Autor: Fernando Brito
Será que alguma hora, certas pessoas vão se dar conta ao papel ridículo a que estão sendo levadas?
Será que é possível que uma pessoa que vive numa das mais belas paisagens do mundo, num bairro onde não falta nada – nem mesmo segurança, porque dentro das precariedades do Brasil e do Rio de Janeiro, ela ali é das melhores – que tem escolas, empregadas, babás para seus filhos, que vive num padrão semelhante aos das melhores cidades dos EUA ou a Europa, se digam oprimidas, reprimidas, perseguidas?
Sinceramente, não lhes tenho ódio, nem quero que se vão embora daqui.
Tenho amigos queridos que votaram no Aécio e não deixam de ser queridos e amigos por isso, até porque aceitam os resultados e a vontade da maioria, que não os oprime.
Em plena ditadura, éramos muito mais fraternos… O colega mais “bem-de-vida” dos tempos de faculdade, o saudoso Robertão, tinha um sobrenome aristocrático, um Puma e um barraco no Morro do Salgueiro, devidamente decorado com um escudo do Botafogo, sua paixão…
Vivemos tempos de intolerância, agora e é direito do povo brasileiro saber que sentimentos se está provocando em alguns grupos que perderam completamente a capacidade de olharem para si mesmos e se considerarem seres humanos especiais, enquanto o resto do país é desprezível.
Nem eles sabem, mas é um transtorno mental assim que serve de incubadora do ovo da serpente do totalitarismo.
Infelizmente, a direita brasileira deu ao nosso país milhares e milhares de pessoas assim, incapazes de ver nos pobres não as vítimas de um modelo econômico, mas os culpados por se pretenderem tão seres humanos e tão cidadãos quanto eles.
Imaginem se os mais pobres os odiassem assim como eles odeiam?
É verdade que estes núcleos sempre existiram, mas se multiplicaram e desde junho passado, foram legitimados para xingar, agredir e serem intolerantes.
Isso faz mal ao convívio humano e a única forma de reduzi-los aos grupinhos que sempre foram é não lhes responder com mais ódio.
O ódio é tratar o diferente como inimigo e acabar com a capacidade de convívio.
Peço, portanto, que leiam sem ódio a reportagem de Lucas Vetorazzo, na Folha.
Sem ódio e com a piedade que merecem seres humanos transtornados.
É isso o que precisamos desafazer, embora não reste muita esperança de que gente que chegou a este ponto venha a retomar a razão com rapidez.
As calçadas e os bares do Leblon já foram frequentados por gente, como o Tom Jobim, que amava a paz, o mundo, as pessoas.
Terão virado terra de selvagens?
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