como eu em https://www.facebook.com/cneistat
Meu escritório não está longe de Zuccotti Park e quando ouvi que estava sendo limpo Desci com a minha câmera. Acabei de filmar por 18 horas até o parque foi reaberto em 6:00 em 15 de novembro de 2011. A
presença da polícia foi avassaladora, mais do que eu já vi - mais do
que durante o blecaute, mais do que os dias após 11 de setembro.
+++
por Heloisa Villela, de Washington
Eram
cinco mil livros. Uma biblioteca montada de forma espontânea e
informal, ao longo dos últimos dois meses, que ocupava um dos cantos da
Praça Zuccotti. A Polícia de Nova York juntou todos os volumes,
misturou os títulos aos utensílios da cozinha comunitária, aos
tambores, sacos de dormir e barracas. Com o apoio logístico dos garis
municipais jogou tudo em grandes sacos de plástico e de lá, para os
caminhões de lixo.
A
resposta do movimento pacífico, que quer muito mais do que apenas uma
praça da cidade, foi bem articulada por Gabriel Johnson, em entrevista
ao programa de rádio DemocracyNow!:
“Um
dos grandes erros de avaliação deles é achar que o movimento se limita
ao parque. O movimento está em nossas mentes: é uma ideia. É estar
aqui, as conversas que temos e que levamos conosco para qualquer lugar.
Os grupos de trabalho continuam funcionando 100% e temos esta coisa
maravilhosa chamada internet. Não sei se os policiais já ouviram falar
disso, mas eles não podem fechar a internet. Eles podem até tentar, mas
ainda assim teremos acesso às nossas ideias e ainda temos a habilidade
e a oportunidade de dividir nossas ideias”.
A
cozinha pública e comunitária foi proibida. Mas a criatividade deu
conta do problema. A comida agora é feita há uma quadra do parque e
vai, de mão em mão, sustentar quem está ali, sem cadeira, barraca ou
qualquer outro aparato. Vídeos e mensagens continuam circulando na
internet.
A
operação para desmontar o acampamento e tentar calar o chamado Ocuppy
Wall Street, deflagrada na calada da noite, foi muito bem pensada,
apesar de ter fracassado em boa medida. As ruas de acesso à praça foram
fechadas. Várias estações de metrô das redondezas também. A quadra
escolhida como área física para dar voz ao que pensa boa parte da
população americana se transformou em zona militar. É quase sempre
assim: governos que se sentem ameaçados por ideias e questionamentos
tentam barrar o fluxo com escudos e cassetetes. Uma atitude que só
confirmou o que vêm dizendo muitos dos envolvidos nesse movimento: não é
apenas a economia americana que está falida. A democracia do país
também foi pro brejo. Faz tempo.
No
mesmo programa de rádio citado acima, o depoimento do policial
aposentado do Departamento de Polícia da Filadélfia, Ray Lewis:
“Estou
aqui porque estou cansado de ver o sofrimento de tantas pessoas
enquanto 1% da população está acumulando toda a riqueza nas costas dos
trabalhadores. A polícia faz parte dos 99%. Infelizmente, não se deram
conta ainda. Mas o que eles estão fazendo é impor a lei dos ditadores,
que são 1%. E eles também estão sofrendo cortes em suas pensões, tem
seus salários reduzidos e nem se dão conta”.
O
que surpreendeu foi a tenacidade dos que foram empurrados dali para
fora. Dos que não são ouvidos e não se sentem representados pelo
sistema-teatro bipartidário americano. Mais de 200 manifestantes foram
presos. A polícia prometeu devolver os pertences coletados durante a
noite. Eles seriam depositados no Departamento de Saneamento Básico.
Mentira pura. Conversando com os motoristas das caçambas, manifestantes
descobriram que a ordem era clara: levar tudo para o lixão.
O
que se deu em Nova York não foi uma ação isolada da Prefeitura. Em
entrevista a BBC, Jean Quan, prefeita de Oakland, na Califórnia,
deixou escapar: “Acabo de participar de uma conferência telefônica com
outros 18 líderes de cidades do país que estão enfrentando a mesma
situação”. Outra não-coincidência foi a operação policial casada com a
viagem do Presidente Barack Obama. Ele estava bem longe, na Austrália,
quando tudo aconteceu.
A jornalista Amy Goodman, que apresenta o programa DemocracyNow! correu para o parque assim que soube da movimentação da polícia:
“Os
poucos de nós da imprensa que conseguimos furar o bloqueio da polícia
fomos limitados a uma área que fica do outro lado da rua, diante da
praça Zuccotti. Assim que nossas câmeras foram ligadas, estacionaram
dois ônibus diante de nós para bloquear a visão. Eu e meus colegas
conseguimos nos meter no parque e subimos nos montes de barracas e
sacos de dormir empilhados. A polícia tinha conseguido impor um
bloqueio quase completo da mídia para evitar o registro da destruição”.
Não houve meio de evitar o registro.
http://www.viomundo.com.br/politica/heloisa-villela-policia-de-ny-tentou-impedir-a-midia-de-registrar-a-destruicao-de-acampamento.html
http://www.viomundo.com.br/politica/heloisa-villela-policia-de-ny-tentou-impedir-a-midia-de-registrar-a-destruicao-de-acampamento.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário