terça-feira, 15 de julho de 2014

“Elite branca” volta a vaiar Dilma

Ao entregar a taça de campeã à seleção alemã, neste domingo no Maracanã, Dilma Rousseff voltou a ouvir vaias e alguns palavrões. As grosserias foram bem menores do que as registradas na abertura da Copa do Mundo, no estádio do Itaquerão, mas devem reacender a polêmica sobre a origem de classe destes “indignados”. O tema já foi motivo de controvérsia entre a própria presidenta e seu ministro Gilberto Carvalho, chefe da Casa Civil. Mas uma rápida olhada nos perfis dos frequentadores dos estádios nestes 30 dias de Copa no Brasil não deixa qualquer margem à dúvida. A esmagadora maioria pertence à chamada “elite branca”, segundo a clássica definição do liberal Claudio Lembo. 
Até uma pesquisa do “insuspeito” Datafolha confirmou o óbvio. Realizada com os torcedores que compareceram ao jogo Brasil e Chile, em 28 de junho no Mineirão, ela mostrou que 90% se declararam pertencentes às chamadas classes A ou B. Apenas 6% eram negros e 67% eram brancos, num abissal contraste com a realidade étnica do Brasil. A pesquisa ainda revelou que “a reprovação ao governo Dilma é quase o dobro da média do país”. A própria Folha tucana, do mesmo grupo empresarial, foi obrigada a estampar no título: “Brancos e ricos são maioria em estádio”. Ela ainda concluiu: “Datafolha confirma a percepção de que quem frequenta os estádios da Copa do Mundo é a ‘elite branca’”.
Outras conclusões do jornal tucano: “A classe média brasileira, que ascendeu na era Lula, está muito pouco representada no estádio. Só 9% dos torcedores são da classe C, enquanto na população esse estrato é de 49%. A classe B era a mais presente no estádio (61%), seguida pela classe A (29%). Quase 9 em cada 10 torcedores brasileiros integram a chamada população economicamente ativa (PEA): 48% são assalariados, 13%, empresários e 10%, funcionários públicos. Dentre os 12% não ativos, 8% são estudantes. O torcedor desta Copa se assemelha a um morador de bairros nobres da capital paulista, como Moema (zona sul) ou Jardim Paulistano (zona oeste), em termos de renda”.
Mas nem precisa de pesquisa para chegar a tais conclusões. A mídia internacional logo percebeu a predominância da “elite branca” nos estádios. Vários jornais estrangeiros estranharam a ausência de “pessoas do povo” nos jogos e constataram a forte presença dos “endinheirados”. A área VIP do Itaquerão, de onde partiram os primeiros xingamentos, foi bancada por poderosas empresas, como o Itaú, Visa e outras, que distribuíram milhares de convites para artistas e executivos das corporações. Entre os mal-educados que gritaram “Ei, Dilma, vai tomar no c...” estavam alguns “calunistas” da velha mídia golpista e várias estrelas globais — da Rede Globo. 
Apesar deste público hostil e asqueroso, a presidente Dilma Rousseff não se intimidou e decidiu entregar a taça à seleção campeã — como outros chefes de Estado fizeram em outras solenidades de encerramento da Copa do Mundo. Em várias entrevistas durante a semana, ela afirmou que não temia as vaias e colocou o dedo na ferida: “Quem compareceu aos estádios, isso não podemos deixar de considerar, foi predominantemente quem tinha poder aquisitivo para pagar o preço dos ingressos da Fifa. E dominantemente uma elite branca. Em alguns casos, 80%, 90%, eram dominantemente a elite branca”, afirmou, sem pestanejar, à jornalista Renata Lo Prete no programa da Globo News, exibido na sexta-feira (11). Assista aqui.



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