Não deu outra. Bem que avisei, desde o primeiro dia, que isso não daria
certo. Antes mesmo de começar a campanha, no dia em que foi ungida
candidata a presidente pelo PSB, Marina Silva abriu a primeira grande
crise na estranha aliança ambientalista-socialista, ao bater de frente
com o pessebista histórico Carlos Siqueira, que era uma espécie de José
Dirceu de Eduardo Campos, coordenador-geral da campanha presidencial do
ex-governador pernambucano, que morreu num acidente aéreo na semana
passada. Como escrevi aqui outro dia, o mundo de Marina se divide entre
quem manda e quem obedece. Quem manda é ela. Siqueira não obedeceu e já
caiu fora.
"Não tenho magoa nenhuma dela, apenas acho que quando se está numa
instituição como hospedeira, como ela é, tem que respeitar a
instituição, não se pode querer mandar na instituição. Ela que vá mandar
na Rede dela, porque, no PSB, mandamos nós", desabafou o ex-chefe da
campanha de Eduardo nesta quinta-feira, ao deixar a reunião do PSB com
partidos coligados, em Brasília, para oficializar a nova chapa
presidencial.
O que todo mundo já sabia, mas era escondido pela grande imprensa
familiar, que queria garantir um segundo turno na eleição presidencial,
Siqueira botou para fora a guerra surda da aliança de Eduardo com
Marina: "Acho que ela não representa o legado de Campos. Eu não vou
fazer campanha pra ela porque eles eram muito diferentes, politicamente,
ideologicamente, em todos os sentidos."
Para o lugar de Siqueira, Marina autocraticamente nomeou Walter Feldman,
seu fiel aliado, fundador do PSDB e secretário de vários governos
tucanos. O último cargo público que ocupou, antes de trocar o PSDB pelo
PSB, quando ajudava Marina a criar a Rede Sustentabilidade, que não deu
certo, foi o de "Secretário Especial de Articulação de Grandes Eventos"
da Prefeitura de São Paulo. Alguém pode imaginar o que seria isso?
Tratava-se de uma bela mordomia em Londres, que durou seis meses e foi
custeada pelos nossos impostos, em que Feldman foi encarregado de
acompanhar as Olimpíadas na Inglaterra para dar sugestões à Prefeitura
de São Paulo, na época comandada por Gilberto Kassab, sucessor e aliado
do tucano José Serra. Como as próximas Olimpíadas serão sediadas no Rio,
e não em São Paulo, ninguém entendeu até agora qual era o objetivo da
sinecura de Feldman em Londres. É desse tipo de gente que Marina está
cercada, incluindo herdeiras de bancos, economistas tucanos e altos
empresários de cosméticos.
Em seu relatório final sobre seu trabalho em Londres entregue à
prefeitura de São Paulo, Feldman concluiu com o seguinte ensinamento, no
melhor estilo Marina Silva: "As atividades que envolvem um grande
contingente populacional devem ter toda a área de prevenção e análise de
riscos, planejamento, agregação e uma retaguarda especializada, com
experiência internacional, para monitorar, dar suporte e formar uma rede
de ação, a qual, desenvolvida em São Paulo, deverá atuar como fio
condutor para o Brasil". Maravilha!
Entenderam? Pois é isso que nos espera nas propostas a serem
apresentadas por Marina Silva na campanha presidencial, a julgar pelas
ininteligíveis propostas que a candidata e seus fiéis seguidores
apresentaram até agora. Salve-se quem puder, ou quem tiver juízo.
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