A pesquisa foi realizada pela rede
de organizações sociais francesas Voltaire, com base em dados
fornecidos por autoridades alemãs e suíças. No ano passado, o Instituto
de Obras da Religião (IOR), nome oficial do Banco do Vaticano,
epicentro do problema, teria lavado cerca de 33 bilhões de dólares.
O Vaticano ocupa o 8º lugar do mundo entre os países que lavam dinheiro
sujo, oriundo da sonegação de impostos, da obtenção de lucros ilícitos,
do tráfico de armas e de drogas, entre outras fontes criminosas. O
Vaticano conseguiu deixar para trás, em matéria de lavagem de dinheiro,
países como a Suíça, Bahamas, Liechtenstein, Nauru e as Ilhas Maurício.
A pesquisa foi realizada pela rede de organizações sociais francesas
Voltaire, com base em dados fornecidos por autoridades alemãs e suíças.
No ano passado, o Instituto de Obras da Religião (IOR), nome oficial do
Banco do Vaticano, epicentro do problema, teria lavado cerca de 33
bilhões de dólares. Esta informação tem um caráter aproximativo, porque
ninguém (nem mesmo o papa) tem acesso ao balanço real da instituição
bancária mais secreta do planeta.
Neste momento, está em atividade uma comissão formada por cardeais e
outros assessores do papa Francisco cuja missão é precisamente a de
investigar os bastidores do IOR e de apresentar ao pontífice propostas
de mudanças radicais no banco. Não está excluída a possibilidade de
fechamento do instituto e a sua transformação numa entidade que possa
administrar os recursos financeiros da cúpula da Igreja Católica
Romana.
O mais recente escândalo no banco foi a prisão do monsenhor Nunzio
Scarano, ex-chefe de contabilidade do IOR que integrava a APSA, um
organismo do IOR que gerencia o patrimônio da Santa Sé. É acusado de
corrupção, calúnia e fraude pela polícia financeira italiana. O papa
foi comunicado sobre a prisão de Scarano e ordenou à sala de imprensa
do Vaticano que divulgasse uma nota, informando que o assessor já havia
sido suspenso do seu cargo em maio deste ano. É acusado de transferir
para o IOR um total de 20 milhões de euros, da Suíça para uma conta de
armadores napolitanos. A Justiça italiana rejeitou, no sábado passado, o
recurso do monsenhor Scarano. Ele continua preso domiciliarmente no
Vaticano.
Antiga fama
A situação do IOR foi o tema de um dos debates mais acalorados pouco
antes do conclave, na Capela Sistina, quando alguns cardeais de todos os
continentes questionaram uns aos outros sobre a responsabilidade dos
principais assessores do papa renunciante Bento XVI no andamento da
corrupção no Banco do Vaticano. Alguns cardeais dos países menos
desenvolvidos, mas também da América do Norte e da Europa, deixaram
vazar essa informação. Considera-se que esse debate foi importante para
que, em seguida, os cardeais tenham votado secretamente no argentino
Jorge Bergoglio como novo papa.
A primeira atitude do novo pontífice foi a de nomear a comissão
especial para a reforma do banco. Assessores de sua confiança
mantiveram também contato com a União Europeia em busca de assessoria
técnica, por meio do Moneyval, que é um organismo da UE que avalia e
executa medidas contra lavagem de dinheiro e contra o terrorismo.
Em 1997, o Conselho da Europa criou a Comissão Especial de Peritos
sobre a Avaliação de Medidas Antilavagem de Dinheiro, com a sigla
PC-R-EV, como um subcomitê do Comitê Europeu para os Problemas
Criminais (CDPC). Em 2002, o nome da comissão foi mudado para Comitê de
Peritos sobre a Avaliação das Medidas de Combate à Lavagem de Dinheiro
e ao Financiamento do Terrorismo, com a abreviatura Moneyval, por
entender que a sigla anterior não expressava com clareza os seus
objetivos.
O IOR foi fundado em 27 de junho de 1942 pelo papa Pio XII. Seus
estatutos foram redigidos de tal forma que nem o papa tem acesso direto
à sua administração. Já nas primeiras décadas dos anos 40, foram
levantadas suspeitas de que banco poderia guardar verbas produzidas
pelo regime nazista e também por banqueiros judeus perseguidos. O caso
Marcinkus tornou-se o escândalo mais conhecido envolvendo o IOR. O
então arcebispo norte-americano foi responsabilizado, pelas autoridades
italianas, de envolvimento com a Máfia, na falência do Banco
Ambrosiano, que também envolveu a loja maçônica P-2 e vários
banqueiros. O caso inspirou até mesmo a produção de filmes e de vários
livros.
Dermi Azevedo No Carta Maior
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