Antonio Lassance - Carta Maior
O fracasso subiu à cabeça de Aécio Neves.
Depois de ter sido demitido de sua candidatura presidencial pelo
confiabilíssimo aliado Agripino Maia, o candidato tucano resolveu
reagir.
Sentado na presidência de seu país imaginário, já exonerou o ministro
Guido Mantega (disse que o Brasil já está sem ministro da Fazenda) e
nomeou para o cargo Armínio Fraga.
Se despencar ainda mais nas próximas pesquisas, vai acabar autoproclamando-se imperador do Brasil.
Sua candidatura esvai-se também com a ajuda daqueles a quem recomendou:
"suguem mais um pouquinho e depois venham para o nosso lado".
Seu sonho de tornar-se presidente é agora uma nuvem
de poeira.

Não lhe teria sido melhor renunciar, apoiar Marina e tentar ser aquele que fez a disputa ser decidida em primeiro turno?
Um abandono acarretaria uma desmoralização pessoal do candidato e de seu
partido - o que não seria a primeira e nem a última vez. Mas ficaria a
pecha de Aécio ter corrido da raia.
Apoio em segundo turno é apoio. Apoio em primeiro turno é adesão.
Aécio tenta, desesperadamente, manter intenções de voto suficientes para poder reservar
a si próprio algum poder de barganha em um eventual segundo turno.

Também importante é que uma série de acordos regionais e de fluxos do
financiamentos de campanhas em curso dependem da candidatura tucana,
mesmo que capenga.
Enfraquecido dentro do próprio PSDB, seu recuo estratégico agora
prioriza segurar-se em Minas Gerais, única maneira de ter algum naco de
influência dentro de seu próprio partido.
De todo modo, enquanto Aécio troveja valentia e dispara petardos contra
Dilma e Marina, o comando tucano, principalmente a ala paulista, já faz a
lista do que negociará com Marina em um segundo turno.
Dentre as coisas que o partido pretende levar em troca de seu apoio, uma
das primeiras é, certamente, o nome de Armínio Fraga para o Ministério
da Fazenda.
Fácil. É uma das exigências que Marina aceitaria de bom grado, com as bênçãos do Itaú/Unibanco.
(*) Antonio Lassance é cientista político.
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