Se você achava que a era do politicamente correto fez com que a publicidade criasse campanhas mais sensíveis e inteligente, pense duas vezes. Basta assistir a um comercial de cerveja para ver, pela enésima vez, uma loira num bar cheio de uns caras falando de futebol. É batatíssima.
Não é possível que ninguém tenha uma ideia melhor — ainda mais num mundo em que estereótipos ficam cada vez mais visados.
O Ministério da Justiça abriu um processo administrativo contra a
Brasil Kirin, antiga Schincariol, por causa de um anúncio veiculado em
2010 e 2011. Nele, o desenho de uma negra, bem sexy, está ao lado da
frase: “É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra”. Em seguida,
em letras menores: “Devassa negra encorpada. Estilo dark ale de alta
fermentação. Cremosa com aroma de malte torrado”.
A multa pode chegar a 6 milhões de reais. Amaury de Oliva, diretor do
Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, acha que “há fortes
indícios de publicidade abusiva, devido ao fato de a produção equiparar a
mulher negra a um objeto de consumo, por meio da comparação entre seu
corpo e a cerveja”. Também afirmou que “consultou órgãos como a
Secretaria de Políticas para as Mulheres, a Secretaria de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial e o Conselho Federal de Psicologia”. A
“investigação”, segundo ele, começou em 2011.
Dois anos para chegar a essa conclusão?? Se a cervejaria for condenada,
ela deverá recolher a multa para o Fundo de Defesa de Direitos Difusos
do Ministério da Justiça. Poderá recorrer ao Judiciário para protelar o
pagamento. Na maioria das vezes, o dinheiro demora até 10 anos para
entrar nos cofres públicos.
Enquanto isso, o verão vem chegando. E, com ele, aquele festival de
propagandas de cerveja com gostosas na praia e os manos bebendo e
falando do Brasileirão — porque é isso que homem faz, afinal. Precisa
ser assim?
Não.
A Guiness fez um comercial incrível. Um grupo de amigos está jogando
basquete. Todos estão em cadeiras de rodas. Até que o jogo acaba e eles
se levantam das cadeiras — com exceção de um deles, o único realmente
cadeirante. Termina num pub. “Dedicação, lealdade, amizade. As escolhas
que fazemos”, narra o locutor. Está vendida a cerveja. E a Guiness é
preta, aliás.
Kiko Nogueira
No DCM
Um comentário:
A Schin não se emenda. Já tinham feito um comercial mostrando um homem invisível tentando estuprar uma mulher. Agora mais essa!
Perderam uma boa oportunidade de ficar calados!
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