito o que fazer com a
própria fortuna, até que é convencido por amigos a abrir um jornal – e
é assim, com ambição de lucro e certa futilidade, que o filme começa,
há quase quatro seculos atrás.
Mas
“Mercado de Notícias” combina ficção dramática e documentário. Jorge
Furtado ouviu o depoimento de 13 jornalistas brasileiros, que surgem na
tela em aparições que nada têm de decorativas. Ajudam a debater
valores, controles ideológicos e vexames recentes dos meios de
comunicação, que permitem lembrar a dificuldade de se praticar, em casa,
as lições e recomendações que são ponto de honra dos manuais de
redação.
O
filme nada contra a correnteza das banalidades convencionais para
discutir o ponto político essencial: por que o jornalismo deixou de
mostrar o país e o mundo em que vivemos?
A resposta não é fácil mas está lá, na tela.
(Ao lado de Janio de Freitas, Raimundo Rodrigues Pereiras, Mino Carta,
Bob Fernandes, fui um dos 13 jornalistas entrevistados para o filme.
Você pode ver, abaixo, a íntegra de meu depoimento:
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