Presidenciável do PSB defende a pulverização de recursos do petróleo a outros estados
Rio - Na queda de braço sobre a
redistribuição ou não dos royalties do petróleo, a presidenciável Marina
Silva (PSB) é contra o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, principais
beneficiados pela compensação ambiental. O caso foi parar no Supremo
Tribunal Federal (STF), depois de o Congresso Nacional ter derrubado os
vetos da presidenta Dilma que preservam os contratos e as verbas do
estado. O Rio perderia, por ano, R$ 1,6 bilhão, segundo a Secretaria de
Fazenda.

Marina Silva e Beto Albuquerque
Foto: Divulgação
A informação foi confirmada ontem ao
DIA pelo chefe de comunicação da campanha da presidenciável, Nilson
Oliveira. Segundo ele, a ex-senadora mantém o posicionamento de 2010,
quando concorreu à Presidência da República pela primeira vez. No Rio,
naquele ano, ela ficou em segundo lugar na disputa no primeiro turno,
recebendo 31% dos votos válidos. Perdeu para Dilma Rousseff, do PT. Na
última pesquisa do Ibope, a ex-senadora aparece à frente da petista no
estado (38% contra 32%).
“Penso que a distribuição dos royalties não
deve ficar apenas com os estados produtores”, disse Marina Silva ao DIA,
em 2010, afirmando, porém, que Rio de Janeiro e Espírito Santo tinham
de ser “valorizados”. “Mas as riquezas devem ser compartilhadas por todo
o país”, completou. Seu posicionamento diz respeito à divisão dos
royalties não só dos campos a serem descobertos,mas aos já explorados.
Tanto à época como agora a ex-senadora não deixa clara a compensação que
proporia aos estados produtores.Pela Lei dos Royalties, a que Marina Silva defende, os estados produtores, que recebem 26% do dinheiro, teriam a fatia reduzida para 20%. Os municípios seriam os principais prejudicados, pois deixariam de receber 26,25% e, já no ano seguinte, passariam para 15%, chegando a apenas 4% em 2020.
Segundo cálculos do governo estadual, os prejuízos do Rio de Janeiro chegariam a R$ 27 bilhões em 2020. Já o Estado do Espírito Santo deixaria de receber R$ 10,5 bilhões.
Na opinião de economistas ouvidos pelo DIA, os royalties não são apenas uma compensação ambiental. Para eles, o dinheiro substitui a arrecadação do ICMS que, no caso do petróleo, não é cobrado na origem, como os outros produtos.
Só em 2013, segundo estudo da Secretaria Estadual de Fazenda, o Rio de Janeiro deixou de arrecadar R$ 8,8 bilhões, mais do que recebeu de royalties do petróleo (R$ 8,2 bilhões).
Declarações de bens de candidata na mira do MP
A campanha de Dilma Rousseff pediu ontem ao Ministério Público Eleitoral que investigue supostas irregularidades na declaração de bens de Marina Silva. A ex-senadora faturou R$ 1,6 milhão desde 2011 com palestras.
O dinheiro é administrado por sua empresa M.O.M. da S.V de Lima, que, à Justiça Eleitoral, teve declarado patrimônio de R$ 5 mil. Marina oficializou ao TSE possuir patrimônio de R$ 135 mil. Somados, os rendimentos dela e o da empresa chegam a R$ 584,1 mil.
Marina declarou ainda ter R$ 27,9 mil no banco. Para o PT, a candidata não informou à Justiça Eleitoral a existência de poupança composta pelos recursos das palestras.
Só o faturamento mensal da empresa da ex-senadora lhe rende, em média, R$ 41 mil. No debate de segunda-feira, promovido pelo SBT, ‘Folha’ e UOL, ela se recusou a divulgar o nome das empresas para quem trabalhou, justificando-se por cláusulas de confidencialidade que a impediam de falar. Na ação, porém, o partido adversário afirma que um de seus clientes garantiu que foi a própria ex-senadora quem impôs a confidencialidade sobre cachê recebido.
Se confirmado, o caso pode virar Inquérito Criminal.
Do Jornal O DIA, por sugestão da Amiga Ana Virgílio.
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