quinta-feira, 24 de julho de 2014

ONU alerta para possíveis ‘crimes de guerra’ de Israel contra Gaza


Jornal GGN – Na esteira de mais mortes anunciadas na região da Palestina a ONU faz alertas. “Não somos números. Somos seres humanos”, disse Riyad Mansour, observador permanente da Palestina junto às Nações Unidas, em reunião do Conselho de Segurança do organismo internacional sobre as mortes em Gaza. Em resposta, o vice-representante de Israel na ONU, David Yitshak Roet, disse que o presidente palestino, Mahmoud Abbas, deveria “dissolver a unidade de governo” da Palestina.
 “Estes são os rostos humanos de nossas vítimas”, retrucou Mansour, mostrando fotos das crianças palestinas mortas e feridas no conflito.  Até quarta-feira, dia 23, eram mais de 160 crianças palestinas assassinadas e pelo menos 1.100 feridas, de acordo com a Unicef.
Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, por videoconferência, afirmou que um cessar-fogo é essencial, mas que o problema só será resolvido se houver o enfrentamento de questões mais profundas. Sem isso, sem resolver estas questões,  o problema só será postergado, alertou ele.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU fez uma reunião de emergência em Genebra sobre o tema. A chefe de direitos humanos da entidade, Navi Pillay, alertou para potenciais crimes de guerra e contra a humanidade que estão sendo cometidos em Gaza. A esmagadora maioria das mortes ocorreu na Palestina, incluindo tantas crianças.
Pillay fez esta afirmação durante o debate de emergência no Conselho, dizendo ainda que a ofensiva militar de Israel não havia feito o suficiente para proteger os civis, e também condenou o Hamas pelos “ataques indiscriminados” em Israel. “Uma série de incidentes, combinados com o elevado número de mortes de civis, contradiz as alegações de que todas as precauções necessárias estão sendo tomadas para proteger a vida de civis”, disse ela.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, reagiu com ferocidade às declarações de Pillay. “O HRC deveria lançar uma investigação sobre a decisão do [grupo radical islâmico] Hamas de transformar hospitais em centros de comando militar, usar escolar como depósito de armas e colocar lançadores de mísseis perto de playgrounds, residências e mesquitas”, criticou o premiê num comunicado.


Israel deu início a esta última ofensiva em 8 de julho, e usou como justificativa a necessidade de interromper o lançamento de foguetes a partir de Gaza. Mais de 100 mil pessoas já estão desabrigadas em Gaza, segundo informou a ONU.
 “Parece haver uma forte possibilidade de que o direito internacional tenha sido violado [por Israel], de forma que possam constituir crimes de guerra”, disse Pillay.
“Isso tem que parar. O UNICEF apela por um cessar-fogo imediato e uma solução durável para Gaza, de modo a pôr fim à perda sem sentido de jovens vidas”, disse a agência da ONU.
Líderes globais e regionais, incluindo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, estão na região para tentar um cessar-fogo.

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Madrugada sangrenta e a trégua humanitária
Ao menos 23 palestinos morreram na madrugada desta quinta-feira, no 17º dia de ofensiva israelense na Faixa de Gaza. O Ministério da Saúde palestino denunciou a morte de 718 pessoas e 4.553 feridos. Do lado de Israel, 32 soldados e 3 civis perderam a ávida. Surge agora, meio aos conflitos, rumores de uma possível trégua humanitária de cinco dias, feita pela autoridade Palestina à Israel .
Uma rádio israelense anunciou que diversos membros do gabinete de segurança do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmam que o país estaria disposto a aceitar uma trégua. Teriam dito estas fontes que o acordo precisaria de 48 a 72 horas para tomar forma.

Enquanto o acordo não é discutido e formatado, Israel continua sua ofensiva terrestre, tendo como alvos principais os túneis cavados pelos militantes do Hamas para cruzar a fronteira até o Estado judeu. O Exército Israelense anunciou a descoberta de 31 túneis de Gaza até o sul do país e que nove deles foram destruídos.  Segundo um membro do gabinete de ministros de Israel, o Exército continuaria a caça aos túneis mesmo durante uma possível trégua humanitária.
O Hamas resiste à idéia de um cessar-fogo antes de alcançar suas reivindicações. O líder do grupo, Khaled Mashaal, que tem por base Qatar, disse ontem que o Hamas “não irá aceitar nenhuma proposta de cessar-fogo que não envolva a suspensão do cerco ao nosso povo” em Gaza. “Nós somos a presa, não o predador”, declarou Mashaal, e acrescentou que o movimento não se deixará enganar por um cessar-fogo disfarçado de trégua humanitária, mas que não descarta sua necessidade.
O impacto em Gaza vai além do elevado número de mortes. Segundo fontes palestinas, pelo menos 475 casas foram totalmente destruídas pelos ataques israelenses, e outras 2.644 foram parcialmente danificadas. Sete hospitais, 46 escolas e 56 mesquitas também sofreram diversos níveis de destruição.
O Brasil e o conflito
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro soltou nota oficial nesta quarta-feira, dia 23, criticando o Estado de Israel pelo que chamou de “uso desproporcional da força na Faixa de Gaza”. Diz a nota que “o governo brasileiro considera inaceitável a escalada de violência entre Israel e Palestina”  e que vitimou tantos civis, incluído mulheres e crianças.
No comunicado o governo também reitera seu chamado a “um imediato cessar-fogo” e que, diante da gravidade da situação, o governo brasileiro votou a favor da resolução do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre o tema.
Dos 47 países-membros do Conselho, a resolução foi aprovada por 29 votos, enquanto 17 países se abstiveram. O único a votar contra foi os Estados Unidos, que considerou que o conteúdo da resolução “não é construtivo, mas destrutivo” e que não contribui para o fim das hostilidades.
A resolução condena a ofensiva militar de Israel em Gaza. E o Conselho de Direitos Humanos da ONU anunciou também a criação de uma comissão internacional para investigar “todas as violações” e julgar os responsáveis.
O Itamaraty, em sua nota, afirma que o embaixador do Brasil em Tel Aviv foi chamado a Brasília para consultas.
Com informações da ONU, Itamaraty, BBC e DW

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