Mesmo atacado, Estadão se curva a Joaquim Barbosa
Em editorial deste domingo, o jornal de Francisco Mesquita Neto,
dirigido pelo jornalista Ricardo Gandour, sai em defesa do ministro
Joaquim Barbosa, que classificou o jornalista Felipe Recondo, do próprio
Estadão, como um "palhaço"; Recondo queria apenas saber como Barbosa
encarava uma nota de três associações de magistrados ao presidente do
STF; o ministro se enfureceu e não respondeu as perguntas e nem será
mais preciso: o editorial do Estadão diz que as críticas dos juízes ao
relator da Ação Penal 470 são "injustas"
Brasil 247 - Responsável pela cobertura do Poder
Judiciário para o jornal Estado de S. Paulo, o jornalista Felipe Recondo
tinha uma pergunta a fazer ao ministro Joaquim Barbosa na última
segunda-feira. Queria saber como o presidente do Supremo Tribunal
Federal encarava a duríssima nota publicada por três associações de
magistrados, que classificaram a conduta do ministro como "superficial" e
"desrespeitosa" (leia mais
aqui).
Barbosa havia dito que os juízes brasileiros têm uma mentalidade
pró-impunidade e, por isso mesmo, recebeu a nota dos juízes como
resposta. O fim da história é conhecido. Recondo nem conseguiu terminar
sua questão e foi chamado de "palhaço" pelo chefe do Poder Judiciário,
que também determinou que ele continuasse a "chafurdar no lixo" – o
repórter vinha apurando uma reportagem sobre mordomias no STF.
Joaquim Barbosa, como também é sabido, não se desculpou de maneira
correta. Soltou apenas uma nota genérica falando de seu apreço pela
imprensa e atribuiu seus excessos verbais às "dores nas costas". No
entanto, o ministro também agiu nos bastidores. Solicitou que assessores
procurassem a direção do Estado de S. Paulo e transmitissem a mensagem
de que o jornal não tem mais um bom diálogo no STF – na prática, o
ministro, que já havia colocado na geladeira a repórter Mariângela
Galucci, também do Estadão, pediu a cabeça de Recondo (leia mais
aqui).
O resultado prático está na edição deste domingo do Estado de S. Paulo e
o jornal quatrocentão da família Mesquita, hoje comandado por Francisco
Mesquita Neto e dirigido pelo jornalista Ricardo Gandour, decidiu se
curvar – ao menos, parcialmente – à pressão de Barbosa. No editorial
"Magistratura dividida", que circula na edição deste domingo, o jornal
sai em defesa justamente do personagem que agrediu seu profissional. Na
prática, o Estadão escolheu o pior momento possível, e o dia em que tem
maior leitura, para defender, mais uma vez, Joaquim Barbosa. "As
críticas das associações de juízes ao ministro Joaquim Barbosa são
injustas. Ao dirigente máximo do Judiciário cabe defender os interesses
maiores da instituição, e não ser porta-voz dos interesses corporativos
daqueles que a integram".
Recondo, portanto, nem precisa mais insistir em perguntar ao ministro
Joaquim Barbosa como ele encara as críticas dos juízes. O Estadão
comprou a versão do presidente do STF e respondeu por ele. A nota é
fruto de interesses corporativos dos membros do Judiciário, que estão
sendo corrigidos pelo anjo vingador Joaquim Barbosa. Para o jornalista e
militante político Emiliano José, há uma outra explicação. "Depois de
endeusar o ministro Barbosa, que foi o Torquemada do PT, a alternativa
que resta ao Estadão é defendê-lo em qualquer circunstância", afirma.
Mesmo quando o próprio Estadão é atacado.
2 comentários:
mas e o jornalista já foi mandado embora por justa causa?????????
O Mais importante é que uma mão lava a outra e as duas o rosto, uma vergonha, a pergunta do jornalista: dos altos valores gastos no STF pergunta do jornalista , alguem vai perguntar ou responder, o Jornalista vai ser mandado embora?
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