Do Diário do Centro do Mundo - 13 de maio de 2013
É o que sugere um estudo.
Paulo Nogueira
Os ateus são mais pacíficos?
É uma questão que emerge de uma das listagens mais interessantes que existem. É o GPI, Global Peace Index, fruto de um centro de estudos baseado em Londres.
Especialistas trabalham com mais de 20 indicadores econômicos e sociais de 144 países e montam uma lista da paz e riqueza mundiais.
Uma das coisas que impressionam, e têm despertado uma discussão vibrante, é a alta colocação dos países “ateus”, aqueles em que a maior parte das pessoas não acredita em Deus.
A Suécia, com 85% de ateus, se destaca no GPI e em todas as análises comparativas de desenvolvimento econômico, humano e social. Bem como a Dinamarca, a Noruega , a Islândia e a Finlândia.
No caso do GPI, todos estes países escandinavos estão no topo. O ateísmo é elevado em cada um deles. Do lado oposto, as piores colocações são de países com religiosidade alta, seja muçulmana ou cristã.
O Brasil, como em todo estudo de avanço social, tem ainda uma posição brutalmente medíocre, embora tenha havido avanços respeitáveis nos últimos dez anos.
O GPI faz pensar.
Desde os primórdios da civilização, uma das razões mais comuns de conflitos é a religião. A Índia, para ficar num caso, foi golpeada duramente em seu progresso por conta da guerra sangrenta entre hindus e muçulmanos.
Um pedaço da Índia de dominação muçulmana acabou se tornando um país independente, o Paquistão, hoje no meio do caminho entre os jihadistas islâmicos e os mísseis americanos.
Lembro de um vídeo que mostra Ophra, a apresentadora americana, indo a Copenhague para tentar descobrir por que a Dinamarca é o país mais feliz do mundo, segundo um outro estudo. (Estive lá também, pelo mesmo motivo.)
Ophra junta um grupo típico de mulheres dinamarquesas e bate um papo.
São saudáveis, bonitas, articuladas, orgulhosas de seu país. Não são massacradas por plásticas, maquiagens, griffes.
Quando Ophra pergunta se acreditam em Deus, elas respondem prontamente que não. Uma diz que acredita na “humanidade”.
Dizem também não acreditar tanto assim no casamento formal, o que não quer dizer que não possam ser boas mães e boas companheiras.
Não tenho a pretensão de esgotar uma discussão tão complexa aqui. Como o pastor de Updike que no meio de um sermão perde a fé, em algum momento deixei de crer. Não fiquei nem melhor e nem pior do que já era.
Também não tenho posição formada sobre a relação entre ateísmo e paz. O homem que mais admirei na vida, meu pai, era profundamente religioso.
Mas muita gente pensa e age diferente de papai e de Greene.
São pessoas que consideram sua religião melhor, e estão dispostas a matar e morrer por isso.
É o que sugere um estudo.
Paulo Nogueira
Os ateus são mais pacíficos?
É uma questão que emerge de uma das listagens mais interessantes que existem. É o GPI, Global Peace Index, fruto de um centro de estudos baseado em Londres.
Especialistas trabalham com mais de 20 indicadores econômicos e sociais de 144 países e montam uma lista da paz e riqueza mundiais.
Uma das coisas que impressionam, e têm despertado uma discussão vibrante, é a alta colocação dos países “ateus”, aqueles em que a maior parte das pessoas não acredita em Deus.
A Suécia, com 85% de ateus, se destaca no GPI e em todas as análises comparativas de desenvolvimento econômico, humano e social. Bem como a Dinamarca, a Noruega , a Islândia e a Finlândia.
No caso do GPI, todos estes países escandinavos estão no topo. O ateísmo é elevado em cada um deles. Do lado oposto, as piores colocações são de países com religiosidade alta, seja muçulmana ou cristã.
O Brasil, como em todo estudo de avanço social, tem ainda uma posição brutalmente medíocre, embora tenha havido avanços respeitáveis nos últimos dez anos.
O GPI faz pensar.
Desde os primórdios da civilização, uma das razões mais comuns de conflitos é a religião. A Índia, para ficar num caso, foi golpeada duramente em seu progresso por conta da guerra sangrenta entre hindus e muçulmanos.
Um pedaço da Índia de dominação muçulmana acabou se tornando um país independente, o Paquistão, hoje no meio do caminho entre os jihadistas islâmicos e os mísseis americanos.
Lembro de um vídeo que mostra Ophra, a apresentadora americana, indo a Copenhague para tentar descobrir por que a Dinamarca é o país mais feliz do mundo, segundo um outro estudo. (Estive lá também, pelo mesmo motivo.)
Ophra junta um grupo típico de mulheres dinamarquesas e bate um papo.
São saudáveis, bonitas, articuladas, orgulhosas de seu país. Não são massacradas por plásticas, maquiagens, griffes.
Quando Ophra pergunta se acreditam em Deus, elas respondem prontamente que não. Uma diz que acredita na “humanidade”.
Dizem também não acreditar tanto assim no casamento formal, o que não quer dizer que não possam ser boas mães e boas companheiras.
Não tenho a pretensão de esgotar uma discussão tão complexa aqui. Como o pastor de Updike que no meio de um sermão perde a fé, em algum momento deixei de crer. Não fiquei nem melhor e nem pior do que já era.
Também não tenho posição formada sobre a relação entre ateísmo e paz. O homem que mais admirei na vida, meu pai, era profundamente religioso.
Mas muita gente pensa e age diferente de papai e de Greene.
São pessoas que consideram sua religião melhor, e estão dispostas a matar e morrer por isso.
O jornalista Paulo Nogueira, baseado em
Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises
Diário do Centro do Mundo.
Paulo Nogueira. Jornalista baseado em
Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises
Diário do Centro do Mundo.
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Do Blog ContrapontoPIG.
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