Da Agência Estado
PF investiga se Chevron tentou atingir pré-sal ao perfurar poço que vazou
PF investiga se Chevron tentou atingir pré-sal ao perfurar poço que vazou
Suspeita também é levantada por técnicos da ANP; vazamento no Campo de Frade já dura 11 dias
A
Polícia Federal está investigando a possibilidade de a petroleira
norte-americana Chevron estar tentando indevidamente alcançar a camada
pré-sal do Campo de Frade. Na tentativa, teria ocorrido a ruptura de
alguma estrutura do poço perfurado, dando origem ao vazamento de
petróleo na Bacia de Campos (RJ), que já dura 10 dias. Técnicos da
Agência Nacional do Petróleo (ANP) admitiram nesta sexta-feira, 18, que
discutem internamente essa possibilidade.
pan>
Divulgação
Mancha de óleo no mar: estimativa de vazamento é de 200 a 330 barris por dia entre os dias 8 e 15
O
delegado Fábio Scliar, titular da Delegacia de Meio Ambiente e
Patrimônio Histórico da PF e responsável pelo inquérito, disse que “uma
das hipóteses com as quais trabalhamos é a de que o acidente pode ter
ocorrido pelo fato da empresa ter perfurado além dos limites
permitidos”. Os especialistas da ANP suspeitam que o emprego pela
Chevron de uma sonda com capacidade para perfurar a até 7,6 mil metros,
quando o petróleo em Frade aparece a menos da metade dessa
profundidade, é um indicativo de que a companhia poderia estar burlando
seu plano de prospecção do campo.
Além
de investigar a hipótese de que haveria em curso, antes do acidente,
uma ação exploratória em direção ao pré-sal, a ANP pretende apurar
falhas na construção do poço, o emprego de material inadequado e a
falta de realização de testes de segurança antes do início da
perfuração.
A Chevron tem quatro
poços autorizados no Campo de Frade. O site da ANP informa que um deles
está concluído e os outros três (6CHEV4ARJS, 9FR47DRJS e 9FR49DPRJS),
em fase de perfuração, em lâminas d’água que variam entre 1.184 metros e
1.276 metros de profundidade.
Movimentação de terreno
Ex-presidente
da Associação Brasileira dos Geólogos de Petróleo, Nilo Azambuja
afirma que as conjecturas que surgem em relação às causas do vazamento
na Bacia de Campos, até mesmo as que vêm sendo investigadas pela ANP,
não podem ser consideradas definitivas.
Segundo
ele, a Chevron poderia estar tentando alcançar o pré-sal, sem que isso
represente uma irregularidade. “A área é dela, se quiser pode ir ao
Japão”, afirmou ele, acrescentando que a empresa deve, com até 20 dias
de antecedência, avisar a ANP sobre seus planos de perfuração, com
detalhes da profundidade.
Para
Azambuja, a hipótese mais provável é que durante o trabalho de injeção
de água em um poço tenha havido movimentação de terreno e o petróleo
represado no que os especialistas chamam de trapa (armadilha) acabou
escapando. “Esse é um fenômeno que pode acontecer. Em reservatórios, o
óleo pode ficar preso numa trapa. Quando a trapa rompe, há vazamento.”
Estrangeiros
A
Polícia Federal também investiga a suspeita de que a Chevron empregue
estrangeiros em situação irregular no País. Segundo o delegado Fábio
Scliar, há indícios de que até pessoas que não deram entrada
oficialmente no Brasil estejam trabalhando em plataformas localizadas no
litoral brasileiro.
“Trata-se de um
ilícito administrativo. Mas é algo sério. Se isso for comprovado e
esses estrangeiros em situação irregular estiverem recebendo salários
no exterior, por exemplo, já se configura crime de sonegação fiscal e
de sonegação previdenciária”, explicou o delegado responsável. Um
porta-voz da empresa negou essa possibilidade.
A
ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que a prioridade,
no momento, é conter o vazamento. “Estamos agindo neste sentido.
Depois, vamos passar para a fase de apuração de responsabilidades e
penalidades. Teve dano ambiental, tem multa, a legislação é clara. A
área técnica vai produzir relatórios e, depois, vamos dar satisfação à
sociedade”, disse.
Já
o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), reforçou sua posição de que
os Estados produtores de petróleo têm de receber uma maior parte dos
royalties pois são afetados pela operação. “Esse acidente é a
demonstração clara do que significa um dano ambiental em um Estado
produtor de petróleo. É uma prova de que eles devem receber uma parte
maior dos royalties.”
.
Um comentário:
Estou com Cabral!!!
Postar um comentário