Brasil 247 -
MAURO SANTAYANNA
Despachos urgentes de agências internacionais dão conta da queda de um avião Boieng 777, da Malaysia Airlines, que saiu ontem, às 12.15, hora local, do aeroporto de Amsterdam, na Holanda, com destino a Kuala Lampur, capital malaia.
A queda da aeronave, que levava 290 pessoas, nas imediações de
Krasni Luch, perto de Shaktarsk, em território ucraniano, próximo da
fronteira com a Rússia, ocorre em um momento em que - coincidentemente? -
boa parte da opinião pública mundial ainda tem a sua atenção voltada
para a tragédia do misterioso desaparecimento, sem deixar pistas, de um
avião do mesmo modelo, e da mesma companhia, sobre o Oceano Índico, em 8
de março deste ano, com 223 passageiros, entre eles, 150 cidadãos
chineses, a bordo.
Segundo agências de notícias ocidentais, o acidente ocorreu em
território controlado por separatistas de etnia russa, que foram
imediatamente acusados, pelo governo ucraniano, de terem derrubado o
avião, usando mísseis terra-ar.
Em conversa telefônica, anteriormente agendada, com o Presidente
Obama, dos EUA, o Presidente russo, Vladimir Putin, negou
peremptoriamente essa possibilidade, também desmentida pelo líder dos
separatistas do Leste da Ucrânia, Alexander Borodai.
Como o avião se encontrava há dez mil metros de altura, ele só
poderia ser abatido, teoricamente, por mísseis de uma bateria antiaérea,
e não pelos projéteis portáteis usados, normalmente, pelos combatentes
independentistas da região, que têm entre 3 e 4 mil metros de alcance.
Afastada a hipótese da explosão de uma bomba a bordo, e em caso de
confirmação de que a queda do avião malaio - que contava com 15 cidadãos
norteamericanos entre seus passageiros - foi provocada pelo disparo de
um míssil, é preciso desconfiar das versões apressadamente apresentadas
pelas autoridades do atual governo ucraniano.
É estranho que o incidente aconteça justamente depois da recente
derrubada de um avião militar da Ucrânia, por rebeldes separatistas, e
quando os Estados Unidos estão anunciando novas sanções contra a Rússia.
E isso, em um momento em que o Presidente Vladimir Putin acaba de
colher importantes vitórias diplomáticas, junto com o seu colega chinês,
Xi Jinping, em périplo pela América Latina, no contexto da Cúpula dos
BRICS de Fortaleza, e do lançamento do Novo Banco de Desenvolvimento e
do Fundo de Reservas do grupo.
Considerando-se a permeabilidade da vasta fronteira que separa a
Rússia e a Ucrânia, e os estreitos contatos na área de defesa -
incluindo a fabricação de armamentos - que existiam entre os dois
países, desde os tempos da antiga União Soviética, seria fácil, para
qualquer uma das partes em confronto, derrubar uma aeronave usando um
foguete ar-ar de origem russa disparado de outro avião, hipótese que
está sendo investigada, com base em informações de satélites, tanto por
Washington como Moscou neste momento.
É preciso não esquecer que, quando da queda de Yanukovich, teoricamente precipitada por disparos feitos por policiais contra manifestantes da Praça Maidan, correu a versão, ainda não totalmente desmentida, ou devidamente esclarecida, de que os tiros teriam partido, na verdade, de franco-atiradores ligados a facções da extrema-direita neonazista ucraniana, com a intenção de jogar a opinião pública contra o governo que estava no poder em Kiev até fevereiro deste ano.
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