A “reportagem” do Jornal Nacional desta quinta-feira (31) onde Aécio
Neves admite o uso do aeroporto de Cláudio deveria ser copiada e
distribuída nas escolas de jornalismo.
Porque é uma aula de como não deve (ou deveria) ser o jornalismo.
Fernando Brito
No Tijolaço
O texto é uma colagem de notas oficiais e declarações em clima de campanha do candidato tucano.
Não há uma gota sequer de reportagem ou investigação.
Vale o que foi escrito e o que foi dito pelo candidato.
Cláudio, que não chega a 30 mil habitantes, vira “um grande centro industrial”, nas palavras incontestáveis do candidato tucano.
Não há uma indagação sequer sobre o que justifica o asfaltamento de uma
pista de aviação em Montezuma, uma vila que não tem oito mil e nem
coisa alguma, exceto a fazenda que a empresa da família Neves tomou ao
Estado num usucapião pra lá de estranho.
Mas convenhamos, as faltar a pista de Montezuma, por R$ 300 mil, foi
uma bagatela ões, fora a desapropriação perto dos R$ 14 milhões gastos
para asfaltar a pista aberta por vovô Tancredo nas terras do
contraparente, irmão de Dona Risoleta.
Ninguém se interessa em perguntar porque uma obra custou 40 vezes mais do que outra, bastante semelhante.
Quem sabe pudessem perguntar ao piloto do “avião da eleição” que o JN
põe no ar para mostrar as mazelas do Brasil – que começaram neste
governo, é claro – se é normal pousar em aeroportos irregulares.
Ou se ele se comunicava com a “torre” de Cláudio.
— Manda chamar o tio!
— Fala, sô
— Fasta os boi, que nós tá ino…
— Já mandei tirá, minino.
— Os garoto dos aeromodelo num tão por lá, não?
— Craro qui não, avisei qui quem ia brincá hoje era ocê…
Nenhum repórter foi olhar o processo para saber, afinal, em quanto ficou a bufunfa do tio na desapropriação.
A culpa é da Anac, que não homologou um aeroporto particular que não
apresentou os documentos. E outro, o de Montezuma, que nem pediu para
ser homologado.
Carece não, é só pro menino usar.
Inútil, porém, a pasteurização jornalistica do assunto.
O povo, que é muito menos bobo do que a Globo pensa, não compra bonde faz tempo.
A expressão de Aecio, olhos esbugalhados, palavras despejadas, trai mais a verdade que a tolice do que é dito.
É o “não me deixem só”.
Não adianta remendo.
Era melhor fazer com o gato, que enterra.
Fernando Brito
No Tijolaço
Nenhum comentário:
Postar um comentário