Uma vergonha que uma pessoa com essa cara de pau e despreparo seja a
segunda colocada nas pesquisas. Isso é só um aperitivo, tem muito mais
na CartaCapital, mas não recomendo para ninguém.
CartaCapital: A decisão de se filiar ao PSB foi exclusiva da senhora, como afirmou o deputado Alfredo Sirkis, seu aliado?
Marina Silva: Depois da
negativa do Tribunal Superior Eleitoral, motivada pela inércia dos
cartórios, nós da Rede Sustentabilidade tínhamos de buscar um novo
caminho. Havia tanta convicção da obtenção do registro do partido que a
gente não tinha um plano B. Coletamos 910 mil assinaturas. Fizemos um
trabalho criterioso, descartamos por conta própria 220 mil assinaturas.
Encaminhamos 668 mil para os cartórios. Mas em função de uma série de
razões que eu espero, um dia, possam ser esclarecidas, foram anuladas
140 mil assinaturas. Destas, 95 mil foram invalidadas sem nenhuma
justificação.
CC: Que inovação a Rede apresenta?
MS: Estamos vivendo uma profunda transformação no mundo.
Obviamente, fazemos parte dessa mudança, por isso é tão difícil
compreendê-la. O olho não consegue ver o que está dentro dele. Mas é
possível um esforço de olhar no espelho. A Rede procura dialogar com
esse novo sujeito político, que se diferencia do anterior em vários
aspectos. Na minha época, o ativismo era sustentado por organizações
muito definidas: partidos, sindicatos, organizações estudantis, centrais
sindicais. Isso no campo das lutas populares. Entre os grupos que a nós
se opunham, havia corporações que faziam a sua parte dentro dos
partidos. É o que chamo de ativismo dirigido. Hoje, emergiu o ativismo
autoral. Esse tipo de ativismo não é mais dirigido por instituições ou
líderes carismáticos. A Rede aprofunda esse diálogo com a sua base. Como
não temos a lógica da votação para estabelecer quem ganha e quem perde,
tradição clássica dos partidos, buscamos consensos progressivos. Ainda
que a maioria da direção tenha concordado com a ideia da aliança
programática, uma parte não concordou. Vamos continuar o debate, buscar o
consenso progressivo. As pessoas têm o direito de discordar e
manifestar sua posição. Nossos militantes não estão ali porque a Marina
Silva ou a Rede pediu. Estão convencidas e acreditam nesse projeto. As
manifestações de junho é uma demonstração disso.
CC: É possível formar uma maioria no Congresso sem acordos com partidos, apenas em torno de programas?
MS: Sim, basta estabelecer a agenda estratégica, essencial. Hoje,
os partidos da base chantageiam o governo, exigem mais cargos, mais
verba. Em vez dos anões ficarem se comendo, eles se juntaram e criam
problemas para o governo. O discurso é sempre o mesmo: “tratem de nos
seduzir, de nos conquistar”. Os deputados da Rede, que são ao menos
sete, não vão participar dessa chantagem. As coisas boas e justas que o
governo mandar para a Câmara dos Deputados e o Senado serão apoiadas.
Não queremos desconstruir ninguém. Queremos é construir uma nova agenda
para o Brasil, uma nova realidade política.
CC: A senhora aceitaria ser vice de Eduardo Campos?
MS: O projeto é adensar um programa. Quando tentam calar a sua
voz, é preciso buscar um canal. O que vai fazer a diferença nessas
eleições não serão as estruturas, o tempo de televisão, será uma nova
postura. E ela será muito saudável e boa, eu espero, para o ambiente da
disputa. O Eduardo Campos mesmo disse: “A gente não pode ficar preso a
essa lógica de televisão”. Quando ouvi isso, respondi: “Poxa vida, a
gente tem que tentar. Nós temos uma contribuição”. E a candidatura do
Eduardo está posta, jamais iria para uma conversa com ele com qualquer
intenção de desconstruir essa candidatura posta. Muito pelo contrário, é
uma tentativa de, programaticamente, instituir um novo processo.
CC: A senhora se considera oposição ao governo Dilma?
MS: Não sou da oposição. Dizia isso já em 2010. Não sou de oposição nem de situação.
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