À luz da falta de água no estado, as imagens são uma piada de mau gosto —
uma schadenfreud com os paulistas. Num clima triunfal, vê-se um
congraçamento bonito em grandes mesas com brindes generosos de champanhe. “Oh, happy days”, canta o hino gospel.
A abertura de capital
avolumou as receitas da companhia. De 2002 a 2012, as ações em Nova
York registraram valorização de 601% e seu valor de mercado triplicou,
passando de 6 bilhões para 17 bilhões de reais. Atualmente, a companhia
vale 13 bilhões.
Hoje, o Sistema Cantareira voltou a bater um recorde
negativo, chegando a 3% de sua capacidade. A segunda cota do volume
morto está sendo utilizada. Como avisamos no DCM, o prejuízo para a
saúde causado pela presença de poluentes ainda é uma incógnita.
Não é a única incógnita nessa história. É de amplo conhecimento que
a Sabesp e o governo Alckmin não alertaram os consumidores dos
problemas. Até pouco depois das eleições, Alckmin insistia que não havia
“racionamento”, numa negação malufística.
Não foi por falta de dinheiro que não foram feitas as obras necessárias desde 2004, quando se recomendou um aumento da oferta
hídrica para a região metropolitana de SP. Isso atenderia o aumento
populacional e reduziria a dependência do Cantareira, segundo um
inquérito civil instaurado para acompanhar a renovação da outorga.
Durante o oba oba nos EUA, a presidente Dilma Pena já tinha informações
de que a situação não era das melhores. Desde então, ela já foi flagrada
dizendo que não orientou a população a economizar por “orientação
superior”, Alckmin foi passar o chapéu em Brasília, a falta d’água é uma
realidade cotidiana — e em 2015 as perspectivas são as piores
possíveis.
PS: o nosso projeto de crowdfunding para uma série de reportagens e um documentário sobre a crise hídrica em São Paulo está no ar. Basta um clique.
Um comentário:
As pessoas perderam o senso de vergonha na cara.
Toma-lhe paulista!
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