Ela |
Quando chamada a responder pelo que disse em 2008 e desdisse em 2014, é
perseguição. Quando lhe são cobradas explicações sobre o avião de
Campos ou as palestras, estão “fazendo CPIs paralelas, informais”.
Não é fácil ter a vida devassada, é evidente, mas é inevitável para
qualquer candidato, especialmente os postulantes à presidência.
Numa entrevista à CBN, Marina reclamou que a questão das palestras era
um “factoide” — segundo a Folha, entre março de 2011 e junho de 2014 ela
recebeu R$ 1,6 milhão falando para empresas cujos nomes, aliás, não
foram revelados.
Não esclareceu. Ao invés disso, seus adversários, por serem “tão
grandes e poderosos, conseguem ocupar todos os espaços para dizer
inverdades. Eu não tenho a mesma estrutura que eles têm. A presidente
Dilma tem 11 minutos de programa de televisão, o governador Aécio tem
quase cinco. Eu tenho apenas dois minutos”.
No Twitter, escreveu o seguinte: “Eu estou me sentindo injustiçada. É
uma indústria de boatos e mentiras que estão sendo lançadas na internet,
de todas as formas”.
Mais: “Os partidos da polarização, PT e PSDB, não estão acostumados que
as eleições sejam um processo político. Estão acostumados com
plebiscito”. Lembrando que plebiscitos são, eventualmente, legítimos e
Marina os propõe até para escolher entre açúcar e adoçante no café.
Não há novidade na estratégia de vitimização de Marina. Muitos outros já se utilizaram disso.
É uma forma de desqualificar o interlocutor. Dilma e Aécio apanham a
torto e a direito. É do jogo. No caso de Marina, não se pode falar de
sua de suas contradições, de sua falta de clareza, de seu passado,
presente ou futuro — isso é boataria.
A indignação de Eduardo Gianneti e de Demétrio Magnolli com as pessoas
que estranham ou se preocupam com o fundamentalismo religioso de MS é
sintomática. Por que não se pode discutir isso? É proibido? Quais são
os assuntos autorizados pela tropa de choque?
Criticar Marina é crime. A não ser quando ela, Marina Silva, fala dos
demais candidatos. Aí, sim, estamos mais uma vez na presença exuberante
da nova política.
Kiko Nogueira
No DCM
Também do Blog CONTEXTO LIVRE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário