Brasília - Os brasileiros que assistiram ao horário eleitoral
gratuito da última quinta, na TV, se surpreenderam com a grandiosidade das
realizações do governo Dilma Rousseff (PT), mostradas com extremo cuidado
estético pela propaganda eleitoral. Quando a peça publicitária exibiu a imagem
de duas torres de transmissão de energia instaladas sob o Rio Amazonas, na
fronteira do Pará com o Amapá, cada uma delas com 295 metros, só 29 a menos do
que a Torre Eiffel de Paris, a reação de muitos foi protestar nas redes sociais:
“Isso só pode ser mentira”.
Não é. As duas torres compõem um conjunto de outras 3,3 mil,
de menores proporções, instaladas em uma rede de transmissão de 1.750 Km, que
levam a energia gerada pela Usina de Tucuruí, no Pará, até Macapá, no Amapá, e
depois até Manaus, no amazonas.
Absolutamente desconhecida dos brasileiros, a obra faz parte
de um programa maior que, nos quatro anos do governo Dilma, implantou 23 mil Km
de linhas de transmissão, o equivalente à metade da circunferência do planeta.
E, dessa forma, permite que uma região do país possa socorrer a outra, em caso
de insuficiência energética.
“Mas como nós nunca soubemos disso? Como uma imagem dessas
proporções e significado nunca estampou a capa dos jornais e revistas”, se
questionavam muitos. A resposta é simples e foi dada pelo ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva no mesmo programa. “Meus amigos e minhas amigas, eu tenho
certeza que você já tá surpreso com tanta coisa que a Dilma fez e você não
sabia. Garanto que ficará ainda mais. Esta campanha vai servir exatamente para
isso: para você ver como certa imprensa gosta mais de fazer política do que
informar bem, como só consegue falar mal e é capaz de esconder obras
fundamentais que estão transformando o Brasil. É por isso que a gente diz que, na
minha primeira campanha, a esperança venceu o medo e, nesta da Dilma, a verdade
vai vencer a mentira”, afirmou.
Lula não fez bravata. A afirmação tem lastro científico.
Pesquisa realizada pelo Laboratório de Mídia da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (UERJ), no projeto
batizado como “Manchetômetro”, comprova que, em 2014, o Jornal Nacional da
TV Globo, o principal do país, exibiu 9 horas, 19 minutos e 37 segundos de
notícias desfavoráveis ao governo federal. Já as positivas ocuparam um espaço
de apenas 29 minutos e 40 segundos. A pesquisa considerou toda as notícias
exibidas este ano. Como é atualizada diariamente, os dados contidos nesta
matéria englobam até o noticiário da última sexta (22).
A pesquisa classifica também as notícias negativas por
partido: o PSB de Marina Silva teve 1h 12m e 12 S de noticiário neutro, o PSDB
de Aécio Neves foi retrato em 1h 25m e 31s de notícias neutras, 1 h 19m e 18s
de notícias contrárias e 8m de favoráveis. Já o PT de Dilma Rousseff contou com
1h 9m e 13s de neutras, 55s de favoráveis e 3h 25m e 5 s de negativas. Em
relação aos candidatos, o estudo aponta que o JN exibiu 1h, 25m e 30s de
notícias negativas sobre a presidente, e apenas 3m e 35s de notícias
favoráveis.
A proporção muda significativamente quando o candidato em
questão é Aécio Neves. Foram 5m e 35s de notícias desfavoráveis a ele, contra
7m e 45s de favoráveis. No restante da imprensa monopolista, não é diferente.
Outra pesquisa realizada pelo mesmo instituto mostra que, durante todo o ano,
as manchetes dos três principais jornais do país (O Globo, Folha de S. Paulo e
O Estado de S. Paulo) são visivelmente contrárias ao governo da presidenta
Dilma: 48 negativas contra 8 positivas. Os candidato Aécio Neves (PSDB) teve 6
favoráveis e 3 contrárias, uma proporção bastante diferente. O então candidato
Eduardo Campos, do PSB, morte recentemente em acidente aéreo, tal como o
tucano, teve 6 favoráveis e 3 contrárias. O PT foi retratado em 56 manchetes
negativas e apenas uma única positiva.
Preconceito contra a atividade política e crítica à
economia
As pesquisas da UERJ revelam também o preconceito exacerbado
da mídia contra a atividade política e a crítica permanente ao modelo econômico
adotado pela presidenta para enfrentar a crise econômica mundial, sem
prejudicar os mais pobres. Nos três principais jornais do país, foram 136
manchetes negativas acerca da atividade política, contra apenas duas positivas.
Em relação à economia, o Brasil do pleno emprego e da inflação controlada
dentro da meta foi retratado em 118 desfavoráveis e apenas 5 positivas. No
Jornal Nacional, foram 15h, 58m e 5s de notícias contrárias à atividade
política e apenas 1h, 21m e 10s de favoráveis. Em relação à economia, 3h, 5m e
2s de noticiário negativo, contra 18m e 40s de positivo.
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