28 de outubro de 2014 | 20:57 Autor: Fernando Brito
Em meio à nossa luta renhida aqui, pouca atenção demos aos nossos irmãos de América Latina que, junto conosco, estavam e estão lutando contra o destino da exclusão, da segregação e do atraso.
Mas enquanto pelejávamos aqui, o índio Evo Morales, um pequeno gigante, venceu as eleições na Bolívia e a Frente Ampla uruguaia fez maioria parlamentar e ficou a apenas 2,1% da maioria absoluta com Tabaré Vasquez, que deverá alcançá-la no segundo turno sem maiores dificuldades.
A vitória de Dilma, importantíssima para eles, mais importante ainda é para o papel do Brasil como país que se afirma mundialmente.
Enquanto os medíocres, bobalhões, ficam com essa cantilena do investimento em Cuba – imagine se os americanos iriam sugerir que seu governo não tivesse interesses econômicos pelo mundo e só investisse nos cafundós do Arkansas? – nosso país vai confirmando aquilo que é e foi – agora para para o bem, como antes para o mal: o líder da América Latina.
Essa condição não é meramente ideológica, é geopolítica. Nos tempos da guerra fria, do “perigo comunista” – ô gente velha esta da direita coxinha! – a doutrina americanófila não dizia que “para onde pender o Brasil, pende a América Latina?
Vocês repararam que a direita brasileira não deu uma palavra contra a articulação dos Brics, que é o mais importante movimento de contestação ao mundo unipolar de hoje?
Deu, sim, e muitas, contra o Mercosul, que entrou aí como símbolo de nossa articulação continental – atacando a integração econômica do continente. Aliás, foram fartos nisso e na exploração abjeta de uma suposta tolerância com o tal “Estado Islâmico”, que é outra monstruosa excrescência da política de sabotagem americana no Oriente Médio, como antes foram a Al-Qaeda e Osama Bin Laden.
É porque sabe que os Brics são um pólo de poder mundial, do qual o Brasil faz parte essencial porque é o que é entre o que é está se o líder da América Latina.
É nosso caminho para o protagonismo geo-político-econômico que estamos fadados a assumir neste século 21.
Loucura? Lembrem-se que a China, há um século, era para o mundo um entreposto de ópio.
A mente colonizada é incapaz de ver isso, embora a nata desta elite o veja, mas o troca por um projeto que mais lhe rende, o da capatazia colonial.
Os líderes norte-americanos, desde Thomas Jefferson, jamais abriram mão da afirmação mundial de seu país e, nela, sempre entenderam o continente americano como plataforma de seu protagonismo, expresso daquele tantas vezes maldito “A América para os (norte) americanos”.
Claro que não queremos ser líderes do atraso, da opressão, da dominação dos povos, como tantas vezes eles fizeram.
Mas somos o líder que podemos ser por tamanho, por potencial e até por generosidade e solidariedade, reconhecido por todos.
A eleição de Dilma, com o caminho que Lula abriu para isso, não é apenas uma vitória do Brasil para si mesmo.
É uma vitória do Brasil no mundo, onde não somos e não estamos destinados a ser um imenso anão servil.
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