Felipão e Fred |
Felipão se transformou na Geni da música do Chico Buarque.
Na falta de explicações mais profundas para o vexame, todos atiram pedras nele.
Felipão é um técnico ultrapassado.
Felipão é teimoso.
Felipão é arrogante.
Felipão escalou mal o time na semifinal.
Felipão não entende de tática.
Etc etc etc.
Felipão é tudo isso - e muito mais.
Ele encarna uma estrutura profissional podre - que só poderia produzir treinadores como Felipão, jogadores como Fred, presidentes de confederações como Marin e Del Nero e comentaristas como Neto e Ronaldo.
O futebol brasileiro vive no passado.
Com clubes dirigidos por cartolas ridículos, amadores que não têm noções elementares de administração.
Com treinadores despreparados, cuja única preocupação é cavar empregos com salários astronômicos.
Com "empresários" que se aproveitam das condições miseráveis das famílias dos seus "protegidos".
Com uma imprensa repleta de "bicões" deslumbrados com o mundo glamouroso do esporte mais popular do planeta.
Com "craques" que mais se preocupam em se produzir para as baladas do que em treinar simples fundamentos - passes, dribles, desarmes, essas coisas tão necessárias para que o jogo seja eficiente.
Perder uma semifinal de 7 a 1, algo inédito numa Copa do Mundo, é, sim, motivo de vergonha.
Mas mais vergonhoso é não admitir que o futebol brasileiro precisa ser reinventado.
Por todos: jogadores, cartolas, imprensa.
Ainda somos - e seremos por muito tempo - o país do futebol.
Mas não temos mais, aqui, na pátria do futebol, o melhor futebol do mundo.
E só voltaremos a tê-lo quando compreendermos que não vivemos mais nas décadas de 50, 60, 70 ou 80, quando o Brasil era um pobre coitado que comportava gente tão pequena como esses atuais manda-chuvas do nosso futebol.
O mundo mudou.
O Brasil mudou.
O nosso futebol ficou perdido lá no passado
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