Como já foi amplamente discutido por gente mais qualificada que eu, a
"bomba atômica" lançada pela mídia nesse fim de semana é mais uma bomba
comum que não deve causar maiores danos, talvez até nenhum, à
candidatura Dilma. A não ser que surjam detalhes maiores e melhores que
impliquem diretamente Dilma, improvável, a bomba causa mais danos a
Marina pelo envolvimento de Eduardo Campos num esquema de corrupção que é
provavelmente o motivo que não permite ao PSB sequer forjar uma mentira
aceitável para o jato sem dono. Ao contrário de Dilma, alvo de ataques
duríssimos desde 2010, Marina não parece ter jogo de cintura para se
defender com algo melhor que a vitimização e não pode contar com a
blindagem total que mantém Serra e Alckmin soltos com tudo que se sabe
sobre eles.
A melhor coisa que poderia acontecer a Dilma nos próximos dias é uma
pequena transferência de votos de Marina para Aécio, dando a ilusão de
que sua candidatura ainda está viva. Marina seria bombardeada como se
fosse uma petista pela mídia desesperada para levar Aécio ao segundo
turno.
E por que Aécio não poderia recuperar seus votos e disputar o segundo
turno? Em primeiro lugar porque nunca os teve: seu pico de intenção de
votos nessas pesquisas feitas por institutos que o apoiam foi de 21%,
número muito abaixo do necessário para levar a eleição para o segundo
turno. Aécio precisava que Eduardo Campos, agora Marina, crescesse
vários pontos, mas sem chegar muito perto dele. Nada indicava que sua
intenção de voto poderia subir muito na reta final e agora muito menos.
Aécio provou a seus eleitores que é um candidato fraco, com um passado
sujo e facilmente derrotável por Dilma. Quase impossível que essas
pessoas recuperem a confiança nessas condições. Somente uma mudança
total de cenário, com a demolição de Marina e a transferência quase
integral de seus votos para o tucano poderia reacender o entusiasmo em
sua candidatura. E aí cairíamos na situação anterior: é preciso que
Marina caia muito, mas retenha uma grande votação. Ninguém sabe como
fazer esse milagre e ninguém descobrirá como fazê-lo porque é
impossível.
Dizer que Dilma pode vencer no primeiro turno pode causar algum espanto
em quem vê as coisas da maneira como a mídia mostra, mas vejamos somente
uma das coisas raramente mencionadas: com 37% das intenções de voto
pensa-se que faltaria 13 pontos para uma vitória, mas os números das
pesquisas são sobre o eleitorado total e uma parcela imensa NUNCA vota.
Em 2010, numa eleição emocionante e disputada, 21,5% do eleitorado se
absteve de votar. 29,1 milhões de pessoas! Ignorando os votos em branco e
os nulos, temos que apenas 78,5% se dignaram a votar. 50% + 1 de 78,5% é
39,25% + 1, ou seja, Dilma pode ser eleita com apenas 2,25 pontos a
mais do que lhe deu o Ibope na última pesquisa.
Pesquisa nenhuma deve ser levada a sério, principalmente quando feita
por institutos que pertencem a uma parte em disputa, mas a soma de
inúmeras pesquisas feitas durante longo período de tempo mostra alguns
fatos inegáveis e o primeiro fato é que, aconteça o que acontecer, Dilma
terá no mínimo um terço dos votos. Não importam os candidatos e as
bombas atômicas, seus votos não caem abaixo disso de jeito nenhum. Pode
ser possível que Marina vença no primeiro turno, mas Dilma terá entre 33
e 37%, nada muda isso. Já de Marina e Aécio não se pode dizer isso de
forma alguma. O desmoronamento de Aécio com todos seus recursos mostrou
muito bem que só Dilma tem um eleitorado consolidado. Claro que tem
também um eleitorado que não votaria nela de jeito nenhum, mas esse povo
não é tão politizado assim: diante do desencanto com seu candidato, ou
com a "certeza" de derrota, a tendência é que a maioria vá à praia ou ao
campo e deixe de votar. Na verdade, esse eleitorado burro de direita
prefere o feriado prolongado que a tão esperada derrota do PT. A derrota
de Gabeira no Rio, atribuída ao feriado prolongado por muitos
analistas, ilustra bem o que os leitores da Veja e fãs do Jabor têm na
cabeça. Otimismo mantido.
P.S.: Chute numérico: Dilma dentre 39 e 42%, oposição entre 37 e 40%.
P.S.: Chute numérico: Dilma dentre 39 e 42%, oposição entre 37 e 40%.
Adendo ao Relatório de situação - 2
Antes que alguém pergunte: de onde vão surgir os 4 ou 5 pontos percentuais a mais para Dilma? Vou dar o exemplo de São Paulo:
O próprio Lula deu uma dica ao falar do absurdo inaceitável de pesquisas mostrarem Dilma com 23% no estado. Lula, Dilma e o PT são rejeitados em SP, mas não nessa escala; as próprias pesquisas que mostram a rejeição indicam que a aceitação é muito maior que 23 ou 25%. Mais do que pesquisas, eu acredito no resultado de eleições: em 2012 o PT ganhou sozinho ou em coligações a maioria das grandes cidades e várias médias e pequenas. Besteira dizer que a rejeição ao Haddad é de tantos por cento ou que TODOS os prefeitos do PT são horríveis, isso não existe e nunca existiu. Com o chamado de Lula aos governantes e candidatos petistas para que saiam às ruas e cacem os votos à laço, somado à aprovação de Dilma, dividido pela hipotenusa da rejeição ao PSDB e o cateto da rejeição crescente ao lero-lero de Marina, não tenho dúvida que pelo menos o nível histórico do PT no estado será alcançado, cerca de 35%.
Em outros estados e regiões a situação é diferente, mas basicamente é Lula e o tempo na TV, além do esforço da militância com medo da derrota, que vai elevar a intenção de voto nessa escala realista. Nenhum fato novo é necessário, só esforço.
O próprio Lula deu uma dica ao falar do absurdo inaceitável de pesquisas mostrarem Dilma com 23% no estado. Lula, Dilma e o PT são rejeitados em SP, mas não nessa escala; as próprias pesquisas que mostram a rejeição indicam que a aceitação é muito maior que 23 ou 25%. Mais do que pesquisas, eu acredito no resultado de eleições: em 2012 o PT ganhou sozinho ou em coligações a maioria das grandes cidades e várias médias e pequenas. Besteira dizer que a rejeição ao Haddad é de tantos por cento ou que TODOS os prefeitos do PT são horríveis, isso não existe e nunca existiu. Com o chamado de Lula aos governantes e candidatos petistas para que saiam às ruas e cacem os votos à laço, somado à aprovação de Dilma, dividido pela hipotenusa da rejeição ao PSDB e o cateto da rejeição crescente ao lero-lero de Marina, não tenho dúvida que pelo menos o nível histórico do PT no estado será alcançado, cerca de 35%.
Em outros estados e regiões a situação é diferente, mas basicamente é Lula e o tempo na TV, além do esforço da militância com medo da derrota, que vai elevar a intenção de voto nessa escala realista. Nenhum fato novo é necessário, só esforço.
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