Parece definida a situação de Marina Silva em relação à eleição
presidencial de 2014. Como não há mais tempo hábil para cumprir as
exigências legais para a Rede Sustentabilidade formalizar o registro
junto ao TSE, ela não tem opção. Fica fora da competição ou, até o dia 4
de outubro, põe o pé no estribo do primeiro bonde que passar. No
entanto, Marina tornou proibido falar em “plano B”.
Não há espaço para ela no PSOL. Não há como retornar ao PV, com o qual
rompeu após disputar a eleição de 2010 e “arrancar” quase 20 milhões de
votos. Talvez ela seja bem recebida no PPS, que tem como preferência, no
entnato, a adesão de José Serra, caso ele decida dar adeus ao PSDB.
Sem Marina Silva no páreo, a situação, em tese, favorece Dilma, com a
popularidade em recuperação. As precoces pesquisas indicam que, neste
caso, se a eleição fosse hoje, ela venceria no primeiro turno se os
adversários fossem Aécio Neves e Eduardo Campos.
O quadro de candidatos ainda está tão indefinido quanto o da economia. Um fator predominante na eleição de 2014.
Para onde escoaria a votação de Marina, considerando que é um voto de
forte conteúdo antipartidário? Ela reproduziria a decisão de não apoiar
ninguém, como fez no segundo turno de 2010? Até quando ela vai evitar o
jogo político? Talvez quando a bem-aventurada Marina entender, como já
foi dito, que a política é uma atividade para pecadores.
Além de perder a corrida contra o tempo, Marina engasgou com as mais de
800 mil assinaturas coletadas em um ano. Era preciso, no entanto,
certificar em cartório. Somente 250 mil foram reconhecidas oficialmente.
A metade do que a legislação exige para a formação de partido. Esse
número expressa o mínimo exigido pela legislação: 0,5% dos votos dados
na última eleição para a Câmara dos Deputados, não computados os brancos
e nulos. Isso corresponde a exatamente 491.656 assinaturas certificadas
em cartório de, pelo menos, nove estados.
Marina acusou a lentidão dos cartórios. Foi vítima da burocracia que,
quando não falha, tarda. Em gesto de desespero, propôs ao TSE entregar
mais de 600 mil sem conferência para obter, em confiança, o registro do
partido. Ela pede o impossível: que o tribunal abra uma exceção.
Mas eis que, de São Paulo, chegaram notícias ruins. A Justiça Eleitoral
identificou indícios de fraude na coleta de assinaturas para a criação
do partido. O Ministério Público Eleitoral e a polícia foram mobilizados
em alguns municípios paulistas.
Somente o registro perante o TSE garante a participação no processo
eleitoral. Marina não cumpriu as exigências preliminares para chegar a
essa etapa que, em geral, consome cerca de 30 dias. Basta conferir o
calendário. O tempo passou.
Andante Mosso
No PSOL, quem forçava a coligação com Marina Silva já está de malas
prontas. É o caso, entre outros, dos vereadores Heloisa Helena (AL) e
Jefferson Moura (RJ). “Dialogar, sim, coligar não”, reafirma o deputado
Chico Alencar (PSOL-RJ).
Maurício DiasNo CartaCapital
Nenhum comentário:
Postar um comentário