Segundo ranking da ONU, país ocupa 79ª posição entre 187 países com
base em renda, educação e saúde; Brasil está na faixa de países de
desenvolvimento 'elevado': “O Brasil mostra uma melhora consistente da
condição de vida das pessoas nos últimos 30 anos. A nível global foi um
dos países que mais melhorou”, elogiou o argentino Jorge Chediek,
representante residente do Pnud e coordenador do sistema ONU no Brasil; o
índice de brasileiros em situação de pobreza multidimensional caiu
22,5% em seis anos.
Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil
O Brasil subiu no ranking mundial de desenvolvimento humano em 2013.
Segundo dados divulgados hoje (24) pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud), o país ficou em 79º lugar no Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) no ano passado, uma posição acima da
registrada em 2012. Apesar da melhora, o Brasil continua abaixo de
outros países latino-americanos como Chile, Argentina, Cuba e Uruguai.
Com IDH 0,744, o país registrou a mesma nota da Geórgia (república da
região do Cáucaso) e de Granada (país do Caribe). Pela metodologia das
Nações Unidas, o Brasil é considerado um país de alto desenvolvimento
humano por ter registrado nota acima de 0,7. O IDH varia de 0 a 1, grau
máximo de desenvolvimento. Em 2013, o indicador abrangeu 187 países.
A Noruega foi o país com maior IDH no ano passado, com índice de 0,944,
seguida de Austrália (0,933), Suíça (0,917) e Holanda (0,915). Em
relação aos países latino-americanos, os mais bem classificados foram
Chile (41º lugar, com nota 0,822), Cuba (44º, com nota 0,815) e
Argentina (49º, com nota 0,808), considerados com grau muito alto de
desenvolvimento humano por terem obtido nota acima de 0,8.
Na América Latina e Caribe, Uruguai (50º no ranking, com nota 0,790),
Barbados (59º, nota 0,776), Antígua e Barbuda (61º, nota 0,774),
Trinidad e Tobago (64º, nota 0,766), Panamá (65º, nota 0,765), Venezuela
(67º, nota 0,764), Costa Rica (68º, nota 0,763), México (71º, nota
0,756) e São Cristóvão e Nevis (73º, nota 0,750) também registraram IDH
mais alto que o Brasil.
Entre o Brics, grupo que reúne as cinco principais economias emergentes
do mundo, o Brasil registrou o segundo melhor IDH, atrás da Rússia (57º
lugar, nota 0,778). Com nota 0,719, a China ficou na 91ª posição. A
África do Sul ficou em 118º no ranking (nota 0,658); e a Índia, em 135º
(nota 0,586).
Apesar da melhoria de 2012 para 2013, o Brasil acumula queda de quatro
posições em relação a 2008, quando estava em 75º na lista geral. De
acordo com o Pnud, o IDH brasileiro melhorou em todos esses anos. No
entanto, quatro países – Irã, Azerbaijão, Sri Lanka e Turquia – tiveram
crescimento maior que o Brasil no período, resultando na perda de
posições.
Criado em 1980, o IDH mede o desenvolvimento humano por meio de três
componentes: expectativa de vida, educação e renda. Em 2013, o Brasil
registrou 73,9 anos de expectativa de vida, 7,2 anos de média de estudo,
15,2 anos de expectativa de estudo para as crianças que atualmente
entram na escola e renda nacional bruta per capita de US$ 14.275
ajustada pelo poder de compra.
O IDH do Brasil em 2013 subiu 36,4% em relação a 1980. Naquele ano, a
expectativa de vida correspondia a 62,7 anos, a média de estudo era de
2,6 anos, a expectativa de estudo somava 9,9 anos, e a renda per capita
totalizava US$ 9.154.
“O Brasil é um dos países que mais evoluíram no desenvolvimento humano
nos últimos 30 anos”, disse o representante residente do Pnud no Brasil,
Jorge Chediek. Ele destacou que as mudanças são estruturais e têm
ocorrido em todos os governos.
Por causa de mudanças na metodologia, a série histórica do IDH foi
revista. Pelo critério anterior, o Brasil tinha ficado em 85º em 2012.
Com a mudança de cálculo, o país subiu para a 80ª colocação no ano
retrasado.
Brasil reduziu em 22% pobreza em seis anos
O índice de brasileiros em situação de pobreza multidimensional caiu
22,5% em seis anos, revelou hoje (24) o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (Pnud). Segundo levantamento do órgão, a parcela da
população brasileira com privação de bens caiu de 4% para 3,1%, entre
2006 e 2012.
A fatia da população próxima à pobreza multidimensional caiu de 11,2%
para 7,4%. A proporção de pessoas em pobreza severa passou de 0,7% para
0,5% na mesma comparação.
Os números constam do Relatório de Desenvolvimento Humano de 2014. Além
de publicar oranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 187
países, o documento apresentou o Índice de Pobreza Multidimensional
(IPM) para 91 países. Foi divulgada também a comparação do IPM com anos
anteriores de 39 deles.
Diferentemente do IDH, que estima o grau de desenvolvimento com base na
expectativa de vida, na renda e na educação, o IPM usa critérios mais
abrangentes para avaliar o padrão de vida de um país. Esse índice leva
em conta indicadores de saúde (nutrição e mortalidade infantil),
educação (anos de estudo e taxa de matrícula) e a qualidade do domicílio
(gás de cozinha, banheiro, água, eletricidade, piso e bens duráveis).
Outra diferença está no uso de dados nacionais. O IDH é construído com
estatísticas do Banco Mundial, da Organização Mundial do Trabalho e da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco). O Índice de Pobreza Multidimensional, no caso do Brasil,
baseia-se na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo Andréa Bolzon, coordenadora do Atlas de Desenvolvimento Humano
no Brasil, o IPM não permite a comparação entre países por causa da
falta de padronização dos dados internacionais. “A melhor maneira de
comparar o Brasil é com ele mesmo. Os indicadores mostram que há uma
evolução significativa na redução da pobreza multidimensional.”
De acordo com ela, o principal objetivo do IPM é retratar a pobreza não
apenas em função da renda. Pelos padrões internacionais, a linha de
pobreza está fixada em US$ 1,25 por pessoa por dia. “O Índice
Multidimensional de Pobreza procura não captar apenas a renda, mas as
condições materiais de sobrevivência.”
Pelo critério tradicional de medição, o índice de pobreza no Brasil é
maior que a pobreza multidimensional. De acordo com o Pnud, 6,14% da
população brasileira ganhava menos que US$ 1,25 diários em 2012. No
México, ocorre o contrário. A pobreza multidimensional atingia 6% da
população, enquanto a pobreza com base na renda mínima afetava apenas
0,72% no mesmo ano. “O IPM, na verdade, reflete o modo de vida e a
estrutura de cada sociedade”, esclarece a coordenadora.
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