Oitenta
trabalhadores em destilaria da família Tolentino foram resgatados, em
2009, em área ao lado do aeroporto construído por Aécio.
Múcio
Guimarães Tolentino, 88 anos, é tio-avô de Aécio Neves. Ex-prefeito da
cidade de Cláudio, no interior de Minas Gerais, é dono da fazenda Santa
Isabel, que o governo mineiro, em 2010 – então sob a gestão do sobrinho
-, escolheu desapropriar uma parcela para construir um aeroporto a um
custo de R$ 14 milhões. Segundo a Folha de S.Paulo publicou, o acesso à pista, embora seja pública, é controlado pela família Tolentino.
O
caso revelado até agora pela “Folha” já demonstra que Cláudio pode ser
um grande problema para a campanha de Aécio Neves, mas a “ficha corrida”
da fazenda Santa Isabel e as relações entre os Tolentino e o
ex-governador do Estado trazem outros elementos, que rescendem a uma
mistura entre o público e o privado e remontam a tristes lembranças da
herança escravocrata que ajudou a consolidar relações de poder no estado
mineiro.
Apoio à família
Em 2005, a Destilaria Alpha, que tinha como representante legal Marcelo
de Campos Tolentino, contou com apoio direto do governador para reativar
sua atividade industrial de produção de álcool combustível. Consta do
Diário Oficial do Estado de Minas, em 28 de setembro de 2005, protocolo
de intenções entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas
Gerais e o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais com assinatura do
próprio governador Aécio Neves, que previa “viabilizar a reativação da
Alpha, de sua unidade industrial localizada no município de Cláudio
(MG), destinada à produção de álcool combustível hidratado”.
O documento previa a possibilidade de empréstimos à Destilaria Alpha. O
representante legal da empresa foi Marcelo de Campos Tolentino, que
embora com telefone e residência na capital Belo Horizonte, tem raízes
na cidade de Cláudio. O empresário já contribuiu com campanha eleitoral
de Aécio, tendo doado R$ 1 mil na sua primeira eleição para governador,
em 2002. Já Marina Tolentino ocupou o cargo de diretora financeira na
Alpha Destilaria.
Ministério flagra trabalho análogo à escravidão
Quatro
anos depois, a mesma empresa que fora reativada com a ajuda do
governador, foi flagrada com trabalhadores em situação análoga à
escravidão. Fiscalização do MTE resgatou 80 deles nas fazendas Santa
Isabel e Santo Antônio. A notícia, à época, não ganhou as manchetes dos
jornais.
Em
junho de 2013, a Alpha passou a figurar no cadastro de empregadores
flagrados com mão de obra análoga à de escravo, a chamada “lista suja”
do Ministério do Trabalho. Fazer parte dessa lista impede, por exemplo,
que empresas contratem empréstimos junto a bancos públicos federais ou
que possam fornecer produtos para mais de 400 empresas signatárias do
Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, com a Petrobras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário