Queiram ou não, Aécio Neves e Eduardo Campos serão tragados pelo apoio da mídia nativa e da chamada elite. Ou seja, da reação
A presidenta não esmoreceu na luta contra a desigualdade |
Este é o momento certo para as definições, ainda mais porque falta chão
a ser percorrido e o comprometimento imediato evita equívocos. Em
contrapartida, estamos preparados para o costumeiro desempenho da mídia
nativa, a alegar isenção e equidistância enquanto confirma o
automatismo da escolha de sempre contra qualquer risco de mudança. Qual
seria, antes de mais nada, o começo da obra de demolição da
casa-grande e da senzala.
O apoio de CartaCapital à candidatura de Dilma Rousseff decorre
exatamente da percepção de que o risco de uns é a esperança de outros.
Algo novo se deu em 12 anos de um governo fustigado diária e ferozmente
pelos porta-vozes da casa-grande, no combate que desfechou contra o
monstruoso desequilíbrio social, a tolher o Brasil da conquista da
maioridade.
CartaCapital respeita Aécio Neves e Eduardo Campos, personagens
de relevo da política nacional. Permite-se observar, porém, que ambos
estão destinados inexoravelmente a representar, mesmo à sua própria
revelia, a pior direita, a reação na sua acepção mais trágica. A
direita nas nossas latitudes transcende os padrões da
contemporaneidade, é medieval. Aécio Neves e Eduardo Campos serão
tragados pelo apoio da mídia e de uma pretensa elite, retrógrada e
ignorante.
A operação funcionou a contento a bem da desejada imobilidade nas
eleições de 1989, 1994 e 1998. A partir de 2002 foi como se o eleitorado
tivesse entendido que o desequilíbrio social precipita a polarização
cada vez mais nítida e, possivelmente, acirrada. Por este caminho, desde
a primeira vitória de Lula, os pleitos ganham importância crescente na
perspectiva do futuro.
CartaCapital não poupou críticas aos governos nascidos do
contubérnio do PT com o PMDB. No caso do primeiro mandato de Dilma
Rousseff, vale acentuar que a presidenta sofreu as consequências de uma
crise econômica global, sem falar das injunções, até hoje inescapáveis,
da governabilidade à brasileira, a forçar alianças incômodas, quando
não daninhas. Feita a ressalva, o governo foi incompetente em termos de
comunicação e, por causa de uma concepção às vezes precipitada da
função presidencial, ineficaz no relacionamento com o Legislativo.
A equipe ministerial de Dilma, numerosa em excesso, apresenta lacunas
mais evidentes do que aquela de Lula. Tirante alguns ministros de
inegável valor, como Celso Amorim e Gilberto Carvalho, outros mostraram
não merecer seus cargos com atuações desastradas ou nulas. A própria
Copa, embora resulte em uma inesperada e extraordinária promoção do
Brasil, foi precedida por graves falhas de organização e decisões
obscuras e injustificadas (por que, por exemplo, 12 estádios?), de sorte
a alimentar o pessimismo mais ou menos generalizado.
Críticas cabem, e tanto mais ao PT, que no poder portou-se como todos
os demais partidos. Certo é que o empenho social do governo de Lula não
arrefeceu com Dilma, e até avançou. Por isso, a esperança se estabelece
é deste lado. Queiram, ou não, Aécio e Eduardo terão o pronto, maciço,
às vezes delirante sustentáculo da reação, dos barões midiáticos e dos
seus sabujos, e este custa caro.
Mino Carta
No CartaCapital
Também do Blog CONTEXTO LIVRE.
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