Sem
acordo perante as barras da Justiça, o engenheiro Paulo Vieira de
Souza, o Paulo Preto, e o vice presidente do PSDB, Eduardo Jorge,
protagonistas de capítulo que marcou as eleições de 2010, encontraram-se
ontem em audiência na 29.ª Vara Cível do Fórum João Mendes, em São
Paulo. Durante cerca de uma hora os dois acompanharam os depoimentos das
testemunhas arroladas por Paulo, que move ação contra Jorge por danos
morais e pleiteia R$ 1 milhão a título de indenização.
O cerne da questão é uma
entrevista que Jorge concedeu a uma revista semanal, em agosto do ano
passado, na qual teria declarado que Paulo, ex-presidente da
Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) no governo José Serra, dera
sumiço em R$ 4 milhões da campanha do partido à Presidência da
República.
Foi a segunda vez que os rivais
foram à Justiça - em fevereiro, eles já haviam ficado frente a frente,
mas em outro endereço, o Fórum da Lapa, em processo de caráter criminal,
que ainda se arrasta. Na ocasião, Jorge afirmou que jamais fez a
declaração que tanto indigna Paulo. Ele informou ter enviado carta à
revista pedindo retificação.
Ontem, no 13.º andar do Fórum
João Mendes, os dois aguardaram a chamada do oficial de Justiça mantendo
distância um do outro, acompanhados de advogados - Mariana Pereira da
Cunha, defensora de Jorge, e Edgard Leite, defensor de Paulo.
Já na sala de audiência foi
indagado a eles se queriam fazer acordo para por fim à pendência. Nem um
nem outro aceitou a proposta e prosseguiu a audiência de instrução, que
reuniu cinco testemunhas do lado do autor - entre elas eminência
tucana, Aloysio Nunes Ferreira, senador por São Paulo, em situação
insólita, porque amigo de ambas as partes. Aloysio poderia ter feito
valer suas prerrogativas para depor no Senado. "Prefiro vir pessoalmente
para o juiz formar sua convicção", ponderou.
"O único acordo que eu aceito é
ele (Paulo) pedir desculpas", declarou Eduardo Jorge, à saída. "Mantenho
integralmente o que disse à revista, mas não aquilo que foi publicado."
"Não tem acordo, nunca terá",
disse Paulo. "Procurei a Justiça com o objetivo de exatamente de saber
quem é o mentiroso", prosseguiu sem apontar nomes. "Uns covardes do PSDB
mentem em off. Quem mentiu que responda. Se tiverem peito que venham a
público."No Estadão
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