Sociedade
A rainha das amazonas
Bel Moherdaui
Ela vai se encontrar com o
Leo (DiCaprio); se dá bem com o Lenny (Kravitz); acha
o Johnny (Depp), a quem conheceu no aniversário do
Mick (Jagger), uma graça. Sua melhor amiga,
naturalmente, é a Naomi (Campbell). Conversar com Ana
Paula Junqueira (socialite?) é como estar diante de
uma versão falada das revistas de celebridades – ela
conhece ou vai conhecer logo, logo uma impressionante
lista de famosos. Seu passaporte para esse mundo
rarefeito tem todos os carimbos certos: corpinho com tudo
no lugar, um jeito cativante para fazer amigos e um marido
multimilionário, disposto a despejar um bocado de
dinheiro em causas ambientais. Seu feito mais
propalado foi comprar um naco de terra no Amazonas
para manter intocado – em termos amazônicos, a área
de 160 000 hectares é um nada, mas basta dizer que "é
maior que Londres" para deixar europeus de queixo caído.
Criada em fazenda em Santa Rita do Passa Quatro, cidade do interior
de São Paulo onde geralmente não se passa muita
coisa, Ana Paula não terminou a faculdade nem seguiu
carreira, mas à sua maneira conquistou o mundo. Ou, pelo
menos, uma agenda de contatos de matar de inveja a
concorrência.
"Amo o Brasil, e ela é uma das razões disso. É uma amiga fiel e nos falamos todos os dias. Sempre que fico na casa dela, sei que vou comer feijoada", disse a VEJA uma doce e simpática Naomi Campbell, a modelo inglesa conhecida pelo temperamento atômico. As credenciais ecológicas do casal já aproximaram Ana Paula de personalidades como o ex-secretário de Estado americano Colin Powell e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, embora os mortais comuns queiram mesmo saber é dos famosos na acepção mais mundana do termo. E como é circular nas altas esferas? "Recentemente olhei e estava ao lado do Eric Clapton, do Nick Mason, baterista do Pink Floyd, da Frida (Lyngstad), do Abba, e do George Lucas. É um pouco surreal, mas não me surpreendo. Aprendi que são normais como qualquer um. Envelhecem, têm seus problemas", filosofa Ana Paula, que no mês que vem será uma das anfitriãs de uma recepção em prol do meio ambiente na sede da ONU, em Nova York, função que dividirá com Leonardo DiCaprio, o herdeiro da Fiat Lapo Elkann e o milionário grego Stavros Niarchos, entre outros.
Com roupa impecável,
cabelos impecáveis, educação impecável, Ana Paula às vezes se atrapalha
e mistura expressões em inglês, impecável, à conversa. Sobre a corrida
de Fórmula 1 em Barein, no início do mês, diz: "Fomos a convite do crown prince,
que é muito amigo do Johan". Tradução: príncipe herdeiro. Johan,
naturalmente, é o marido, Johan Eliasch, 46 anos, sueco radicado na
Inglaterra, dono do grupo Head, de materiais esportivos, e de uma
fortuna calculada em 700 milhões de dólares. Outro "amigo do Johan" é o
príncipe Andrew, da Inglaterra, que se hospedou em sua casa de São
Paulo no ano passado. "Perguntei a ela: como você chama o príncipe? Ela
me disse que chamava de Andrew mesmo. A Ana Paula é cuca fresca",
diverte-se a mãe, Anna Maria. Carismática e generosa são outros
adjetivos freqüentemente pronunciados pela multidão de amigos. "Ela não
é possessiva. Pôs a Naomi na roda mesmo", anota a atriz Alexia
Dechamps. A dermatologista Adriana Vilarinho também se encanta. "Ela me
trouxe muitos pacientes de fora: Naomi, Lenny Kravitz, um jet set
internacional ao qual eu jamais teria acesso", diz. Esse constante
apresentar amigos e conectar pessoas às vezes resulta em grandes
negócios e, informalmente, em comissões, mas nem pensar em entrar em
detalhes sobre assuntos tão comezinhos. "Ela tem uma agenda incrível de
nomes fantásticos", elogia o empresário Mario Bernardo Garnero, que a
nomeou secretária-geral de uma ONG de políticas sociais, a Anubra.
Não que Ana Paula seja perfeita, ao contrário. Dois defeitinhos ela assume: sonha em fazer carreira política (já se candidatou, em vão, duas vezes a deputada e pretende tentar de novo) e tem uma relação maleável com os fatos quando se trata da data do nascimento. "Às vezes a gente mente a idade, sim", diz, com seus 37 anos declarados. As intervenções estéticas também são tratadas em termos vagos. "Fiz uma lipozinha há muito tempo. E é claro que já coloquei Botox e já fiz preenchimento", resume. Ana Paula nasceu e cresceu bem de vida na fazenda onde os pais plantam cana e criam gado. "Era gorducha, gostava de jabuticaba, andava descalça e era amiga dos filhos dos empregados. Acho que daí veio sua facilidade em circular nos mais diferentes meios", conta a irmã, Renata Azevedo Silva, produtora cultural em São Paulo. Saiu de lá aos 15 anos para estudar e logo começou a viajar. "No começo ganhou do padrinho uma passagem para a Europa. A avó também dava viagem. Daí arrumou um namorado e ficou uma temporada por lá. Quando precisava, o Lincoln, meu marido, mandava dinheiro para ela. Logo depois teve outro namorado e depois o Johan", relata a mãe. A lista de ex-namorados na verdade é um pouquinho maior. Inclui os pilotos Pedro Paulo Diniz e Gianni Morbidelli (com quem morou na Itália), o tenista Fernando Meligeni, o investidor Felipe Nabuco. Do currículo profissional constam algumas fotos como modelo na adolescência e "uns meses" organizando eventos em São Paulo. Atualmente discute, vagamente, um projeto de negócio de cosméticos com a Francesca (Versace).
Há seis anos, Ana Paula
acompanha Eliasch, com quem se considera perfeitamente casada, embora
ainda falte oficializar – as casas (Londres, Paris, Saint-Tropez, São
Paulo e "um chalezinho" nos Alpes) são "nossas", a empresa é "nossa",
os aviões idem. O empresário só no ano passado finalizou o divórcio de
Amanda Eliasch, com quem tem dois filhos adolescentes. Ex e atual se
dão bem. "Acho mais saudável trazer a Ana Paula para a família do que
detestá-la. Ela até é bem graciosa. Seja lá o que for que deu errado no
nosso casamento, foi muito antes da Ana Paula. Ela pode não ter
ajudado, mas o problema já estava lá", diz a despachada Amanda. "Sempre
falei para o Johan que ele precisava de uma italiana com cérebro. E
ele conseguiu uma brasileira com cérebro." Ao estilo upper class (casta
superior que só existe na Inglaterra), Amanda evocou, em entrevista a
um jornal inglês, uma frase do falecido milionário Jimmy Goldsmith,
famoso por manter assumida e simultaneamente três mulheres: "Quem casa
com a amante abre uma vaga". Ana Paula nem liga para insinuações do
gênero: "Na Inglaterra, os advogados que fazem divórcio dão uma
cartilha para a ex-mulher dificultar o processo e conseguir um bom
acordo".
Como a mulher, Eliasch tem ambições políticas. Começou no Partido Conservador, mas mudou de lado e hoje é assessor para assuntos ambientais do primeiro-ministro Gordon Brown, trabalhista, embora seja difícil de perceber. A imensidão amazônica que comprou lhe deu projeção global e, no futuro, pode também render na forma de venda de créditos de carbono para poluidores. Ana Paula é uma relutante rainha das amazonas. Já visitou a área três vezes, mas nunca dormiu em rede. Faz projetos mais afinados com seu perfil: de lá sairiam os óleos e plantas para a projetada parceria com a herdeira Versace. Ainda neste ano ela acha que se casa de papel passado (sem acordo pré-nupcial: "Vou casar, e para sempre, como meu pai e minha mãe"). Quem vai fazer o vestido? "Adoro Alaïa, Dolce & Gabbanna, Stella McCartney, Reinaldo e Gloria, Raia de Goeye", enumera ela. "Coloca também o Roberto Cavalli, que é meu amigo. Ai, essa reportagem vai me causar uma confusão."
Marido milionário, agenda estrelada
e terreno amazônico dão projeção
global a Ana Paula Junqueira
e terreno amazônico dão projeção
global a Ana Paula Junqueira
Bel Moherdaui
Antonio Milena/AE |
Senhora de seus domínios: da fazenda no interior paulista para casas em São Paulo, Londres, Paris, Saint-Tropez e nos Alpes |
"Amo o Brasil, e ela é uma das razões disso. É uma amiga fiel e nos falamos todos os dias. Sempre que fico na casa dela, sei que vou comer feijoada", disse a VEJA uma doce e simpática Naomi Campbell, a modelo inglesa conhecida pelo temperamento atômico. As credenciais ecológicas do casal já aproximaram Ana Paula de personalidades como o ex-secretário de Estado americano Colin Powell e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, embora os mortais comuns queiram mesmo saber é dos famosos na acepção mais mundana do termo. E como é circular nas altas esferas? "Recentemente olhei e estava ao lado do Eric Clapton, do Nick Mason, baterista do Pink Floyd, da Frida (Lyngstad), do Abba, e do George Lucas. É um pouco surreal, mas não me surpreendo. Aprendi que são normais como qualquer um. Envelhecem, têm seus problemas", filosofa Ana Paula, que no mês que vem será uma das anfitriãs de uma recepção em prol do meio ambiente na sede da ONU, em Nova York, função que dividirá com Leonardo DiCaprio, o herdeiro da Fiat Lapo Elkann e o milionário grego Stavros Niarchos, entre outros.
Fotos álbum de família e Luciana Prezia/AE |
Amigos são coisas para guardar: com o estilista italiano Roberto Cavalli; ao lado da amicíssima Naomi Campbell e de Glória Maria; com Lenny Kravitz e Guilhermina Guinle; com Ban Ki-moon, da ONU; e posando com o ator Johnny Depp |
Não que Ana Paula seja perfeita, ao contrário. Dois defeitinhos ela assume: sonha em fazer carreira política (já se candidatou, em vão, duas vezes a deputada e pretende tentar de novo) e tem uma relação maleável com os fatos quando se trata da data do nascimento. "Às vezes a gente mente a idade, sim", diz, com seus 37 anos declarados. As intervenções estéticas também são tratadas em termos vagos. "Fiz uma lipozinha há muito tempo. E é claro que já coloquei Botox e já fiz preenchimento", resume. Ana Paula nasceu e cresceu bem de vida na fazenda onde os pais plantam cana e criam gado. "Era gorducha, gostava de jabuticaba, andava descalça e era amiga dos filhos dos empregados. Acho que daí veio sua facilidade em circular nos mais diferentes meios", conta a irmã, Renata Azevedo Silva, produtora cultural em São Paulo. Saiu de lá aos 15 anos para estudar e logo começou a viajar. "No começo ganhou do padrinho uma passagem para a Europa. A avó também dava viagem. Daí arrumou um namorado e ficou uma temporada por lá. Quando precisava, o Lincoln, meu marido, mandava dinheiro para ela. Logo depois teve outro namorado e depois o Johan", relata a mãe. A lista de ex-namorados na verdade é um pouquinho maior. Inclui os pilotos Pedro Paulo Diniz e Gianni Morbidelli (com quem morou na Itália), o tenista Fernando Meligeni, o investidor Felipe Nabuco. Do currículo profissional constam algumas fotos como modelo na adolescência e "uns meses" organizando eventos em São Paulo. Atualmente discute, vagamente, um projeto de negócio de cosméticos com a Francesca (Versace).
Luciana Prezia/AE |
Com Eliasch, o milionário sueco com quem vive há seis anos: "Casamento para sempre, como o de meu pai e minha mãe" |
Como a mulher, Eliasch tem ambições políticas. Começou no Partido Conservador, mas mudou de lado e hoje é assessor para assuntos ambientais do primeiro-ministro Gordon Brown, trabalhista, embora seja difícil de perceber. A imensidão amazônica que comprou lhe deu projeção global e, no futuro, pode também render na forma de venda de créditos de carbono para poluidores. Ana Paula é uma relutante rainha das amazonas. Já visitou a área três vezes, mas nunca dormiu em rede. Faz projetos mais afinados com seu perfil: de lá sairiam os óleos e plantas para a projetada parceria com a herdeira Versace. Ainda neste ano ela acha que se casa de papel passado (sem acordo pré-nupcial: "Vou casar, e para sempre, como meu pai e minha mãe"). Quem vai fazer o vestido? "Adoro Alaïa, Dolce & Gabbanna, Stella McCartney, Reinaldo e Gloria, Raia de Goeye", enumera ela. "Coloca também o Roberto Cavalli, que é meu amigo. Ai, essa reportagem vai me causar uma confusão."
Do Blog APOSENTADO INVOCADO.
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