quarta-feira, 9 de julho de 2014

Felipão é apenas um triste retrato do futebol brasileiro


Felipão e Fred 
Carlos Motta 

Felipão se transformou na Geni da música do Chico Buarque.

Na falta de explicações mais profundas para o vexame, todos atiram pedras nele.

Felipão é um técnico ultrapassado.

Felipão é teimoso.

Felipão é arrogante.

Felipão escalou mal o time na semifinal.

Felipão não entende de tática.

Etc etc etc.

Felipão é tudo isso - e muito mais.

Ele encarna uma estrutura profissional podre - que só poderia produzir treinadores como Felipão, jogadores como Fred, presidentes de confederações como Marin e Del Nero e comentaristas como Neto e Ronaldo.

O futebol brasileiro vive no passado.

Com clubes dirigidos por cartolas ridículos, amadores que não têm noções elementares de administração.

Com treinadores despreparados, cuja única preocupação é cavar empregos com salários astronômicos.

Com "empresários" que se aproveitam das condições miseráveis das famílias dos seus "protegidos".

Com uma imprensa repleta de "bicões" deslumbrados com o mundo glamouroso do esporte mais popular do planeta.

Com "craques" que mais se preocupam em se produzir para as baladas do que em treinar simples fundamentos - passes, dribles, desarmes, essas coisas tão necessárias para que o jogo seja eficiente.

Perder uma semifinal de 7 a 1, algo inédito numa Copa do Mundo, é, sim, motivo de vergonha.

Mas mais vergonhoso é não admitir que o futebol brasileiro precisa ser reinventado.

Por todos: jogadores, cartolas, imprensa.

Ainda somos - e seremos por muito tempo - o país do futebol.

Mas não temos mais, aqui, na pátria do futebol, o melhor futebol do mundo.

E só voltaremos a tê-lo quando compreendermos que não vivemos mais nas décadas de 50, 60, 70 ou 80, quando o Brasil era um pobre coitado que comportava gente tão pequena como esses atuais manda-chuvas do nosso futebol.

O mundo mudou.

O Brasil mudou.

O nosso futebol ficou perdido lá no passado

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