segunda-feira, 7 de outubro de 2013

FHC e a ética do príncipe da pirataria

Por Altamiro Borges
O ex-presidente FHC deve ter ficado meio desnorteado com a aliança pragmática entre Eduardo Campos e Marina Silva, que pode afundar de vez a cambaleante candidatura de Aécio Neves e debilitar ainda mais o seu decadente PSDB. Num dos seus artigos mais rancorosos, publicado neste domingo (6) no Estadão e intitulado “A responsabilidade do STF”, ele destila veneno e pede a imediata prisão dos chamados “mensaleiros do PT”. O “Príncipe da Privataria”, segundo o bombástico livro recém-lançado do jornalista Palmério Dória, posa de ético e carrasco. Patético!
Na maior caradura, ele diz que “não me movem impulsos punitivos e muito menos vingativos”, mas não perdoa a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de conceder o direito aos embargos infringentes aos réus do processo. Falando em nome da sociedade, logo ele que foi rejeitado nas três últimas eleições presidenciais e até descartado por seus correligionários tucanos, FHC garante que “é óbvio que existe nas ruas um sentimento de dúvida, quando não de revolta, com os resultados ainda incertos do julgamento”. Para ele, o povo exige justiça!
“Mesmo sem conhecimento jurídico, a maioria das pessoas formou um juízo condenatório... A opinião pública passou a clamar por castigo. A decisão de postergar ainda mais a conclusão do processo, graças à aceitação dos ‘embargos infringentes’, caiu como ducha de água fria. Por mais que o voto do ministro Celso de Mello tenha sido juridicamente bem fundamentado, ressaltando que o fim dos embargos infringentes no STF foi recusado pela Câmara dos Deputados quando do exame do projeto de lei que suprimiu esses embargos nos demais tribunais, ficou cristalizada na opinião pública a percepção de que se abriu uma chance para diminuir as penas impostas”.
Para o “ético” FHC, caso este abrandamento ocorra “estará consagrada a percepção de que ‘os de cima’ são imunes e só os ‘de baixo’ vão para a cadeia”. Neste sentido, o ex-presidente exige pressa nas condenações. “Pessoalmente, não me apraz ver pessoas na cadeia. Mas isso vale para todos, não só para os políticos ou para os do ‘andar de cima’. E há casos em que só o exemplo protege a sociedade da repetição do crime. A última decisão do tribunal agrava a atmosfera de descrédito e desânimo com as instituições”.
No passado recente, o “príncipe da Sorbonne” já pediu para esquecer o que escreveu. É bom guardar o artigo de FHC publicado hoje no Estadão. Se, de fato, houver Justiça no Brasil, um dia ainda será julgado o escândalo do “mensalão tucano” – que a mídia chama de mensalão mineiro. Com base na farta documentação apresentado no livro “A privataria tucana”, do premiado jornalista Amaury Ribeiro Jr., também será apurado como se deu o criminoso processo de privatização no reinado do ex-presidente. E outro livro indispensável, “O príncipe da privataria”, de Palmério Dória, servirá de base para as investigações sobre a compra de votos para a reeleição do “ético” FHC. Haja cinismo!
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