247 - No olho do furacão de denúncias sobre propina a
políticos para favorecimento em licitações de grandes obras no Brasil,
as multinacionais alemã Siemens e francesa Alstom patrocinam nada menos
que o Instituto Ethos. A organização, segundo ela própria, visa combater
"a utilização do tráfico de influência e o oferecimento ou o
recebimento de suborno ou propina por parte de qualquer pessoa ou
entidade pública ou privada". O fato foi lembrado pelo blog
Tijolaço, de Fernando Brito.
Leia o post abaixo:
A ética da jabuticaba: Siemens e Alstom patrocinam o Ethos
O nosso país não é uma maravilha...
A Siemens e a Alstom, duas campeãs mundiais no pagamento de suborno (clique
aqui e
aqui
para ver o currículo global de suborno de cada uma) patrocinam, no
Brasil, ninguém menos que o Instituto Ethos, uma organização que tem
como objetivo, diz ela, combater "a utilização do tráfico de influência e
o oferecimento ou o recebimento de suborno ou propina por parte de
qualquer pessoa ou entidade pública ou privada".
E o Ethos, convidado pelo Governador Geraldo Alckmin, vai integrar a
"Comissão Pró-Transparência" do escândalo do metrô e dos trens paulistas
superfaturados com a Siemens e a Alstom!
Jabuticabas, por favor!
O vice-presidente do Ethos, Paulo Itacarambi, disse não haver conflito
de interesses no fato de ser patrocinado pelas duas empresas. E disse à
Folha que recebe 'apenas" R$ 18 mil e R$ 14 mil ao ano da Alston e da
Siemens, respectivamente.
Não é verdade.
Só a Siemens destinou US$ 3 milhões para um dos projetos do Ethos, os
"Jogos Limpos". Não foi o Banco Mundial que selecionou os projetos aos
quais seria destinado dinheiro das sanções sofridas pela empresa por
corrupção. O Banco Mundial apenas acompanha, com direito de veto, a
escolha dos programas.
A Alstom também não é uma mera sócia contribuinte. Foi, ao lado da
Siemens e de outras empresas, a patrocinadora, pasmem da edição de uma
revista sobre responsabilidade das empresas em relação às eleições
Aliás, como organizador do Pacto Empresarial pela Integridade e contra a
Corrupção, o Ethos também não sabia das condenações da Siemens e da
Alstom por distribuírem propina a rodo, mundo afora e das denúncias aqui
e convidou as raposas para tomarem conta do galinheiro?
Parece que o pessoal do Ethos é tão desentendido como o Alckmin, que não
sabia de nada e se deparou com 45 investigações do Ministério Público
Estadual.
A ética da jabuticaba lembra aquela história do mafioso que mandava matar e levava flores ao enterro.
Aqui, roubam e com um trocado deste dinheiro financiam as ONGs da "honestidade".
E ainda é dedutível no Imposto de Renda!
Por: Fernando Brito
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