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Lula |
Clap, clap, clap.
Aplaudo de pé uma frase de Lula de hoje: “Não leio FHC”.
É um aplauso apartidário e apolítico. Quero com isso dizer o seguinte: aplaudiria também FHC se ele dissesse que não lê Lula.
Lula disse o que disse quando jornalistas lhe perguntaram o que achara
de um artigo de FHC em que este acusava Lula de tergiversar quando o
assunto é o Mensalão.
A sabedoria da resposta reside no seguinte: você não deve ler quem aborrece você.
Já escrevi sobre isso. Falei do “BIM”, o Brasileiro Indignado com a
Mídia. É alguém de esquerda, homem ou mulher, e que gasta o seu dia
lendo os blogueiros da Veja, ouvindo os comentaristas da CBN e vendo, à
noite, os telejornais da Globo.
No dia seguinte a esse massacre jornalístico, ele posta sua raiva nas redes sociais.
Não se dá conta de que está alimentando o inimigo com seu consumo indigesto de notícias, e fazendo mal a si próprio.
Reinaldo Azevedo sempre tripudia sobre os “petralhas” que o lêem.
(Azevedo parece mais orgulhoso por ter criado a palavra “petralha” do
que Balzac por ter criado A Comédia Humana.)
Vejo alguns BINS alegarem que é importante conhecer o pensamento dos adversários. Ora, há maneiras menos penosas de fazer isso.
Há uma triagem natural que faz com que os textos ou vídeos importantes cheguem a você na internet.
Eu, por exemplo. Não tive que ouvir Jabor todo dia para, em determinado
momento, saber que ele, na CBN, avisou em maio que o Brasil daria um
vexame mundial na organização da Copa.
Penso em Gandhi, e vejo nele uma ação que deveria inspirar o BIM. Num
determinado momento de sua vida, Gandhi comandou um boicote de produtos
dos imperialistas ingleses.
Talvez um boicote funcionasse melhor do que posts irados nas redes
sociais, e o desgaste físico e emocional dos indignados seria bem menor.
Lula faz isso. Boicota os artigos de FHC. Não é a primeira vez que o
vejo agir assim. Ele já contou que, num certo momento de sua gestão,
parou de acompanhar a mídia, ou enlouqueceria.
É o chamado manual de sobrevivência.
Na minha carreira jornalística, deixei um dia de ler a Folha, que me
fazia mal por sua arrogância e negativismo. Também deixei de ver o
Jornal Nacional, por achar maçante e obcecado com más notícias.
Minha carreira não sofreu prejuízo nenhum com tais decisões. O tempo
ganho ao não ler a Folha e não ver o JN acabou dedicado a coisas mais
proveitosas para minha ascensão pessoal e profissional.
Eventuais — raras — coisas importantes da Folha ou JN sempre acabaram chegando até mim.
Não ler o que enraivece você é um ato filosófico.
Aplaudi Lula, e aplaudirei FHC se um dia ele disser: “Não leio o Lula”.
Paulo Nogueira
No DCM
Também do Blog CONTEXTO LIVRE.
2 comentários:
Bom dia.
Excelente.
Ainda ontem postei em outras palavras o mal que me faz dar apenas uma olhadinha no Facebook e ler tantas sandices, assim como assistir as bobagens ditas pelo Jabor. Acaba com minha saúde.
Também deixei de assistir o JN e ouvir tantas coisas que me fazem mal.
Um abraço.
Professor Pedro, bom dia!
Obrigado pelo seu comentário.
Eu também faço a mesma coisa.
Abraços,
Saraiva
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